Como a convergência entre inteligência de dados, sensores e capacidade operacional redefine práticas de plantio, pulverização e colheita no campo.
Drones de vários tipos estão desempenhando um papel cada vez mais proeminente na sociedade moderna. Essa tendência foi possibilitada por uma convergência de avanços técnicos em termos de sofisticação e funcionalidade de controles, sensores, processamento de dados, energia, eficiência de voo e capacidade de carga.
Hoje, os drones desempenham um papel particularmente notório e destrutivo em conflitos internacionais, mas as capacidades ampliadas também permitem que eles assumam uma função mais construtiva para a sociedade no fornecimento de alimentos. No entanto, o padrão de uso agrícola às vezes envolve uma espécie de “guerra” na qual os inimigos são pragas agrícolas como ervas daninhas, insetos e doenças.
Por que o mercado de drones agrícolas está “aquecido”
Há um movimento que já dura décadas na agricultura chamado Agricultura de Precisão, que envolve um processo de detecção e mapeamento da variação espacial significativa dentro de qualquer campo em termos de produtividade, estresse, ameaça de pragas, nutrientes e outros fatores. Essas informações detalhadas são então usadas para direcionar equipamentos capazes de aplicar insumos em “taxas variáveis” ou implementar de forma refinada outras etapas de manejo, como o plantio. Os drones se encaixam perfeitamente nessa abordagem agrícola e apoiam suas vantagens econômicas e de sustentabilidade.
Drones para monitoramento e mapeamento
O plantio de precisão, a pulverização ou a aplicação de fertilizantes são normalmente guiados por um mapa gerado com o uso de um pequeno drone de vigilância. Essa é uma área de inovação ativa, exemplo disso é a AgEagle Aerial Systems (NYSE: UAVS), recentemente rebatizada como EagleNXT. O CEO Bill Irby confirma a ideia de que o mercado de drones agrícolas está “aquecido” e projeta atingir um valor global de 8 bilhões de dólares até 2029.
O sistema da empresa pode coletar imagens de dados para mapeamento em quaisquer condições de luz ambiente e utilizá-las em uma “análise de séries” que acompanha tendências-chave. Isso se baseia em tecnologias como “painéis de refletância calibrada” e um “sensor de luz descendente (DLS2)”.
Eles também introduziram recentemente uma câmera “multiespectral”, a RedEdgeP-Green, drone que escaneia três comprimentos de onda específicos de luz que compõem faixas espectrais “ricas em dados e resistentes a ruídos”. Esses dados são então usados para acompanhar componentes-chave da cor das plantas, incluindo clorofila, carotenoides e flavonoides, gerando um “Índice de Reflexão da Senescência da Planta” que pode orientar algo chamado “colheita inteligente”.
Esses sensores também são eficazes na detecção de uma doença fúngica chamada oídio. A EagleNXT fabrica sua própria marca de drones e softwares, mas esse novo sistema de sensores pode ser usado em pelo menos 150 modelos de drones produzidos por vários outros fabricantes.
Drones para transporte de cargas
Há também drones que podem realizar algumas tarefas tradicionalmente desempenhadas por equipamentos tracionados por tratores. Existe uma empresa de manufatura no Texas chamada Hylio, fundada em 2015 por estudantes da Universidade do Texas, em Austin.
Eles passaram por uma fase de aprimoramento de produto na América Central e, desde então, tornaram-se uma das poucas companhias a expandir suas capacidades de produção nos Estados Unidos para esse tipo de drone de transporte de carga. A Hylio busca realizar o máximo possível da fabricação em território norte-americano, mas um fator limitante é a intensificação da competição global pelo lítio necessário para as baterias.
A Hylio oferece uma gama de modelos de drones agrícolas com hélices rotativas. Seu modelo popular, o ARES, tem capacidade de carga de 13 galões e pode cobrir até 70 acres por hora; o modelo ATLAS, ainda em desenvolvimento, deve transportar 30 galões. A Hylio já vendeu mais de mil drones, e o estoque existente de drones pulverizadores de todos os tipos nos Estados Unidos está na faixa de 7 a 10 mil unidades.
As vendas iniciais foram em sua maioria para agricultores “inovadores precoces”, mas cada vez mais os drones vêm sendo adquiridos por prestadores de serviços comerciais de operações em campo. Há grande demanda por esses serviços porque pode ser difícil agendar pulverizações com aeronaves tripuladas, e o tempo é um fator crítico para muitas pragas, como estágios iniciais de surtos de doenças, eclosão de insetos ou germinação de plantas invasoras.
Experiência do cliente
Andy Kreikemeier é um prestador de serviços em Nebraska que utiliza drones da Hylio para atender seus clientes agricultores. Ele também é frequentemente chamado por concessionárias que fazem aplicações terrestres ou aéreas personalizadas para produtores, mas que precisam de sua ajuda durante as épocas de maior demanda.
Ele confirma a observação de que o “fluxo descendente” das hélices do drone ajuda efetivamente na cobertura da pulverização e reduz a deriva. Muitos de seus clientes precisam de aplicações pontuais contra plantas invasoras ou contra plantas resistentes a herbicidas, situações em que o drone é a ferramenta ideal. Outro alvo comum é uma infecção fúngica de meio de safra, para a qual o tempo é decisivo. Às vezes há também a necessidade de pulverizações em áreas de pastagem.
Tecnologias como essa são frequentemente citadas como algo positivo para atrair jovens a se envolverem com a agricultura, mas Andy Kreikemeier descobriu que muitos dos agricultores mais velhos com quem trabalha estão igualmente fascinados com o potencial.
Essas são ofertas exemplares de tecnologia que permitem aos agricultores implementar métodos de “agricultura de precisão”. Elas também ajudam a enfrentar os desafios da agricultura em termos de oferta de mão de obra e mudança geracional (Forbes)
