Estados Unidos prometem substituir 100% dos combustíveis de aviação que consomem internamente por SAF até 2050

Jim Spaeth, gerente do Programa da Área de Tecnologias de Bioenergia do Departamento de Energia dos Estados Unidos da América, informou que seu país pretende estar produzindo 3 bilhões de galões de combustíveis sustentáveis de aviação (SAF) já em 2030. Só isso já será o suficiente para reduzir em 20% as emissões de CO2. Mas as metas de longo prazo dos EUA são ainda mais ambiciosas: substituir todo combustível fóssil de aviões no seu país por seus equivalentes sustentáveis até 2050.

“Vamos chegar à produção de 1 bilhão de toneladas de biomassa para gerar 60 bilhões de galões de biocombustíveis. Com isso, reduziremos as emissões de gases de efeito estufa (GGE) em 450 milhões de toneladas métricas de carbono, além de gerar 1 milhão de empregos até 2050”, defendeu ele. Spaeth, que representou os Estados Unidos, em setembro, no encontro de alto nível do G20 em Foz do Iguaçu sobre Transição Energética, também participou da BBEST – IEA Bioenergy Conference, em São Paulo, encerrada ontem. Ele lembrou que o SAF é parte integrante dos objetivos do governo norte-americano no que diz respeito à transição energética.

Vilão dos GEE

“Queremos ser net zero até 2050. Nos EUA, no entanto, o setor de transporte é o maior de emissões GEE de usuários finais, tornando-o bem desafiador”, admitiu. “Metade dos nossos dólares gastos em energia são destinados ao transporte; e esse setor é responsável por metade da nossa poluição local”.

Não foi por outro motivo que, já em setembro de 2021, a administração Biden lançou o US SAF Grand Challenge, ou Grande Desafio dos Combustíveis Sustentáveis de Aviação. “Inicialmente, a ideia era reduzir os gases de efeito de estufa das emissões da aviação em 50%. Mas queremos ir bem além disso”, garantiu. Isso será possível abrangendo várias medidas, entre as quais melhorias na operação, melhorias no design dos aviões, melhorias no solo. “Mas é com SAF que a redução é significativa”, informou.

Uma tarefa para muitas mãos

A questão criou um desafio considerável ao país: os almejados 60/70 bilhões de galões de SAF em 2050 requerem 1,3 bilhão de toneladas de biomassa por ano. O governo Biden arregaçou as mangas para dar conta da meta. “Temos hoje oito agências do governo colaborando para este objetivo, entre as quais a Nasa, o Departamento de Defesa, o de Agricultura e, principalmente, o de Energia. E a Agência Federal de Transporte, que está no Departamento de Transportes, vem liderando as iniciativas para a aviação”, contou.

As tarefas foram distribuídas transversalmente por todo o governo: O Departamento de Agricultura está focado em obter a matéria prima necessária. O Departamento de Energia está dedicado a fazer o melhor uso dessa matéria prima, e em como estocá-la, como processá-la depois que deixou o campo e, em particular, em tecnologias de conversão das matérias primas em SAF.

Spaeth lembra que os EUA possuem muitas matérias primas que podem servir de base ao SAF, já que o país é continental e tem uma variedade de climas e solos diferentes – de culturas como milho e soja, à madeira em florestas do Norte. Mas o desenvolvimento da cadeia do SAF passa também por melhorias na tecnologia de conversão. “Aqui precisamos melhorar sua eficiência, custos, há muitas rotas aqui sendo calibradas para cada tipo de matéria prima”, detalhou.

Alçando voo

Alguns resultados já podem ser anunciados. Se em 2021 o país produzia 5 milhões de galões de SAF, nos seis primeiros meses desse ano, já eram 50 milhões de galões ou 300 mil toneladas métricas de GEE evitadas. “É um mercado que está alçando voo”, descreveu ele. E prometeu: “Serão, em 2030, entre 2,5 bilhões e 5 bilhões de galões de produção de SAF. É possível!”

Para o representante do governo norte-americano, o desenvolvimento da cadeia de SAF vai exigir um apoio forte de políticas públicas. Assim como será necessário garantir a efetiva implantação desses novos combustíveis, bem como qualificá-los e certificá-los. Hoje os EUA têm 26 rotas de produção, tendo em vista o apoio à cadeia do SAF.

Contudo, perguntou-se Spaeth, “há matéria prima suficiente aí fora para tudo isso?”. Para rapidamente responder: “sim!” O relatório de 2023 diz que país contará com, mais ou menos, 1,75 bilhão de toneladas de matérias primas disponíveis até 2050. O que representa um pouco mais de 60 bilhões de galões de vários tipos de biocombustíveis.

Segundo ele, os Estados Unidos serão capazes, com biotecnologia, pesquisa, desenvolvimento e investimentos, de reduzir em 85% as emissões de gases de efeito estufa. Spaeth contou que o seu governo está ansioso por trabalhar com o Brasil e com outros países pelo SAF. “Queremos criar um ecossistema global de SAF, pois nenhum país terá sucesso nesse setor sozinho. Esse um desafio terá que ser fruto da colaboração global”, finalizou.

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