Raça genuinamente brasileira e originada em Minas Gerais é patrimônio cultural equestre do país e movimenta R$ 9 bilhões por ano, com crescente valorização no mercado nacional e internacional
Genuinamente brasileiro, com origem mineira, o cavalo Mangalarga Marchador consolidou-se como a maior raça da América Latina e um dos símbolos mais expressivos da cultura equestre do país. Com um plantel de cerca de 700 mil animais registrados, a raça se transformou em um mercado em plena expansão, que movimenta aproximadamente R$ 9 bilhões por ano, segundo a Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Mangalarga Marchador (ABCCMM). Esse protagonismo econômico soma-se ao seu reconhecimento legal, já que em 2019 o Congresso Nacional declarou o Marchador patrimônio cultural equestre do Brasil.
Mais do que números, o Mangalarga Marchador tem atraído novos públicos e despertado interesse em diferentes gerações. Seja pela marcha macia e confortável, seja pelo temperamento dócil, a raça se firmou como preferida em cavalgadas, esportes equestres, leilões e exposições. O crescimento se estende também ao cenário internacional, com núcleos de criadores nos Estados Unidos e na Europa, o que amplia a visibilidade da raça e reforça o potencial de exportação.
Para o criador e especialista na raça, Daniel Siriema, ex-presidente da ABCCMM, o momento é decisivo para consolidar ainda mais o valor do Mangalarga Marchador. “O Marchador representa a força da tradição e a inovação do agronegócio. É um cavalo que conquistou o campo e agora abre espaço nas cidades, em esportes, eventos e até no lazer das famílias. Isso mostra a versatilidade da raça e a sua capacidade de dialogar com diferentes públicos, do pequeno criador ao investidor internacional”, afirma.
O impacto econômico é sentido em toda a cadeia. Além da criação e comercialização de animais, o Mangalarga Marchador movimenta segmentos de turismo rural, hotelaria, transportes e a indústria de insumos veterinários. Os leilões, por exemplo, registram cifras milionárias e atraem investidores que veem na raça não apenas paixão, mas também oportunidade de negócios.
Ao mesmo tempo, a cultura do cavalo segue presente em eventos de grande porte, como a Exposição Nacional em Belo Horizonte, considerada a maior do mundo dedicada a uma única raça. “O Marchador é mais do que um cavalo, é parte da identidade brasileira. Ele está presente nas nossas músicas, nas nossas festas e na memória afetiva de quem vive o campo. Preservar essa tradição é fundamental, mas também precisamos olhar para o futuro, investindo em genética, tecnologia e expansão internacional”, reforça Siriema.
O desafio, segundo Siriema, é manter o equilíbrio entre tradição e modernidade. De um lado, a valorização da cultura e da história do Mangalarga Marchador como raça que acompanhou a formação do Brasil rural; de outro, a necessidade de investir em ciência, profissionalização, modernização dos sistemas da ABCCMM e internacionalização para garantir competitividade em um mercado cada vez mais globalizado.
Nesse cenário, o Mangalarga Marchador projeta-se não apenas como uma paixão nacional, mas como um ativo estratégico do agronegócio brasileiro. “Estamos em um momento de expansão e amadurecimento. O futuro do Marchador depende da nossa capacidade de manter o desenvolvimento da raça, com responsabilidade e visão de longo prazo. Tenho certeza de que, com união e profissionalismo, viveremos um futuro ainda mais promissor, com mais relevância e reconhecimento para o nosso cavalo”, conclui Siriema.