| Programa do Sistema FAEP incentiva o empreendedorismo e a permanência no campo, ampliando oportunidades profissionais e valorizando o meio rural |
| Em 2005, uma jovem de 15 anos do município de Paula Freitas, na região Sul do Paraná, decidiu se inscrever no recém-criado Programa Jovem Agricultor Aprendiz (JAA) do Sistema FAEP. Daniele Miroslava Kloc, filha de produtores rurais, sempre teve o campo como cenário de sua infância e adolescência. Enquanto colegas buscavam outras áreas, a jovem queria provar que a mulher podia ocupar qualquer espaço no agronegócio. “Sempre me chamou atenção que todas as mulheres optavam por outras áreas. Tinha vontade de provar que a mulher poderia estar onde quisesse”, lembra Daniele, que desde cedo, se apaixonou pelo estudo dos solos e pela gestão da propriedade. A experiência no JAA só reforçou a vocação para cursar Agronomia. Hoje, 20 anos depois, Daniele é instrutora do próprio programa que a inspirou. Durante as aulas, ela transmite aos jovens o mesmo entusiasmo pelo campo que sentiu ainda adolescente. Além disso, toca com o marido a propriedade da família, onde cria ovinos, caprinos, galinhas caipiras, gado de corte, e ensina ao filho a importância do trabalho rural.”O que ajuda a inspirar esses jovens é o fato de eu estar na propriedade. Falo sobre a importância de acreditar e permanecer no campo. Eles não são apenas moradores, mas empresários rurais. É possível trabalhar com tecnologia, empreender e ainda ter uma vida conectada com a natureza”, afirma Daniele. O JAA surgiu exatamente para isso: preparar adolescentes de 14 a 18 anos para atuar com segurança, eficiência e responsabilidade no meio rural. Lançado pelo Sistema FAEP em 2005, o programa nasceu a partir de experiências-piloto em municípios como Astorga, Rolândia, Palmas e Tijucas do Sul, e, desde então, passou por constantes aprimoramentos. Hoje, oferece cursos de gestão, bovinocultura, fruticultura, mecanização, olericultura e piscicultura, além de oficinas práticas sobre agrofloresta, meliponicultura e trânsito rural, sempre com foco na aplicação prática e no desenvolvimento integral dos jovens. “O JAA é uma das iniciativas mais transformadoras do Sistema FAEP. Em 20 anos, vimos jovens que poderiam ter deixado o campo se tornarem profissionais, empreendedores e até instrutores que multiplicam esse conhecimento. Isso mostra a força da educação para o futuro do agronegócio e para a sucessão na propriedade”, afirma Ágide Eduardo Meneguette, presidente interino do Sistema FAEP. Ao longo de 20 anos, mais de 64 mil jovens já passaram pelo programa, com uma distribuição equilibrada entre os gêneros: 50,95% homens e 49,05% mulheres. Esses números mostram o pioneirismo do JAA, refletindo o compromisso em oferecer oportunidades iguais, mostrando que, no campo, mulheres e homens têm espaço para aprender, crescer e assumir papéis de liderança. Retorno como instrutores Entre os exemplos de jovens que enxergaram oportunidades de carreira dentro do agronegócio a partir do JAA, está Vinicius Romagnollo, de São Pedro do Ivaí, na região Norte do Paraná. Filho de produtores rurais, ele morou na propriedade até os 18 anos e iniciou no JAA aos 14, em 2013, no módulo “Preparando para gestão”. “Eu já mexia com lavoura de grãos, tinha vontade de ser produtor, mas não sabia se queria fazer faculdade. Foi uma baita experiência”, lembra. O contato com a dinâmica do agronegócio, aliado ao estímulo da instrutora, despertou em Romagnollo o interesse por uma graduação. Em 2015, aproveitou a chance de cursar o módulo específico de mecanização agrícola. “Ali decidi seguir uma faculdade em que pudesse trabalhar na área. O JAA deu visão profissional e confirmou minha escolha”, conta. Após se formar em Engenharia Agrícola na Universidade Federal do Paraná (UFPR), em 2022, Romagnollo retornou ao JAA como instrutor, conduzindo turmas dos módulos “Gestão rural” – antigo “Preparando para gestão” – e “Mecanização agrícola”, além de outros cursos do Sistema FAEP. Hoje, ele concilia a atividade de instrutoria com o trabalho na propriedade dos pais, cultivando soja e milho. “O JAA abriu minha visão para o mundo, pois foi a primeira oportunidade de sair da propriedade. Mesmo quem não vai seguir no agro leva aprendizados para a vida”, destaca Romagnollo. Já em Prudentópolis, na região Centro-Sul do Paraná, Gian Ricardo Grechinski tinha planos de deixar o campo e fazer curso técnico em informática. Mas, no último ano do Ensino Médio, o JAA mudou o rumo de sua trajetória. Os módulos de gestão e olericultura abriram sua visão para as oportunidades do meio rural e despertaram o interesse pela Agronomia. A experiência foi tão marcante que Grechinski ingressou na faculdade já com a meta de se tornar instrutor do Sistema FAEP. “Sempre gostei de ensinar e pensei em usar esse conhecimento para transformar a realidade das propriedades rurais”, lembra. Formou-se em 2018 e, dois anos depois, voltou às salas de aula como instrutor. “É especial poder dizer aos alunos que já estive no lugar deles, com as mesmas dificuldades. Isso aproxima e mostra que o jovem pode trilhar esse caminho, basta acreditar e se dedicar”, afirma.Hoje, além do JAA, ele atua em cursos voltados para o cultivo de morango, sua área de especialização, e se dedica à suinocultura, atividade da família há 30 anos. “O JAA também ajudou na questão da sucessão e da gestão para a viabilidade do negócio rural”, complementa. Para Grechinski, o programa foi determinante na escolha profissional e também na forma de enxergar a propriedade rural como um negócio viável e lucrativo. “Hoje, sei que é possível viver bem no campo, empreender em pequenas áreas e transformar a realidade local. Resumindo, o JAA prepara a nova geração para o futuro do campo”, conclui. JAA forma jovens para o futuro do campo paranaense O Programa Jovem Agricultor Aprendiz (JAA) foi criado pelo Sistema FAEP para atender à demanda por capacitação profissional de jovens inseridos no meio rural paranaense. Inicialmente voltado para filhos de agricultores, o programa oferece formação prática e teórica, preparando-os para desempenhar atividades agrossilvipastoris de forma qualificada e consciente. As primeiras turmas-piloto, realizadas em 2004, permitiram identificar desafios, como evasão escolar e dificuldade de contratação, além de apontar soluções eficazes, como parcerias com universidades e a melhoria da infraestrutura. Desde então, o JAA passou por constantes atualizações, ampliando conteúdo, carga horária e módulos especializados, sempre alinhado às necessidades da juventude rural e à realidade das propriedades familiares. O programa combina formação em gestão rural com módulos específicos, preparando os jovens para o mercado de trabalho. No JAA, os participantes adquirem não apenas conhecimento técnico, mas também habilidades de liderança e empreendedorismo, podendo escolher áreas de atuação compatíveis com seus interesses e com a cadeia produtiva regional. Em 2023, o programa ampliou suas ações com oficinas educativas, fortalecendo habilidades práticas e desenvolvimento pessoal. Com isso, o programa busca desenvolver conhecimentos e atitudes que contribuem para a qualidade de vida, a participação social e o crescimento sustentável das comunidades rurais. “O JAA prioriza metodologias ativas, estimulando a participação, a construção coletiva do conhecimento e a aplicação prática do aprendizado. As aulas criam um ambiente de confiança e acolhimento, propício ao desenvolvimento de cada participante”, resume Márcia Pereira Salles, técnica do Sistema FAEP responsável pelo programa. “Com mais de 20 anos de história, o JAA consolidou-se como referência nacional na formação de jovens rurais, promovendo inovação, sustentabilidade, valorização cultural e desenvolvimento profissional no meio rural paranaense”, conclui. |

27 de novembro de 2025/
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