Estratégia, lealdade e a construção de um projeto de nação

Por Camilo Calandreli

A direita brasileira, Carlos Bolsonaro e a urgência de um Projeto de Nação.

A política é a arte dos que compreendem o tempo, o contexto e a dimensão histórica dos seus atos. Não é palco para impulsos emocionais, vaidades de ocasião ou a necessidade ansiosa de aprovação instantânea. Política, quando encarada com seriedade, é estratégia — e estratégia exige visão, disciplina, silêncio cirúrgico e compreensão do papel de cada ator dentro de um projeto maior.

Nos últimos dias, parte da direita brasileira embarcou em debates superficiais sobre a presença de Carlos Bolsonaro em Santa Catarina, interpretando movimentos estratégicos com a mesma profundidade com que se analisa fofoca de rede social. Essa reação apenas evidencia um fato que já não pode mais ser escondido: parte da direita ainda não tem maturidade emocional para lidar com situações complexas.

Mas antes de tratar dos equívocos, é necessário compreender o centro da questão.

Bolsonaro: Mais que um líder, um estado de espírito

Bolsonaro não é apenas um político. É um estado de espírito.

É a força que mobiliza massas, inquieta consciências, desperta senso de justiça, reacende o amor à liberdade e coloca milhões de brasileiros em movimento. Tal como grandes lideranças históricas, Bolsonaro não se resume ao indivíduo — ele se torna o símbolo vivo de uma vontade coletiva.

E não há Projeto de Nação sem essa força popular. Nenhum. Em lugar nenhum do mundo.

A esquerda sabe disso. Os globalistas sabem disso. Os estrategistas internacionais sabem disso.

Quem ainda parece não ter entendido é parte da direita brasileira.

A história ensina: Projetos de Nação são construídos com disciplina, não com vaidades

A política nacional não nasce de impulsos, mas de estruturas — e a história prova isso:

·         A Convenção de Itu (1873) articulou silenciosamente as bases ideológicas, econômicas e institucionais que culminariam na Proclamação da República. Ali existia método, pensamento estratégico e um projeto nacional.

·         O Foro de São Paulo levou mais de três décadas moldando a América Latina sob hegemonia comunista. Não houve pressa, não houve improviso. Houve projeto, disciplina, infiltração setorial e articulação continental.

·         A Agenda 2030 e suas derivações globalistas são arquiteturas estratégicas sofisticadas, definidas década a década, com metas claras, alianças internacionais e poder institucional.

Enquanto isso, parte da direita ainda confunde política com espetáculo, análise emocional com estratégia e curtida com vitória.

O movimento de Carlos Bolsonaro em Santa Catarina

O deslocamento de Carlos Bolsonaro para Santa Catarina não é um ataque, não é uma disputa por holofote e muito menos uma “conspiração interna”. É estratégia de base.

Uma liderança que representa o núcleo duro do bolsonarismo ocupar espaço em um dos Estados mais conservadores do país é movimento lógico, necessário e coerente com o tabuleiro nacional de 2026.

Quem viu nisso ameaça pessoal revela o próprio tamanho político: pequeno, provinciano e incapaz de compreender cenários amplos.

Tudo deve convergir para o Projeto de Nação

Se Bolsonaro é o centro gravitacional do movimento, então tudo — absolutamente tudo — deve convergir para fortalecer:

Se a direita brasileira realmente deseja assumir seu papel histórico — não como oposição ruidosa, mas como força dirigente de um projeto nacional — então precisa compreender que grandeza não se improvisa. Ela se constrói. Ela se arquitetonicamente se levanta. Ela exige método, disciplina e a capacidade de enxergar o país não como um palco para disputa de ego, mas como uma obra que pede engenheiros, não adolescentes políticos querendo like.

E é por isso que precisamos deixar claro, com todas as letras, o que deve ser feito — não amanhã, mas agora.

A primeira frente: Articular-se com todas as forças vivas da sociedade

Uma direita madura não atua sozinha, isolada, condenada à bolha. Ela respira o País. Ela conhece cada rosto, cada dor, cada setor que sustenta a nação.

É preciso sentar com empresários, conversar com sindicatos rurais, ouvir líderes religiosos, dialogar com associações civis, compreender as universidades, mapear movimentos de bairro, visitar clubes, entidades, igrejas, cooperativas.
Não para fazer espetáculo — mas para construir alianças reais, profundas, duradouras.

A esquerda venceu a América Latina assim.

Os globalistas avançam assim.

Nós não venceremos fazendo menos.

A segunda frente: Penetrar os partidos, respeitando suas singularidades locais

Partidos são estruturas vivas, orgânicas.
Cada estado tem um líder, cada liderança tem uma influência, cada diretório tem uma dinâmica.

Uma direita inteligente não desperdiça energia em conflitos infantis.
Ela ocupa diretórios, conquista comissões, cria núcleos conservadores, posiciona jovens, mulheres, agricultores, professores, policiais — todos alinhados a um único propósito.

·        Política é território.

·        Quem não ocupa, perde.

·        Quem perde, vê o país sendo decidido por outros.

A Terceira Frente: Organizar os Grupos de Interesse Livremente Dispersos pelo País

O movimento conservador é enorme, mas desordenado.
Tem força, mas não tem centro. Tem energia, mas não tem coordenação.

É preciso pegar essa dispersão e transformá-la em base política sólida.
Cada grupo — de bairros, igrejas, agro, famílias, educação, segurança — precisa ser identificado, reconhecido e integrado ao eixo nacional. Cada grupo precisa de liderança própria, de voz, de orientação, de direção.

O adversário nos vence porque organiza a dispersão.
Nós venceremos quando fizermos o mesmo.

A quarta frente: Construir a alma intelectual do movimento

Nenhum movimento político sobrevive sem doutrina.
Foi assim com conservadores ingleses, republicanos americanos, gaullistas franceses, democrata-cristãos alemães.

A direita brasileira precisa produzir teoria, não só indignação.
Precisa formular conceitos, não só memes.

Precisa transformar sentimento em pensamento — e pensamento em ação.

É hora de criar um núcleo intelectual que pense o país:
a economia, a cultura, a educação, a segurança, o meio ambiente, a defesa, a tecnologia, o desenvolvimento, o papel do Estado e a dimensão da liberdade.

E mais do que pensar — ensinar, formar, transmitir.

Sem doutrina, não há vitória.

Sem vitória intelectual, não há vitória política.

A quinta frente: Redigir, debater e assumir um Projeto de Nação

A direita brasileira precisa colocar na mesa, finalmente, aquilo que o Brasil nunca viu dela: um Projeto de Nação, completo, técnico, moderno, eficiente e moralmente ancorado.

Cada área do Estado deve ter diagnóstico, proposta, metas, narrativa e impacto social:

·        Agricultura forte;

·        Defesa soberana;

·        Educação que forme cidadãos;

·        Cultura que valorize o Brasil;

·        Segurança inegociável;

·        Economia produtiva;

·        Infraestrutura moderna;

·        Meio ambiente equilibrado;

·        Ciência e tecnologia a serviço da nação;

·        Políticas sociais que respeitem a dignidade.

Esse projeto precisa ser apresentado ao País, debatido nos municípios, organizado pelos mais diversos setores da sociedade, lideranças e especialistas dispostos a encabeçarem essa missão, defendido nos parlamentos e compreendido pelo povo brasileiro.

É assim que nasce legitimidade.

É assim que nasce um governo.

É assim que nasce uma alternativa real.

A sexta frente: O caderno de teses — A bússola do movimento

Todo movimento político sério tem um texto fundador.
Um documento que unifica, organiza, orienta, direciona e disciplina.

Para a direita, o caderno de teses não é luxo — é sobrevivência.

Ele precisa dizer:

·        Quem somos?

·        O que defendemos?

·        O que queremos transformar?

·        Para onde estamos indo?

·        Como pretendemos fazer?

Esse documento deve circular entre vereadores, prefeitos, deputados, governadores, senadores.

Deve ser debatido em grupos locais, em eventos estaduais, em congressos conservadores.

Ele é o alicerce doutrinário da força política que se quer nacional.

A sétima frente: Distribuir o Projeto ao País inteiro com firmeza e validação

Não adianta ter visão se ela não chega às mãos de quem decide.

É preciso levar esse projeto:

·        Para os vereadores, para que discursam incansavelmente.

·        Para os deputados estaduais, que defendem nas assembleias.

·        Para os federais e senadores, que travam a guerra institucional.

·        Para as prefeituras, que executam no território.

·        Para as associações, sindicatos e movimentos.

É preciso entrar nas cidades, organizar encontros, apresentar as ideias, criar narrativa comum, formar quadros locais, fortalecer articulação.

Política é musculatura.

E musculatura se constrói com presença.

Nenhuma corrente política se sustenta apenas com pautas morais ou discursos emocionais. A direita só sobreviverá se apresentar ao Brasil um projeto completo de Estado, mostrando que tem competência para governar em todas as áreas — da economia à cultura, da segurança à educação, da infraestrutura à tecnologia.

O que cada liderança conservadora deveria fazer agora

A resposta é simples: cumprir seu dever histórico.

Cada vereador conservador deveria estar ocupando tribunas municipais defendendo Bolsonaro diariamente.

Cada deputado estadual deveria estar transformando as Assembleias Legislativas em palcos de denúncia, pressão e mobilização civil.
Deputados federais e senadores deveriam fazer o mesmo no Congresso Nacional, mostrando ao país que há resistência, união e propósito claro.

Em vez disso, vemos parte da direita se distraindo com miudezas, disputas periféricas e ruídos que só enfraquecem a base.

A única pauta central: A liberdade de Bolsonaro

Tudo — absolutamente tudo — deveria estar subordinado à meta principal:

Garantir que Bolsonaro tenha liberdade política, jurídica e institucional para liderar o projeto de reconstrução nacional.

Sem Bolsonaro livre, nenhum projeto político da direita existe.

Sem Bolsonaro livre, nenhuma ambição individual importa.

Sem Bolsonaro livre, não há democracia

O Brasil carece de um projeto conservador sério — e urgente

Se a direita quer ser alternativa real, precisa:

·         apresentar propostas,

·         estruturar políticas públicas,

·         formar quadros,

·         construir alianças,

·         dialogar com diferentes setores da sociedade,

·         e provar que sabe governar.

É assim que grandes projetos se tornam realidade.

E isso só acontecerá se cada líder — municipal, estadual, nacional — tiver humildade para reconhecer sua posição, maturidade para obedecer à liderança e coragem para trabalhar pela missão maior.

Crescer é imperativo

O caso Carlos Bolsonaro não é sobre disputa interna.

É sobre a incapacidade de parte da direita de compreender o que realmente está em jogo.

Chegou a hora de amadurecer.

Chegou a hora de abandonar o amadorismo emocional.

Chegou a hora de se portar como uma força histórica e não como um grupo fragmentado.

Bolsonaro representa um estado de espírito.

Carlos Bolsonaro é parte essencial dessa força.

E nós temos um dever: unir, agir, obedecer, trabalhar e construir.

A direita só vencerá quando entender que a política não é sobre egos —
é sobre a Nação (Camilo Calandreli é gestor cultural, especialista em Gestão Pública, Defesa e Estratégia. Foi secretário Nacional do Fomento e Incentivo à Cultura no Governo Bolsonaro, é autor dos livros: Um Breve Ensaio da Cultura no Brasil e Um Breve Ensaio da Agricultura no Brasil, além do livro: Os Cinco Atributos do Cristão na Edificação de uma Nação. Atualmente é assessor parlamentar do Deputado Estadual Lucas Bove em São Paulo)

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