Por Aidan Connolly
Saiba por que executivos e produtores precisam agir agora para não perder espaço diante da revolução silenciosa que já está mudando a produção de alimentos.
Do campo à mesa, a IA já começa a mudar a cadeia do alimento
Poucos assuntos despertam tantas reações em uma sala de executivos do setor alimentício e do agronegócio quanto a Inteligência Artificial: trata-se de uma oportunidade transformadora ou de uma ameaça disruptiva? Como evitar generalizações vagas ou previsões grandiosas ao tentar capturar e avaliar um momento de mudança profunda?
A IA não é apenas mais uma onda tecnológica, ela é um trem-bala acelerando a uma velocidade tal que a maioria fica apenas observando da plataforma.
A AgriTech Capital e a LSC International, nos EUA, decidiram enfrentar a questão de forma direta, aproveitando a expertise coletiva de 40 especialistas na área. Usando a Técnica Delphi de pesquisa, foram realizadas entrevistas com especialistas em IA, alimentos e agricultura.
Eles foram divididos em dois grupos: especialistas em IA (com interesse em agroalimentar) e líderes do setor de alimentos e agronegócio (com interesse em aplicações de IA).
As entrevistas foram orientadas por cinco perguntas centrais, elaboradas para extrair percepções francas sobre o que impulsiona a urgência e a inovação no setor. A seguir está uma análise mais detalhada dos resultados da pesquisa.
As perguntas feitas aos especialistas foram diretas e pragmáticas:
Como a IA vai transformar os negócios de alimentos e agronegócio?
Quais cargos e posições devem ser os mais impactados?
Que conselhos você daria a CEOs para se prepararem para isso?
Você tem alguma preocupação quanto ao uso da IA nos negócios?
Que ações um CEO deve tomar nos próximos 6 meses em relação à IA?
Também foi criado um painel virtual de especialistas para simular um debate entre essas diferentes perspectivas e observar como a IA pode mudar ou impactar o setor. Foram separadas as entrevistas entre a perspectiva “de fora para dentro”, dos especialistas em IA, e a visão “de dentro para fora”, dos líderes do setor de alimentos e agronegócio, e elas foram comparadas.
A análise mostrou:
Otimismo com Propósito: A maioria dos especialistas foi extremamente positiva quanto ao potencial da IA para enfrentar desafios no sistema alimentar atual, como melhorar a acessibilidade, reduzir o desperdício, aplicar nutrientes com mais precisão em plantas e animais e melhorar a resiliência climática.
Ceticismo quanto ao Exagero: Há uma preocupação de que grupos de consultoria estejam alimentando o exagero e monetizando algoritmos sofisticados que ainda estão longe de cumprir a promessa mais ampla de uma inteligência sensível.
Necessidade de Liderança: Todos os participantes foram unânimes quanto à necessidade urgente de os executivos responderem às mudanças, observando que “o gênio já saiu da garrafa”.
Incrementalismo dos Insiders: Profissionais do setor foram pragmáticos, vendo a IA como uma ferramenta para melhorar a coleta e análise de dados. Sensores, dispositivos IoT, robótica, câmeras etc., permitirão que produtores rurais e a agroindústria tomem decisões melhores e mais precisas em tempo real, especialmente frente aos desafios de escassez de mão de obra na indústria de alimentos.
Transformação Vista por Outsiders: Em contraste, especialistas em IA “de fora” viram potencial para mudanças sistêmicas, como modelagem financeira preditiva que pode levar a colheitas mais previsíveis, menor volatilidade de mercado, melhor gestão de questões climáticas, permitindo assim que produtores obtenham melhores condições de crédito.
Comparação entre Percepções Humanas e Painel Virtual: Fazer as mesmas cinco perguntas ao ChatGPT e criar um painel virtual de especialistas em agricultura foi revelador e, apesar de não ser perfeito, ambos foram bastante precisos ao replicar a sabedoria coletiva dos especialistas humanos.
Riscos de Alucinação: Apesar das discussões sobre o potencial da IA para gerar “alucinações” (informações totalmente falsas ou inventadas), não foram encontradas evidências disso nas respostas geradas por IA.
O Fator Humano: Os especialistas trouxeram contexto, destacando as complexidades reais do campo agrícola (poeira, umidade, pragas, imprevisibilidade etc.), que podem derrotar até os conjuntos de dados mais perfeitos. Os especialistas humanos também ressaltaram a importância do contexto humano para criar entendimento, educação e persuasão por meio da comunicação. Uma interação pessoal ou o uso do humor pode promover mudanças com mais eficácia do que fatos frios.
A IA apresenta tanto potencial quanto riscos reais, especialmente no campo da segurança de dados. Seus dados proprietários estão protegidos contra invasões ou ameaças cibernéticas? Você é dono dos seus próprios dados e como garantir que informações confidenciais e proprietárias não estejam sendo usadas para vender produtos de volta a você ou, pior, para concorrentes? A IA é como uma esteira transportadora, sempre em movimento. O desafio para os líderes é investir de forma eficaz para se manterem relevantes e à frente do jogo.
O Guia do Especialista: Cinco Recomendações para CEOs de Alimentos e Agronegócio
Arrume seus dados: Priorize a integridade dos dados antes de implantar IA. Colete, organize e limpe seus dados, e saiba o que você tem antes de começar.
Pilote com Propósito: Comece com projetos-piloto de tamanho gerenciável e com foco em desafios internos específicos.
Executivos não estão isentos: IA não é um problema de TI; é um problema de liderança. Altos executivos precisam desenvolver letramento em IA para entender a tecnologia e suas aplicações estratégicas. Informe-se sobre IA e sobre as melhores oportunidades imediatas de IA no seu negócio.
Valorize os Insiders sobre os Outsiders: Especialistas externos podem ser valiosos, mas não substituem a construção de competência interna em sua própria operação. Minimize a necessidade de consultores externos.
É agora ou nunca: Essa mensagem foi unânime, não dá para esperar. O ritmo da mudança é exponencial, e os primeiros a se mover vão definir o cenário competitivo.
Se a IA for a tecnologia mais transformadora do último século, então a complexidade do setor agrícola e alimentício pode ser seu maior desafio. A sabedoria coletiva dos 36 especialistas ouvidos ofereceu esses insights práticos sobre como enfrentar o desafio e criar um futuro mais forte, resiliente e sustentável para a produção de alimentos e agricultura (Forbes)