Por Paulo Junqueira
Febeapá – O Festival de Besteira que Assola o País é o título de um livro escrito na década de 60 por Sérgio Marcus Rangel Porto, mais conhecido pelo pseudônimo Stanislaw Ponte Preta, um cronista, escritor, radialista, comentarista, teatrólogo, jornalista, humorista e compositor brasileiro. Estivesse vivo, certamente escolheria Lula & seu entorno para conceder-lhes todos os prêmios de honra ao mérito pelas besteiras que enunciam dia sim e outro dia também.
Pena que os grandes comediantes brasileiros tenham feito o “L” nas últimas eleições e não possam exercer a plenitude de sua criatividade por estarem amarrado$ em bene$$e$ concedidas pelo sistema. Humorismo à parte, nas últimas horas tivemos declarações públicas do presidente Lula que beiram os limites da ignorância, da insanidade e da irresponsabilidade. Mais uma vez ele tenta explicar a sua incompetência com o seu séquito de 39 “ministros” para tentar justificar a crise que estão impondo aos brasileiros.
A saúde, educação, segurança pública, meio ambiente, falta de investimentos em infraestrutura, os juros mais altos do planeta e que continuarão altos com o Banco Central formado por indicados por “elle”, enfim, pouco se salva. A exceção é o agro “verde-amarelo” que já exerce a liderança nas exportações globais de pelo menos sete alimentos, segundo relatório distribuído a clientes nesta segunda-feira (4) pelo BTG Pactual, que chama o país de “celeiro do planeta”.
De acordo com o levantamento do banco, o Brasil se tornou maior exportador mundial de soja (56% das exportações totais), milho (31%), café (27%), açúcar (44%), suco de laranja (76%), carne bovina (24%) e carne de frango (33%). Além disso, é vice-líder nas vendas de outras duas commodities: etanol e algodão.
Com pouco mais de 200 milhões de habitantes, o Brasil hoje produz alimentos suficientes para as necessidades calóricas de aproximadamente 900 milhões de pessoas, o que equivale a 11% da população global.
O relatório cita uma série de números para mostrar o “milagre da agricultura tropical” brasileira. A produção de grãos, por exemplo, subiu de 47 milhões de toneladas em 1977 para as 312 milhões de toneladas atuais. A produtividade agrícola aumentou 58% desde o ano 2000 — no mesmo período o crescimento foi de 37% nos países emergentes e de 32% nas economias avançadas.
Tudo isto, que foi construído com muito sacrifício por várias gerações, não é reconhecido e nem respeitado pela turma que se encastelou nos Palácios de Brasília. Nas últimas horas a mídia abriu generoso espaço para a divulgação de iniciativas inconsistentes e inviáveis para resolver o problema do aumento dos preços dos alimentos. Até mesmo o vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin, ex-governador de São Paulo, se dispôs a fazer o papel de antagonista dos produtores rurais, que antes de se aliar a Lula e a turma do PT e PSOL, sempre o apoiaram em todas as suas campanhas políticas.
Todas as soluções e até mesmo as ameaças de “medidas drásticas” para reduzir os preços dos alimentos não se sustentam e denotam ignorância – ou má fé? – como mostram os números publicados nas últimas horas pela mídia séria mundial:
- Os preços mundiais dos alimentos subiram em fevereiro, pressionados pelo aumento dos açúcares (aumento de 6,6% no mês), laticínios (aumento de 4%) e óleos vegetais, mostram dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). O índice da entidade — que monitora os preços globais de uma cesta de alimentos básicos — teve uma média de 127,1 pontos em fevereiro, um aumento de 1,6% em relação a janeiro.
- O indicador ficou 8,2% acima do registrado em fevereiro de 2024 e pouco menos de 21% abaixo de sua máxima histórica, atingida em março de 2022, logo após o início da invasão russa à Ucrânia.
- Em fevereiro, os preços do óleo vegetal subiram 2% em relação ao mês anterior. Segundo a FAO, esse aumento reflete principalmente os preços mais altos dos óleos de palma, canela, soja e girassol.
- Efeitos climáticos adversos, que impactaram várias culturas agrícolas importantes para a safra brasileira, fizeram com que o Produto Interno Bruto (PIB) da agropecuária caísse 3,2% em 2024 em relação a 2023. Trata-se da mais intensa queda desde 2016 (-5,2%), mostram os dados divulgados nesta sexta-feira (7/3) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O recuo ocorreu após uma alta de 16,3% em 2023.
- De acordo com o IBGE, as principais quedas no PIB agropecuário foram registradas na laranja (-21,1), milho (-12,5%) e soja (-4,6%). Já algodão e arroz tiveram altas no ano – 14,6% e 3%, respectivamente.
- Exportações globais de café recuam 13,29% em janeiro, aponta OIC. No acumulado da safra, houve redução de 4,93% nos embarques.
- Os valores do arroz em casca no Rio Grande do Sul estão nos menores patamares nominais desde agosto de 2023, informa o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq/USP.
- Em fevereiro, o indicador Cepea/Irga-RS acumulou recuo de 10,6%, com média de R$ 95,70 a saca de 50 quilos, 4% inferior à de janeiro e expressivos 15,2% menor que a de fevereiro de 2024.
- 60% foi a queda da produtividade no 2º semestre da cana-de-açúcar no Estado de São Paulo pela seca e incêndios criminosos.
- A gripe aviária atinge duramente os Estados Unidos que em janeiro abateram 20 milhões de aves (O abate desde 2022 chegou a 159 milhões).
- Na União Europeia, nos últimos 3 anos foram abatidas 200 milhões de aves.
- No Japão foram abatidos em janeiro 5 milhões de aves contra 10 milhões de abates em 2024
Historicamente nesta época do período religioso da quaresma, a produção de ovos têm índices altos de queda. O abate de plantéis de aves pela gripe aviária -no mundo todo – exceção no Brasil! – vem provocando a alta descontrolada dos preços globais dos ovos.
Há tempos que Lula vem escorregando na verborragia e, a cada escorregão seus índices de popularidade desabam. No curto espaço de tempo poderemos avaliar o quanto as medidas que estão sendo ensaiadas e ameaçadas no Palácio do Planalto abalarão a nossa economia, não resolverão problema algum e trarão fissuras ainda maiores na relação dos produtores rurais com o desgoverno federal (Paulo Junqueira, advogado e produtor rural é presidente do Sindicato e da Associação Rural de Ribeirão Preto e da Assovale – Associação Rural Vale do Rio Pardo)