O ano das recuperações judiciais no agronegócio: Crise ou desequilíbrio?

2025 ficou marcado por uma escalada considerável nos pedidos de recuperação judicial no agronegócio brasileiro.   

Os bancos, em sua maioria, veem um uso inadequado do instrumento e citam a existência de uma “indústria da recuperação judicial” — é o caso do Santander. As instituições defendem que muitos dos pedidos de RJ poderiam ser evitados com uma conversa entre produtores rurais e credores. 

Alguns bancos se manifestaram de forma ainda mais dura, como o caso do vice-presidente de controles internos e gestão de risco do Banco do Brasil , Felipe Prince, que ameaçou suspender novos empréstimos a produtores que entrarem com pedido de recuperação judicial. 

Fato é que, segundo os últimos dados da Serasa Experian, os pedidos de RJ apresentaram um aumento de 32% no segundo trimestre de 2025.  

Por dentro dos pedidos de recuperação judicial

Na visão do sócio diretor da Cogo Inteligência em Agronegócio, Carlos Cogo, os pedidos cresceram, sim, mas é preciso contextualizar.  

“Mesmo com esse aumento, elas representam apenas 0,004% dos contratos de crédito. É muito pouco para falar em crise generalizada. São 600 RJs num universo de 5 milhões de fazendas”, disse ele, ao Money Times.  

Quanto à inadimplência, Cogo reforça que ela cresce de forma concentrada em grupos específicos da população rural, em especial os arrendatários. “Ao contrário do que alguns imaginam, a inadimplência rural não explodiu de forma uniforme”. 

Cogo salienta que há um perfil claro nos pedidos, que são:  

  • Predominância em estados como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás; 
  • Grandes propriedades; 
  • Grupos familiares com muitos arrendamentos; 
  • Contratos feitos em época de commodities valorizadas. 

“É um modelo de negócio que talvez já tenha nascido comprometido. Muitos entraram no mercado numa época de valor de commodities mais elevado e enfrentam margens mais apertadas. Muitos fizeram contratos de arrendamento que já não comportam a realidade atual. Não vejo crise. Nós estamos passando por um aperto de margem que está ligado ao baixo preço das commodities agrícolas”.  

Entre 2026 e 2027, o analista de commodities espera uma recuperação nas margens para soja e milho, mas nada expressivo.  

“As margens vão se manter apertadas nesses próximos anos. O jogo não muda muito. Com exceção do milho, o mundo trabalha com estoques elevados para commodities e não vai ser de uma temporada para outra que esse equilíbrio virá”.  

Para o próximo ano, o foco, segundo ele, deve ser dedicar os esforços para produtividade, manejo e controle de custos. “O hedge, a proteção de preços, já deveria ter sido feita ao longo do ano. Talvez a gente deixe de ter prêmios positivos em 2026 porque a China deve voltar a comprar dos EUA. Para 2026, a estratégia é mitigar prejuízos e focar em eficiência” (Money Times)

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