Por Marcelo Toledo
Caso ocorreu em Anta Gorda, no interior gaúcho; doença ataca sistema respiratório e provoca diarreia e edemas em animais.
O Ministério da Agricultura confirmou o registro de um foco da doença de Newcastle num estabelecimento de avicultura no interior do Rio Grande do Sul. É o primeiro caso no país desde 2006, segundo o governo federal.
A doença de Newcastle (DNC) é uma enfermidade viral que atinge aves domésticas e silvestres, provocando sinais respiratórios, frequentemente seguidos por manifestações nervosas, diarreia e edema da cabeça nos animais. É comum apresentarem andar cambaleante e consumirem menos água e alimentos.
A doença é causada pela infecção de um vírus pertencente ao grupo paramixovírus aviário sorotipo 1, virulento em aves de produção comercial. Como ataca o sistema respiratório, pode chegar a ser confundida com gripe aviária. Pode causar conjuntivite transitória em humanos, segundo uma ficha técnica do ministério.
O caso positivo refere-se a amostra de um lote de frango de corte num estabelecimento de avicultura comercial de Anta Gorda, município a 186 quilômetros de Porto Alegre, que foi interditado e proibido de movimentar as aves.
De acordo com o ministério, a confirmação foi informada às 16h desta quarta-feira (17) pelo Laboratório Federal de Defesa Agropecuária de São Paulo, referência internacional para o diagnóstico da doença de Newcastle.
A confirmação dos casos provocou queda nas ações de empresas do setor e gerou manifestações de entidades ligadas à avicultura.
A ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal) e a Asgav (Associação Gaúcha de Avicultura) informaram nesta quinta-feira (18) que estão acompanhando e dando suporte às ações do ministério e da Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul à amostra positiva para a doença na granja.
“As autoridades federais e do estado agiram rapidamente na identificação do caso com interdição da granja, garantindo que não houvesse saída de aves. Os protocolos oficiais estabelecidos para a mitigação da situação pontual foram acionados e o entorno segue monitorado”, informaram as associações em comunicado conjunto.
As ações de empresas frigoríficas registraram forte queda no pregão desta quinta-feira. A Marfrig teve a maior perda, com 9,08%, seguida por BRF (7,88%), Minerva (4,49%) e JBS (2,45%).
Os últimos registros da doença no país ocorreram há 18 anos, também no Rio Grande do Sul e em outros dois estados —Amazonas e Mato Grosso— e fizeram com que países suspendessem as importações de aves vivas do Brasil à época.
Naquele ano, 17 casos foram detectados em aves de uma pequena propriedade rural de Vale Real (distante 90 quilômetros de Porto Alegre), que não atendia frigoríficos nem integrava a cadeia produtiva da indústria.
Antes dos casos registrados em 2006, o Brasil tinha confirmado casos da doença de Newcastle em abril de 2001, depois de ela ter existido no país por mais de cinco décadas.
MEDIDAS
De acordo com o Ministério da Agricultura, a investigação do caso foi feita pela Secretaria da Agricultura gaúcha, que enviou as amostras para análise na última semana.
A pasta, em conjunto com a SDA (Secretaria de Defesa Agropecuária) do ministério, fará a erradicação das aves, seguindo o determinado pelo plano de contingência da gripe aviária e doença de Newcastle.
Além da eliminação e destruição das aves, o local passará por desinfecção e haverá investigação num raio de dez quilômetros da granja.
Ainda conforme o ministério, o consumo de produtos avícolas que foram inspecionados pelo SVO (Serviço Veterinário Oficial) segue seguro e sem nenhuma contraindicação.
Segundo o DDA (Departamento de Vigilância e Defesa Sanitária Animal), órgão do governo do Rio Grande do Sul, as equipes da secretaria já fizeram atuação preventiva em granjas de corte comercial num raio de três quilômetros e não foi detectado nenhum outro caso suspeito.
“A partir de agora, as equipes passam a atuar em, no mínimo, 775 propriedades rurais cadastradas em nossos sistemas, que incluem a avicultura comercial e de subsistência, para investigação clínica e epidemiológica, além de orientações das medidas de biosseguridade das granjas e sensibilização da população para a notificação de suspeitas”, disse o diretor-adjunto do DDA, Francisco Lopes, por meio de sua assessoria.
Barreiras sanitárias também devem ser realizadas na região do foco, conforme o diretor (Folha)
“Todos os mercados estão informados sobre o caso de Newcastle no Rio Grande do Sul”, afirma ministro
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou que todos os países importadores de produtos avícolas do Brasil foram comunicados sobre a detecção de um caso da doença de Newcastle em aviário comercial no Rio Grande do Sul. “Já informados todos mercados; aqueles com restrições mais severas são União Europeia e China, que estão sendo comunicados. Tínhamos restrição do Japão, mas repactuamos o protocolo, assim como estamos repactuando com a China”, disse Fávaro a jornalistas após reunião do gabinete itinerante do Ministério no Rio Grande do Sul. “Com essa comunicação rápida, a região afetada terá desembargo rápido para que isso não cause mais problemas à economia do Rio Grande do Sul”, acrescentou o ministro. Geralmente casos de notificação de doenças animais geram restrições temporárias aos países exportadores.
A doença de Newcastle é uma doença viral que afeta aves domésticas e silvestres e causa sinais respiratórios seguidos por manifestações nervosas. O Ministério da Agricultura confirmou ontem a detecção do foco de DNC em um estabelecimento industrial de 14 mil animais em Anta Gorda, no Rio Grande do Sul. Segundo o Ministério, o estabelecimento avícola foi “imediatamente interditado” e as aves estão sendo monitoradas. Os últimos casos no País haviam sido registrados em 2006 em aves de subsistência em Amazonas, Mato Grosso e Rio Grande do Sul.
O ministro afirmou que a pasta não tinha dimensão do impacto que a DNC geraria em aspectos comerciais, mas como o caso se apresenta de forma isolada os reflexos tendem a ser minimizados. “Isolamos a área em um raio de 10km e estamos monitorando a situação, mas nos parece um caso isolado. Houve uma chuva de granizo, caiu o telhado do aviário, 7 mil animais morreram e em um foi detectado a Newcastle. Os outros animais não estão apresentando sintoma da doença”, explicou o ministro.
Segundo Fávaro, se algum novo caso for detectado, os demais animais, até então monitorados, serão sacrificados. “As características apontam que o animal se contaminou por fezes de aves silvestres que estavam no telhado dessa granja. Se houver propagação da doença no aviário, iremos fazer o extermínio em um raio de 3 km”, antecipou. O ministro voltou a reiterar que a DNC não é uma zoonose transmissível, não havendo risco de contaminação das pessoas (Broadcast)
ABPA e ASGAV dão suporte à ação oficial contra o foco da doença no RS
A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e a Associação Gaúcha de Avicultura (ASGAV) comunicaram em nota estarem acompanhando e dando suporte à ação do Ministério da Agricultura e Pecuária e da Secretaria de Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação do Rio Grande do Sul, em relação à uma amostra que testou positivo para o caso de Doença de Newcastle em granja do Estado.
Conforme o comunicado, autoridades federais e do Estado agiram rapidamente na identificação do caso com interdição da granja, garantindo que não houvesse saída de aves. De acordo com as entidades, os protocolos oficiais estabelecidos para a mitigação da situação pontual foram acionados e o entorno continua monitorado. A Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) também já foi informada. “Como de praxe, o Brasil manteve e manterá total transparência no tratamento à situação, garantindo rápida solução a esta que é questão sanitária das aves”, concluíram (Broadcast)