O tarifaço de Donald Trump mostrou seus efeitos sobre a balança do agronegócio em agosto. Pelo menos sobre dois produtos de grande expressão nas exportações do Brasil para os Estados Unidos: café e carne bovina.
Devido à importância dos americanos nas importações de café brasileiro, os efeitos da tarifa sobre a bebida ficaram mais evidentes do que os da carne bovina, que vem buscando mercados alternativos.
Segundo os dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior) desta quinta-feira (4), as exportações de café para os Estados Unidos recuaram para 18,1 mil toneladas no mês passado, o menor volume do ano. Os americanos vêm diminuindo as compras do produto brasileiro desde maio, quando haviam adquirido 28,4 mil toneladas.
As exportações totais de café do país recuaram para US$ 887 milhões em agosto, após ter registrado US$ 1,05 bilhão em julho. No acumulado de janeiro a agosto, as vendas já rendem US$ 9,2 bilhões, e somam 1,42 milhão de toneladas. O preço médio do produto exportado pelo Brasil recuou para US$ 6.180 por tonelada no mês passado, 5% a menos do que em julho, segundo os dados da Secex.
Os Estados Unidos também reduziram as compras de carne bovina do Brasil, mas, mesmo assim, o setor aumentou o total das vendas externas diárias em agosto. Em média, a indústria colocou 12,8 mil toneladas de carne no exterior por dia útil, um volume 6% acima do de julho. E os preços também ficaram mais favoráveis, subindo para US$ 5.601 por tonelada, uma alta de 1% no mês.
Em agosto, o setor colocou um total de 295 mil toneladas de carne bovina no mercado externo, com receitas de US$ 1,6 bilhão. Os Estados Unidos, segundo principal comprador antes do tarifaço, caíram para quinto lugar no ranking de importadores do Brasil. A China mantém a liderança, com 158 mil toneladas, seguida de México, Rússia e Chile. Os americanos compraram 9.350, com queda de 49% em relação ao volume de julho.
Considerando os principais produtos da balança comercial do agronegócio, as exportações renderam US$ 14,4 bilhões em agosto, abaixo dos US$ 15,5 bilhões de julho. No acumulado de janeiro a agosto são US$ 113 bilhões.
As exportações de soja, a líder na balança do agronegócio, perderam forças. As vendas recuaram para 9,4 milhões de toneladas, o menor volume desde maio. Já o milho ganha espaço, com as vendas subindo para 6,8 milhões no mês passado, 182% a mais do que em julho.
O grande destaque da balança comercial são as carnes. As exportações de suínos, bovinos e de frango atingiram o recorde de US$ 18,9 bilhões no ano, 19% a mais do que em 2024. Só a carne bovina rendeu US$ 10,4 bilhões até agosto; a de frango esteve em US$ 6,3 bilhões, e a de suínos, em US$ 959 milhões.
O volume colocado no mercado externo dessas três proteínas sobe para 6,3 milhões de toneladas, 5% a mais do que em igual período de 2024, conforme os números da Secex.
Soja, com receitas de US$ 35 bilhões, carne, café, açúcar e celulose, esta última com US$ 6,9 bilhões, lideram as exportações brasileiras do agronegócio neste ano. A China vem em primeiro lugar nas compras, seguida por Estados Unidos, Holanda, Espanha, Itália e Vietnã (Folha)