Além do aperto nos estoques, clima adverso em cafezais do Brasil deixam investidores preocupados
O preço do café se manteve em patamares elevados na bolsa de Nova York, mesmo após se valorizar mais de 3% na véspera, com preocupações com a oferta dando sustentação às cotações. Nesta quarta-feira (20/8), os papéis do arábica para dezembro avançaram 1,26%, cotados a US$ 3,5345 a libra-peso.
De acordo com Laleska Moda, analista da Hedgepoint Global Markets, após a finalização das colheitas em países como Colômbia e Indonésia, o sentimento de aperto nos estoques aumentou. Além disso, os receios com a produção no Brasil – maior exportador de arábica do mundo – aumentaram após a ocorrência de geadas em algumas áreas produtoras.
“De forma geral, o mercado vê essa geada menos intensa em relação ao fenômeno de 2021. Ainda assim, esse episódio traz incerteza para a safra no Brasil em 2026/27. Há muita expectativa de que o país finalmente tenha uma safra boa para proporcionar uma recuperação dos estoques. Mas esses eventos de clima levantam dúvidas, embora ainda não tivemos nenhuma florada significativa”, diz Laleska.
O tarifaço dos EUA sobre as exportações de produtos brasileiros também tem impactos para as cotações do café em Nova York, lembra a analista.
“As tarifas trouxeram algo inesperado e mexeram com os preços, já que os EUA consomem 24 milhões de sacas por ano. As sobretaxas travaram as negociações do Brasil com os EUA. Ainda há esperança de que essa medida vá cair em algum momento, mas, por enquanto, o comércio de café [com os EUA] está travado”, observa Moda.
Cacau
O clima para a nova safra de cacau 2025/26 vai direcionando o mercado da amêndoa na bolsa de Nova York. Na sessão de hoje, os contratos que vencem em dezembro fecharam em forte queda, de 3,95%, a US$ 7.855 a tonelada.
Na Costa do Marfim – principal produtor de cacau do mundo – as chuvas registradas na última semana favorecem o otimismo com a colheita da região no ciclo 2025/26, que se inicia em outubro, segundo informações do site Mercado do Cacau.
A publicação ressalta que o país está na sua estação mais chuvosa, que vai de abril a meados de novembro. De acordo com agricultores locais, a umidade do solo está adequada, permitindo o fortalecimento das plantações. A temperatura média semanal variou entre 23,9°C e 26,6°C, dentro de uma faixa considerada favorável ao desenvolvimento da lavoura.
Açúcar
O açúcar fechou com preços em alta na bolsa de Nova York. Os papéis para outubro avançaram 1,59%, cotados a 16,57 centavos de dólar a libra-peso (Globo Rural)