Guerra no Oriente Médio reduz chance de corte no preço da gasolina

Até a semana passada, redução nas refinarias da Petrobras era dada como certa pelo mercado.

Até a semana passada, o mercado de combustíveis dava como certo um corte no preço da gasolina vendida pela Petrobras, que vem registrando elevados prêmios em relação às cotações internacionais do produto.

O recrudescimento dos conflitos no Oriente Médio, porém, alterou as expectativas, diante das incertezas no mercado internacional de petróleo. O mais provável agora, dizem pessoas com entendimento do assunto, é que a Petrobras espere um pouco mais.

Na abertura do mercado desta quarta-feira (2/10), o litro da gasolina vendida nas refinarias da Petrobras estava R$ 0,13 acima da paridade de importação medida pela Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis). No diesel, o prêmio era de R$ 0,09 por litro.

Nos dois casos, a diferença já chegou a rondar os R$ 0,20 por litro, pouco antes da intensificação dos conflitos.

Nesta semana, a cotação do petróleo Brent, referência internacional negociada em Londres, já subiu 3%, voltando à casa dos US$ 74 por barril após uma semana. Analistas preveem grande volatilidade para os próximos dias, a depender da evolução dos ataques entre Israel e Irã e Líbano.

Em relatório divulgado nesta quarta-feira (2/10), analistas do Goldman Sachs afirmaram ver sensibilidade dos preços a possível queda nas exportações iranianas, potenciais cortes no fluxo de petróleo pelo mar Vermelho e uma ainda improvável interrupção do comércio pelo Estreito de Ormuz.

A escalada dos preços reverte um momento de baixa de preços no mercado, que respondia a um cenário de excesso de capacidade e baixas expectativas sobre crescimento da demanda, sobretudo da China, que anunciou recentemente um pacote de estímulo econômico.

Nesse contexto, a Petrobras vinha operando com elevados prêmios em relação às cotações internacionais, o que gerou grande expectativa de cortes nos preços internos dos combustíveis, principalmente da gasolina.

A presidente da estatal, Magda Chambriard, disse na semana passada que a companhia vinha acompanhando o cenário e que mexeria nos preços “na hora que a gente entender que cabe”. “Se a gente enxergar espaço para redução [de preços], vamos reduzir”, afirmou.

No mesmo dia, a Petrobras anunciou corte de 9,1% no preço do querosene de aviação, produto que tem reajustes mensais de acordo com a variação das cotações internacionais, reforçando ainda mais a ideia de que a gasolina baixaria em breve.

A estatal, porém, vem repetindo que sua nova política de preços evita repassar ao consumidor interno a volatilidade do mercado internacional. E, antes mesmo dos ataques israelenses ao Líbano, o diretor de Logística, Comercialização e Produtos da companhia, Claudio Schlosser, dizia ver grande volatilidade (Folha)

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