Produção global de milho e de trigo devem ter redução, diz USDA.
A colheita de soja nos EUA será um pouco menor que o previsto anteriormente, segundo o relatório de oferta e demanda do Departamento de Agricultura do país (USDA). A estimativa indica agora 117,98 milhões de toneladas em 2025/26, na comparação com 118,12 milhões de toneladas previstas em junho. A redução deve-se a ajustes na área de plantio e na produtividade média.
O USDA também prevê que as exportações americanas na temporada recuem 2 milhões de toneladas, para 47,49 milhões. No relatório, o órgão afirma que o maior consumo interno de soja para produção de biodiesel e a maior oferta do Brasil causarão essa redução nos embarques.
Parte desse volume será absorvida pelo mercado interno americano, que deve consumir 72,12 milhões de toneladas da oleaginosa para produção dos combustíveis renováveis.
Ainda que o ajuste seja pequeno no consumo versus exportação, o USDA prevê que os EUA tenham um estoque maior de soja no fim de 2025/26, com 126,07 milhões de toneladas, frente a 125,3 milhões previstos anteriormente.
Esse volume maior de soja disponível penaliza o preços do contrato futuro do grão na bolsa de Chicago e, agora, após o anúncio do relatório, os papéis mais negociados caem 1%, a US$ 10,03 o bushel.
No que diz respeito ao quadro mundial, o USDA elevou a estimativa de produção em quase 1 milhão de toneladas, para 427,68 milhões de toneladas. O ajuste foi feito com base em dados divulgados pelo governo da Ucrânia, que indicam maior colheita no país.
O processamento global de soja deve crescer no mesmo volume e aumentar o comércio internacional de farelo, diz o órgão americano no relatório.
Ainda assim, os estoques globais de soja no fim de 2025/26 devem ser 0,6% maiores que o previsto anteriormente, com 126,07 milhões de toneladas.
Por fim, o USDA não fez ajustes na expectativa de produção na América do Sul porque o plantio para 2025/26 está distante. O departamento americano prevê 175 milhões de toneladas para o Brasil; 48,5 milhões de toneladas para a Argentina e 11 milhões para o Paraguai.
Milho
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, sigla em inglês) reduziu sua estimativa para a produção global de milho em 2025/26 para 1,26 bilhão de toneladas, queda de 0,2% na comparação com o dado divulgado em junho, quando o número foi de 1,27 bilhão de toneladas.
O recuo global se dá, principalmente, pela menor produção americana. Se os números do USDA se confirmarem, a projeção atualizada é de 398,93 milhões de toneladas do cereal nos Estados Unidos, um recuo de 0,7% em comparação com o relatório de junho.
O departamento manteve em 195,81 milhões de toneladas a previsão para as exportações globais do cereal, porém reduziu as estimativas dos estoques globais em 1,1%, podendo ficar em 272,08 milhões de toneladas na safra 2025/26.
A projeção para os estoques finais de milho norte-americano caiu 5,2%, para 42,17 milhões de toneladas, apertando o cenário de armazenagem regional e global. A redução da área plantada e colhida até o dia 30 de junho deste ano pesou sobre os números da safra dos EUA e impactou o cenário global.
Com o anúncio, o preço dos contratos futuros do cereal com entrega para setembro caem 1,17%, a US$ 4,0250 por bushel às 13h25, horário de Brasília.
No caso do Brasil e da Argentina, a entidade manteve suas projeções de produção em 131 milhões de toneladas e 53 milhões de toneladas, respectivamente.
As exportações de milho brasileiras também foram mantidas para 43 milhões de toneladas, entretanto os estoques finais do país devem subir 38,6%, para 3,59 milhões de toneladas, o que pode refletir uma travada nos negócios devido às quedas de preços nas bolsas. O relatório de julho ainda não mensura eventuais impactos da sobretaxa imposta pelo governo Donald Trump aos produtos do Brasil.
Na Argentina, a exportação de milho se mantém em 37 milhões de toneladas e o estoque final também continua o mesmo, projetado pelo USDA em 3,19 milhões de toneladas.
Na Ucrânia, os dados foram mantidos no relatório de julho, com a produção projetada para 24 milhões de toneladas, as exportações em 24 milhões de toneladas e os estoques finais em 60 mil toneladas na safra 2025/26.
Trigo
A safra mundial de trigo 2025/26 deve apresentar redução na oferta global, consumo em alta, menor volume de comércio e estoques finais mais enxutos, afirma o USDA.
De acordo com o relatório, a oferta mundial de trigo deve recuar para 1,072 bilhão de toneladas, uma queda de 0,4 milhão de toneladas em relação à projeção anterior.
A revisão reflete estoques iniciais mais baixos em vários países e uma redução na produção de grandes exportadores como Canadá, Ucrânia e Irã. Esse recuo, segundo o USDA, mais do que compensa os aumentos de produção previstos para Rússia, União Europeia, Cazaquistão e Paquistão.
O consumo global foi revisado para cima, agora estimado em 810,6 milhões de toneladas, um incremento de 0,8 milhão de toneladas, impulsionado principalmente pelo aumento no uso para ração e perdas em países como Cazaquistão e Tailândia.
Já o comércio internacional de trigo deverá ser menor. A nova projeção é de 213,1 milhões de toneladas, 1,3 milhão a menos que o previsto anteriormente.
A queda nas exportações da União Europeia e da Ucrânia não será totalmente compensada pelos embarques maiores esperados da Rússia e dos Estados Unidos.Com esse novo cenário, os estoques finais globais para 2025/26 devem cair para 261,5 milhões de toneladas, uma redução de 1,2 milhão de toneladas em comparação com o relatório anterior, puxada principalmente por cortes nos estoques do Canadá e da União Europeia.
O USDA subiu levemente a estimativa de produção americana de 52,28 milhões de toneladas para 52,49 milhões de toneladas, com um aumento nas exportações, resultando em uma redução nos estoques finais do país.
A estimativa de produção argentina foi mantida em 20 milhões de toneladas, com exportação de 13 milhões de toneladas.
O Brasil teve sua estimativa de produção mantida em 8 milhões de toneladas, mas os estoques finais devem ser ligeiramente maiores que a última estimativa, em 2,08 milhões de toneladas.
A produtividade na União Europeia e Rússia deve ser maior, segundo a estimativa, elevada para 137,2 milhões e 83,5 milhões de toneladas, respectivamente.
No momento, os contratos futuros de trigo com entrega para setembro operam em queda de 1,04%, a US$ 5,4875 por bushel (Globo Rural)