Recomendações foram elaboradas por grupos de trabalho liderados por CEOs e executivos brasileiros.
Executivos e CEOs de empresas brasileiras apresentaram nesta sexta-feira (25/10) uma série de recomendações a serem levadas aos chefes de estado que integram o G20 —grupo que reúne as maiores economias do mundo e cuja cúpula acontece em novembro deste ano, no Rio de Janeiro.
As recomendações foram elaboradas por oito grupos de trabalho, cada um deles liderado por um executivo brasileiro. A lista dos temas prioritários foi anunciada durante o B20 Summit, em São Paulo.
Francisco Gomes Neto, CEO da Embraer, foi o responsável pela força-tarefa de comércio e investimento. Para essa frente, ele recomendou aos chefes do G20 melhorar a governança global de comércio e investimento, restaurando o trabalho da OMC (Organização Mundial do Comércio).
Além disso, o grupo temático liderado por Neto também sugeriu avançar na negociação para novos acordos comerciais multilaterais e pediu que os países do grupo revisem políticas comerciais rigorosas adotadas nos últimos três anos.
Na parte de finanças e infraestrutura, Luciana Ribeiro, fundadora da eB Capital, destacou que o mundo precisa de cerca de US$ 150 trilhões nas próximas três décadas para fazer a transição para uma economia mais verde e sustentável. Segundo ela, 80% desse valor virá do setor privado.
“Nossa primeira recomendação foca exatamente nisso, na mobilização de capital público e privado em soluções escaláveis e de baixo carbono”, disse.
Ribeiro ainda destacou a necessidade de fortalecer a integração de micro, pequenas e médias empresas em cadeias globais de valor.
Ricardo Mussa, CEO Raízen e colunista da Folha, liderou a força-tarefa de transição energética e clima. “Nossa primeira recomendação é triplicar as energias renováveis até 2030. Estamos falando de curto prazo”, disse.
O executivo ainda destacou a necessidade de dobrar a eficiência energética e promover soluções baseadas na natureza para garantir que a economia produza mais enquanto protege o meio ambiente.
Gilberto Tomazoni, CEO da JBS, ficou encarregado de apresentar as recomendações do grupo de agricultura e sistemas alimentares sustentáveis.
Na abertura de sua fala, ele destacou a importância do setor para a solução de grandes problemas globais. Segundo Tomazoni, a cadeia global de alimentos emprega cerca de um terço da população, representa 10% do PIB (Produto Interno Bruto) do planeta e é responsável por cerca de 40% das emissões de gases de efeito estufa.
“A boa notícia é que se transformarmos o sistema de alimentação podemos fazer uma enorme contribuição para enfrentar três grandes problemas da humanidade: acabar com a fome e desnutrição, combater a crise climática e promover desenvolvimento econômico”, disse.
Tomazoni apresentou as propostas do seu grupo de trabalho, que incluem fomentar a produtividade por meio de tecnologias sustentáveis, criar modelos de financiamento que apoiem produtores na transição verde e fortalecer o sistema de comércio agrícola.
Cada força-tarefa apresentou três recomendações, elaboradas ao longo dos últimos meses por entidades do setor privado e integrantes de outros países.
Veja a lista completa das propostas do B20:
Comércio e Investimento
- Melhorar a governança do comércio e do investimento
- Promover o comércio e o investimento sustentáveis e resilientes
- Tornar mais eficientes o comércio e do investimento
Emprego e educação
- Preparar uma força de trabalho resiliente e produtiva para o futuro do trabalho
- Garantir uma força de trabalho diversificada, inclusiva e adaptável
- Fomentar a inovação e o crescimento sustentável
Transição energética e clima
- Acelerar o desenvolvimento e o uso de portfólio de soluções de energia renovável e sustentável
- Dobrar a eficiência energética, promovendo a eficiência dos recursos e a economia circular
- Promover Soluções Climáticas Naturais eficazes para mitigar as mudanças climáticas e melhorar a biodiversidade
Transformação digital
- Atingir conectividade universal de indivíduos e empresas
- Proteger indivíduos e organizações e promover confiança digital
- Explorar de maneira responsável o potencial transformador da inteligência artificial
Finanças e infraestrutura
- Acelerar a implantação de capital privado em escala para facilitar a transição para uma economia sustentável de baixo carbono
- Aumentar o pipeline de projetos financiáveis e aprovados acelerando os processos de licenciamento para infraestrutura
- Fortalecer a integração de micro, pequenas e médias empresas em cadeias globais de valor
Integridade e compliance
- Incentivar a implementação de medidas de integridade e anticorrupção para aprimorar a governança responsável e sustentável nos negócios
- Estimular ações coletivas, envolvendo o setor público e as cadeias de valor para promover integridade
- Promover a liderança ética para fomentar o crescimento inclusivo
Agricultura e sistemas alimentares sustentáveis
- Fomentar o crescimento da produtividade por meio de tecnologias sustentáveis
- Criar modelos inovadores de financiamento para a transição dos sistemas alimentares
- Fortalecer o sistema de comércio agrícola multilateral centralizado na OMC
Diversidade e inclusão
- Aumentar a participação de grupos sub-representados
- Viabilizar um ambiente de força de trabalho equitativo
- Promover um ambiente inclusivo para o futuro do mercado de trabalho (Folha)