A pesquisa registra, no entanto, que hortifrútis seguram taxa no mês passado.
A alta dos alimentos volta a superar a inflação média, em setembro. Alguns produtos básicos do dia a dia do consumidor passam por intensos reajustes.
Dados divulgados pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), nesta quarta-feira (2), confirmam essa evolução e apontam que o setor de alimentação teve reajuste médio de 0,39% no mês passado em São Paulo, acima do 0,18% da inflação média.
A alta ao consumidor é reflexo do que ocorre no campo, principalmente com leite, café, boi gordo e laranja, mostra o Cepea (Centro de Estudos Avançados de Economia Aplicada). O lado favorável para o consumidor é que os hortifrútis perderam pressão e estão com preços em queda ou mais acomodados.
Uma das principais pressões para o bolso do consumidor vem do café. Os vietnamitas começam neste mês a colheita da safra 2024/25, e as perspectivas não são boas, devido ao efeito climático nas lavouras.
No Brasil, a ausência prolongada de chuva começa a afetar as lavouras, o que poderá comprometer parte da safra 2024/25. No mês passado, o café robusta teve um comportamento inédito, ao registrar, pela primeira vez, média de preço superior ao do arábica. A conta chegou para o consumidor.
A Fipe registrou uma evolução de 4,13% nos preços do café em setembro, acumulando alta de 23% neste ano.
O leite, quando se esperava uma retração dos preços nas últimas semanas, voltou a subir. A menor oferta do produto faz com que os preços atuais pagos aos produtores acumulem evolução de 32% no ano.
A bebida terminou setembro com aumento de 1,28%, mas já acumula 24% neste ano nos supermercados. Dólar elevado e importações menores também ajudaram na aceleração dos preços.
O boi volta a subir e está sendo negociado a R$ 276 por arroba, um valor não registrado desde abril de 2023. O aumento do preço do boi dá suporte para as outras proteínas.
Os supermercados reajustaram as carnes bovinas, em média, em 3% no mês passado. Contrafilé subiu 6%, e picanha, 5% no período, segundo a Fipe.
As carnes suínas e de frango acompanharam a bovina, com evoluções de 4,5% e 1,2%, respectivamente. O bom momento das exportações é um dos motivos desse aumento de preços internos.
O arroz mantém preços estáveis, mas elevados, devido à entressafra e altas no mercado internacional. A intenção de plantio dos produtores na safra 2024/25 é boa, mas o excesso de chuva e de umidade está dificultando a atuação das máquinas no campo. Já o feijão, com boa oferta, mantém queda.
Os produtos hortifrútis, com maior oferta, estão com retração. Isso não ocorre, no entanto, com a laranja, que vem batendo recorde de preços no campo.
Safras menores e efeitos de doenças nas lavouras reduziram a oferta, o que aumenta a disputa entre o produto que vai para as indústrias e o que vai para a mesa dos consumidores.
Nos últimos 12 meses, devido à evolução da fruta nos pomares, a laranja acumula alta de 62% para os consumidores, segundo a Fipe.
O preço dos legumes está favorável para o consumidor. A queda média em setembro foi de 6%, puxada por cenoura e tomate, que estão com boa produtividade.
O mesmo ocorre com batata e cebola, esta última com queda de 17% no mês passado. Entre as verduras, dos nove produtos pesquisados semanalmente pela Fipe, todos tiveram queda de preços nos supermercados (Folha)