EUA: Por que os fazendeiros têm tanto em jogo na reunião entre Trump e Xi

Encontro marcado para esta quinta-feira (30/10) pode redefinir o comércio global da soja e aliviar as perdas dos produtores americanos afetados pela guerra tarifária.

Antes da esperada cúpula desta quinta-feira (30/10) entre Donald Trump e Xi Jinping, a Reuters informou que a estatal chinesa COFCO comprou três carregamentos de soja dos Estados Unidos — as primeiras compras de soja da China neste ano, já que a produção americana foi afetada pela guerra comercial entre os dois países.

Os produtores americanos de soja estão sofrendo desde que a China — anteriormente o maior comprador individual de soja americana — suspendeu as compras no início deste ano. Os traders ainda não esperam “uma retomada significativa na demanda” por soja dos Estados Unidos, especialmente depois de a China ter adquirido grandes volumes de soja da Argentina, país que atua dos dois lados da disputa comercial.

A paralisação do governo ainda impede o avanço do pacote de ajuda aos produtores de soja, mas será possível ver se a cúpula com a China, ainda nesta semana, trará algum movimento. Xi estará atento ao dilema da soja.

Como destacou o chef José Andrés ontem, durante o primeiro Food and Agriculture Policy Summit em Washington, D.C. — realizado pelo Food Tank e pelo Global Food Institute da Universidade George Washington — Xi é, provavelmente, o líder mundial mais voltado à agricultura.

Ele cresceu em uma área rural enfrentando a fome e chegou a faltar à cúpula do G20 em 2023 para se encontrar com produtores de arroz na China.

“Não se vê muitos presidentes fazendo isso em nenhum país. Ele leva a questão dos alimentos muito a sério”, disse Andrés. “Isso tem que nos preocupar.”

Preços da soja nas alturas

Os preços da soja atingiram nesta terça-feira (28) o maior patamar em 15 meses. A commodity, que representa a maior exportação agrícola dos Estados Unidos, está no centro da guerra comercial entre os EUA e a China, o que afeta diretamente os produtores americanos.

Os preços da soja subiram mais de 11% desde julho do ano passado, à medida que a cultura se tornou uma ferramenta estratégica nas negociações comerciais entre os Estados Unidos e a China.

A soja é o principal produto agrícola de exportação dos EUA, e a China é o maior comprador, responsável por mais da metade das exportações americanas. No entanto, pela primeira vez desde a década de 1990, o país asiático ainda não realizou nenhuma compra de soja para a nova temporada. Pequim tem usado a dependência dos agricultores americanos em relação a essas vendas como instrumento de pressão nas negociações.

A China impôs uma tarifa de 10% sobre a soja americana em março e, em abril, anunciou uma tarifa adicional de 34% sobre todos os produtos dos EUA, em resposta às tarifas aplicadas pelo governo Trump sobre bens chineses.

Exportadores sul-americanos, como Brasil e Argentina, aproveitaram o impasse, aumentando as exportações de soja para a China, segundo um relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).

No início deste mês, o presidente Donald Trump classificou o boicote chinês à soja americana como um “ato economicamente hostil” que estava causando desconforto aos produtores dos EUA.

O secretário do Tesouro, Scott Bessent, afirmou no domingo que a China fará “compras substanciais” de soja americana, conforme avançam as negociações para um possível acordo comercial (Forbes)

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