Jaques Wagner integra comitiva de parlamentares nos EUA; senadores evitam divulgar agenda para evitar interferência de Eduardo Bolsonaro.
O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), reconheceu nesta segunda-feira (28/7) ser difícil conseguir adiar o prazo para as tarifas de 50% sobre produtos brasileiros entrarem em vigor, em 1º de agosto.
O parlamentar está em Washington com uma comitiva de oito senadores para tentar sensibilizar empresários e autoridades americanas para negociar as sobretaxas.
Sobre as conversas da semana, ele afirmou: “Expectativa positiva, apesar da dificuldade”.
Questionado se vê chance de estender o limite para a implementação de tarifas, foi pessimista. “Eu acho que não [é possível adiar]. O que a gente está fazendo é a diplomacia parlamentar. É preciso que os governos se entendam. A gente está aqui para contribuir”, afirmou.
A declaração foi dada durante a chegada do grupo de senadores à residência da Embaixada do Brasil em Washington. A programação inclui uma conversa com a embaixadora do país, Maria Luiza Viotti. Os parlamentares também devem se reunir com integrantes do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).
À tarde, se reúnem com líderes empresariais na Câmara de Comércio dos EUA. A agenda do grupo, porém, não inclui ninguém do Executivo dos EUA.
A comitiva de senadores é presidida pelo senador Nelsinho Trad (PSD-MS), e formada por oito senadores, sendo dois ex-ministros de Jair Bolsonaro: Tereza Cristina (Agricultura) e Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia).
Trad afirmou, após reunião com a embaixadora, que o objetivo é distensionar as relações entre Brasil e EUA com os parlamentares americanos. O senador disse que tem encontros marcados com seis senadores, democratas e republicanos, mas não quis dizer quais para evitar que atrapalhem os encontros.
“Essa reunião está previamente marcada para amanhã nós já temos seis parlamentares confirmados a proximidade dela. Alguns outros já estão entrando em contato e a gente está aguardando até em função de uma estratégia essa informação para que não haja nenhuma interferência no sentido de inibir ou cancelar qualquer agenda previamente marcada”, disse.
O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) tem atuado para impedir a agenda dos brasileiros com as autoridades americanas. Trad, porém, evitou atribuir o medo da interferência ao filho de Jair Bolsonaro (PL).
O grupo ainda tem Carlos Viana (Podemos-MG), que só chegará nesta segunda à tarde devido a atraso no voo, Rogério Carvalho (PT-SE), Esperidião Amin (PP-SC), e Fernando Farias (MDB-AL).
Mesmo com a participação de ex-ministros de Bolsonaro, a iniciativa irritou o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que vem atuando desde o início do ano por sanções do governo americano contra o ministro Alexandre de Moraes. A atuação de Eduardo foi importante para o tarifaço anunciado por Trump.
A missão dos senadores é lida no entorno de Lula como forma de tentar sensibilizar os americanos e, sobretudo, o setor privado da importância de negociar as tarifas. O governo aposta na pressão de empresas sobre Trump para evitar as sobretaxas.
Na terça (29/7), haverá encontros com senadores americanos, tanto republicanos como democratas. Na quarta (30), último dia da missão, a comitiva brasileira reúne-se com líderes do setor privado americano no Council of the Americas (Conselho das Américas) (Folha)
Comitiva de senadores aos EUA já custa quase R$ 500 mil, sem nenhuma reunião com governo Trump
Oito parlamentares foram a Washington para tentar impedir tarifas de 50% do Brasil; capital americana está esvaziada em razão do recesso parlamentar
O Senado Federal gastou quase R$ 500 mil para bancar as passagens e diárias que valem por uma semana de estadia à comitiva de oito senadores que foram aos Estados Unidos para tentar impedir a imposição das tarifas de 50% a produtos brasileiros pelo governo do presidente americano Donald Trump.
O grupo, chefiado pelo presidente da Comissão de Relações Exteriores (CRE) da Casa legislativa, Nelsinho Trad (PSD-MS), conversará com parlamentares dos partidos Republicano e Democrata, mas não se encontrará com funcionários de Trump.
Apenas com passagens, o Senado gastará R$ 275,4 mil – com diárias, a cifra chega a R$ 201,4 mil e seguro viagem, totalizando R$ 476,8 mil.
Procurado, o Senado diz que que a missão tem “caráter suprapartidário, institucional e estratégico” para fortalecer os laços bilaterais entre os Legislativos de ambos os países e que a concessão de passagens e diárias para senadores em missão oficial obedecem às normas que estão no Portal da Transparência.
Os senadores devem encontrar Washington com pouco movimento, já que os Estados Unidos também estão em recesso parlamentar. A expectativa é que os diálogos foquem com representantes do setor privado americano.
Todos eles viajaram em missão oficial e, por isso, têm o direito de pedir reembolso de viagens a outro país e o custeio de diárias para permanecer nesse local, o que todos fizeram – com diferenças entre as solicitações.
Dois senadores – Rogério Carvalho (PT-SE) e Marcos Pontes (PL-SP) – pediram seis diárias em vez de sete. Jaques Wagner (PT-BA) preferiu não pedir reembolso da passagem aos Estados Unidos, solicitando apenas ressarcimento pelo seguro viagem, enquanto Pontes preferiu pedir reembolso apenas de uma viagem interna em solo americano e a volta.
Além de Trad, Pontes, Carvalho e Wagner, viajaram aos Estados Unidos Esperidião Amin (PP-SC), Fernando Farias (MDB-AL), Carlos Viana (Podemos-MG) e Tereza Cristina (PP-MS).
O Senado Federal oferece US$ 629,61 (o que dá cerca de R$ 3.500) em diárias para que os senadores permaneçam em outro país fora da América do Sul. Esse valor costuma ser ajustado anualmente.
O presidente Trump afirmou no último domingo, 27, que não deve adiar o início das tarifas prometidas para 1º de agosto a parceiros comerciais, o que inclui o Brasil. Wagner, que é líder do governo no Senado, disse em Washington que descarta a hipótese de mudança no prazo.
“O que a gente está fazendo é a diplomacia parlamentar. É preciso que os governos se entendam. A gente está aqui para contribuir”, afirmou.
Nesta segunda-feira, 28, os senadores brasileiros se encontraram com a embaixadora do Brasil nos EUA, Maria Luiza Viotti, o embaixador Roberto Azêvedo, e diplomatas brasileiros.
Ainda está prevista uma reunião na sede da Câmara de Comércio dos EUA, com lideranças empresariais e representantes do Brazil-U.S. Business Council, principal organização de lobby empresarial em prol da relação comercial entre o Brasil e os EUA.
Na terça-feira, 29, haverá uma reunião com ao menos seis parlamentares dos partidos Republicano e Democrata.
Segundo Trad, outros parlamentares americanos demonstraram interesse na reunião de terça-feira. Mais informações sobre o encontro estão sendo preservadas para que “não haja nenhuma interferência no sentido de inibir ou cancelar qualquer agenda previamente marcada” (Estadão)
EUA deu visto que proíbe senadores brasileiros de fazerem turismo no país
Autorização dura até 2027 e permite apenas a participação em missões oficiais.
O governo dos EUA concedeu um visto aos senadores brasileiros que permite que eles apenas participem de missões oficiais em nome do país.
Oito parlamentares desembarcaram no país nesta semana para tentar barrar a ameaça de Donald Trump de sobretaxar produtos brasileiros em 50%.
O visto estampado nos passaportes dos parlamentares exibe a frase “official travel only”, indicando que ele deve ser usado apenas para viagens oficiais. O visto durará até o início de 2027.
Esse tipo de autorização para entrada e permanência no país é concedido em geral para funcionários públicos, diplomatas ou representantes governamentais em missões oficiais.
Diplomatas, por exemplo, obtém esse tipo de visto quando viajam em missão. Quando querem passear, eles pedem o visto de turista. Alguns têm ambos no passaporte.
Na prática, segundo um diplomata, não há fiscalização sobre os passos dos representantes de governo que entram nos EUA com o visto de viagem oficial, e é possível passear por lá.
O grupo de senadores é integrado por Carlos Viana (Podemos-MG), Jaques Wagner (PT-BA), Rogério Carvalho (PT-SE), Nelsinho Trad (PSD-MS), Esperidião Amin (PP-SC), Teresa Cristina (PP-MS), Astronauta Marcos Pontes (PL-SP) e Fernando Farias (MDB-AL) (Folha)