Formado por mais de 70 produtores de Mato Grosso, Canivete Pool tem como objetivo desfazer mitos e estimular o consumo de carne entre os brasileiros
São Paulo, setembro de 2025 – Uma pesquisa recente divulgada pela Sociedade Vegetariana Brasileira em parceria com o Datafolha sugere que 7% dos brasileiros se consideram veganos. Afirma, ainda, que 74% dos entrevistados cogitaram reduzir o consumo de carne por questões de saúde – um dado que reflete a desinformação por parte da sociedade, uma vez que o consumo de carne é benéfico à saúde.
Notícias deste tipo, publicadas com regularidade pelos grandes veículos de mídia, apenas reforçam mitos que há tempos se repetem, mas sem qualquer embasamento científico. O cenário atual acendeu um alerta entre especialistas em nutrição e produtores rurais comprometidos com a informação técnica, que lançaram no mês de maio o Movimento “A carne do futuro é animal”.
Liderado por pecuaristas do Canivete Pool, um coletivo que reúne 74 produtores em 27 municípios de Mato Grosso, o Movimento tem como objetivo informar a sociedade sobre os benefícios da carne para a saúde e o meio ambiente, além de sua importância social – alguém duvida que o churrasco é a “desculpa perfeita” para reunir a família e os amigos?
“O que está em jogo é a saúde pública. Reduzir o debate sobre alimentação a slogans ou pesquisas que estimulam a culpa no consumo de carne é desonesto e perigoso. A carne não é vilã. É um alimento essencial, com alto valor biológico, e ainda insubstituível em muitos aspectos nutricionais”, afirma o médico Juan Pablo Roig Albuquerque, especialista em psiquiatria metabólica e membro do movimento A carne do futuro é animal.
Para ele, existe um esforço sistemático em desvalorizar a carne e transformar o consumo em uma questão de culpa, ignorando décadas de evolução biológica e evidência clínica, já que o consumo regular de carne e gordura está diretamente relacionado à melhora de quadros como depressão, obesidade, distúrbios metabólicos e até transtornos autoimunes.
“Sem carne, não há como garantir um bom aporte de ferro, B12, creatina, carnitina e outros nutrientes essenciais”, explica. O especialista também alerta que pacientes veganos que não fazem suplementação adequada frequentemente apresentam sintomas como anemia, fadiga crônica e perda de desempenho cognitivo.
Para o movimento, a diversidade alimentar é válida, mas sem orientação médica e suplementação rigorosa, dietas restritivas podem comprometer a saúde, especialmente na infância. “Vitaminas como B12, ferro-heme, ômega 3 e tipos biodisponíveis de vitamina A são praticamente exclusivos dos alimentos de origem animal. Isso tem impacto direto no desenvolvimento neurológico e cognitivo”, afirma.
No campo, os números sustentam a mensagem.
Em um mapeamento feito entre os produtores membros do Canivete Pool foi possível identificar uma evolução em termos de produtividade muito acima da média nacional, além de um balanço de carbono até quatro vezes menor. As propriedades são monitoradas individualmente, com medição das emissões e estratégias de bem-estar animal. Algumas fazendas já exportam sob demanda, com garantia de qualidade do pasto ao prato. No Brasil, já temos o melhor modelo: o pasto regenerativo, de ciclo completo e com rastreabilidade.
Sobre a carne de laboratório, o posicionamento também é claro, pois trata-se de uma promessa ainda distante e, sobretudo, menos sustentável do que se imagina, pois a pegada de carbono do produto artificial é maior, o processo é intensivo em energia, e o valor nutricional ainda é impreciso. Isso sem falar do sabor, ainda muito distante da carne de verdade.