Lula cobra ministro em evento do MST; evita sinais sobre eventual demissão

Sem-terra afirmam que Paulo Teixeira não está à altura dos desafios do cargo e pedem sua demissão pelo presidente.

O presidente Lula (PT) cobrou nesta quinta-feira (29/5) o ministro Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) durante ato no Paraná ligado ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).

“A máquina pública é preparada para dizer ‘não’, quando seria pelo menos mais decente dizer ‘vamos tentar fazer’, seria muito mais fácil e muito mais respeitoso. E é isso, Paulinho, que eu quero que a gente faça no Ministério do Desenvolvimento Agrário”, disse Lula.

Como mostrou a Folha, líderes do MST afirmam que o ministro revelou ao longo de dois anos e quase seis meses de governo que não está à altura dos desafios do cargo e pedem sua demissão por Lula.

“Reforma agrária precisa de dinheiro e nós ganhamos a Presidência da República, mas temos minoria no Congresso Nacional. E o Congresso Nacional se apropriou de parte do orçamento. Nós temos que libertar o orçamento para que ele volte para as políticas públicas. Volte para reforma agrária”, disse Teixeira.

Antes da “bronca” em Teixeira, Lula também culpou o governo anterior e disse que pegou “um país destruído”.

“Quando eu tomei posse, a primeira coisa que disse ao Paulo Teixeira foi que um jeito de a gente evitar violência no campo seria a gente preparar uma prateleira de todas as terras disponibilizadas neste país, seja terra em litígio ou da União. E isso foi feito. Demorou um pouco porque o Incra estava totalmente desorganizado.”

Na sequência, Lula mencionou o ministro Fernando Haddad (Fazenda), que enfrenta uma crise em meio ao aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).

“O ministro Haddad sabe como nós encontramos a Fazenda. País era administrado da forma mais irresponsável possível. E, para consertar isso, leva tempo”, disse o presidente.

Lula visitou nesta quinta-feira a comunidade Maila Sabrina, ligada ao MST, na divisa entre os municípios de Ortigueira e Faxinal, para oficializar a criação de um assentamento para cerca de 450 famílias.

A medida consolida um acordo judicial que encerrou uma disputa de 22 anos pela área de cerca de 10 mil hectares da antiga Fazenda Brasileira. O acordo foi firmado em março deste ano após dois anos de mediação pela Comissão de Soluções Fundiárias do Tribunal de Justiça do Paraná.

Segundo o governo federal, a negociação com os proprietários envolveu uma indenização de R$ 340,7 milhões e a extinção das ações de reintegração de posse. Com o acordo, o imóvel será incorporado ao Programa Nacional de Reforma Agrária.

Antes da ocupação pelo MST, iniciada em 2003, a Fazenda Brasileira era usada para criação de búfalos e estava, segundo o movimento, em “estado de degradação ambiental intenso”.

A comunidade foi renomeada Maila Sabrina em 2006, em homenagem a uma criança que morreu no acampamento vítima de doença crônica.

Atualmente, o assentamento tem produção agrícola diversificada, com cultivo de grãos, hortaliças, verduras e frutas. A infraestrutura local inclui escola, unidade de saúde e espaços comunitários, construídos com apoio das prefeituras.

A visita de Lula ao local estava inicialmente prevista para o final de abril, mas acabou adiada em função da viagem do presidente ao funeral do papa Francisco.

No evento desta quinta, Lula se emocionou quando Jocelda Oliveira, da direção da comunidade, puxou um “bom dia, boa tarde, boa noite, presidente Lula”, que também eram entoados pelos apoiadores do presidente na época da prisão do petista, em Curitiba.

Integrantes da comunidade fizeram parte da “Vigília Lula Livre”, como era chamado o acampamento montado pelos apoiadores ao lado da carceragem da PF. Jocelda disse que Lula “representa esperança” e que “nós vamos eleger o senhor em 2026”.

A ministra Gleisi Hoffmann (PT), que tem base eleitoral no Paraná, também mencionou o episódio em seu discurso.

“No momento mais difícil nosso, as pessoas aqui se revezavam para ir a Curitiba”, disse ela. “Aqui o senhor teve 100% dos votos. O seu eleitorado está aqui e é este pessoal que vai reconduzi-lo de novo”, continuou.

No final do seu discurso, Lula voltou a se emocionar ao falar da época da prisão, da troca de cartas com primeira-dama, Rosângela Silva, a Janja, e agradeceu a plateia.

“Se eu tivesse acesso a todo ouro do mundo, ainda assim eu não poderia pagar a gratidão que eu tenho a vocês pelo que vocês fizeram em Curitiba. Porque vocês não sabem o que é está preso e, durante 580 dias, com chuva ou com sol, eu ouvia ‘bom dia, boa tarde e boa noite’, de domingo a domingo. Não tem nada que tenha acontecido no mundo igual aquilo. Não há dinheiro que pague”, disse Lula.

Não havia representantes do governo do Paraná no ato desta quinta, que reuniu prefeitos, deputados e ministros no palco. O governador Ratinho Junior (PSD) está em viagem, na França, e o governador em exercício Darci Piana cumpria agenda em Cascavel, no oeste do estado.

O presidente permanece na região sul na tarde desta quinta. Depois da passagem pelo Paraná, ele segue para a cerimônia de retomada das operações do Porto de Itajaí, em Santa Catarina (Folha)

Related Posts

  • All Post
  • Agricultura
  • Clima
  • Cooperativismo
  • Economia
  • Energia
  • Evento
  • Fruta
  • Hortaliças
  • Meio Ambiente
  • Mercado
  • Notícias
  • Opinião
  • Pecuária
  • Piscicultura
  • Sem categoria
  • Tecnologia

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Edit Template

Quer receber notícias do nosso Diário do Agro?
INSCREVA-SE

You have been successfully Subscribed! Ops! Something went wrong, please try again.

© 2024 Tempo de Safra – Diário do Agro

Hospedado e Desenvolvido por R4 Data Center