- Carne bovina, apesar do tarifaço, tem vendas recordes de 347 mil toneladas
- A carne de frango obtém o mesmo patamar de receitas de 2024: US$ 7 bilhões
As barreiras nunca deixaram de existir no comércio internacional. Às vezes vêm por questões políticas, outras por econômicas ou até como tentativa de derrubada de preços. O mercado, no entanto, sempre acha seus caminhos.
O tarifaço dos Estados Unidos produz efeitos no mercado agropecuário brasileiro, mas parece que não como as estimativas iniciais indicavam. O café, que tem os Estados Unidos como um dos principais importadores, foi uma das vítimas do governo de Donald Trump. As exportações caíram, mas não com tanta força. Em setembro, o país exportou 17,7 mil toneladas de café para os americanos, 12% abaixo dos 20,26 mil de julho, mês anterior à entrada em vigor da tarifa acumulada de 50%.
Em compensação, o país exportou 7.057 toneladas do produto para a Colômbia no mês passado, 129% a mais do que em agosto e 461% acima do volume de setembro de 2024, segundo dados divulgados nesta segunda-feira (6) pela Secex (Secretaria de Comércio Exterior). A Colômbia é a segunda maior produtora de café arábica do mundo, vindo atrás do Brasil.
A outra vítima é a carne bovina, proteína que, agora, paga 76% para entrar no mercado americano. Em setembro e em agosto, as exportações caíram para uma média mensal de 9.615 toneladas, 47% a menos do que eram em julho.
As vendas externas do Brasil, no entanto, nunca estiveram tão aquecidas, atingindo o recorde de 347 mil toneladas no mês passado. No ano, apesar do tarifaço, as exportações de carne bovina somam 2,4 milhões de toneladas, com receitas recordes de US$ 12,3 bilhões.
O segmento das carnes, mesmo com gripe aviária e tarifas dos Estados Unidos, apresenta uma evolução significativa neste ano. As três principais —bovina, suína e de frango— já atingem 7,26 milhões de toneladas exportadas, com receitas de US$ 22 bilhões de janeiro a setembro, 20% a mais do que no ano passado.
A carne de frango, apesar de a China, grande importadora, ainda não ter voltado ao mercado brasileiro após o primeiro caso de gripe aviária, obtém o mesmo patamar de receitas de 2024, somando US$ 7 bilhões. A carne suína, ao atingir 1,11 milhão de toneladas de janeiro a setembro, rende US$ 2,7 bilhões.
Alguns produtos brasileiros têm uma dependência expressiva do mercado americano, e sofrem com a escalada da tarifa. As exportações de sebo, um derivado da produção de carnes, recuaram para 26 mil toneladas no mês passado, bem abaixo das 56 mil de julho. A exportação de mel, embora agora seja um período de acertos de novos contratos devido à entrada da nova safra, recuou para 2.338 toneladas em setembro, 24% a menos do que antes do início da entrada em vigor da tarifa acumulada de 50%
O setor de madeira, que exportou 152 mil toneladas em julho, conseguiu colocar apenas 52 mil em setembro. A manga, neste período de aceleração das vendas para os Estados Unidos, tem números que ainda precisam ser mais bem avaliados, mas os Estados Unidos importaram 13,9 mil toneladas em setembro, mesmo volume de igual período de 2024. Em agosto deste ano, as compras haviam sido de 2.928 toneladas, segundo a Secex.
O etanol e tabaco foram mais afetados. Em julho, os Estados Unidos importaram 23 mil toneladas de álcool, volume que recuou para 967 no mês passado. A compra de tabaco pelos americanos caiu de 5,8 milhões de toneladas para 1,26 milhão no mesmo período, segundo a Secex (Folha)