Cuidados essenciais para um rebanho saudável

Atuar preventivamente contra doenças que prejudicam o desempenho e que são potencialmente fatais para o gado é uma forma de evitar prejuízos e otimizar a produtividade na fazenda

Os bovinos estão constantemente expostos à diversos desafios sanitários que podem prejudicar a saúde, o bem-estar e o desempenho gerando riscos à saúde do rebanho, além de prejuízos econômicos aos pecuaristas.

Agir de forma preventiva é uma estratégia eficaz para assegurar uma produção eficiente. Além disso, evitar que o gado desenvolva doenças virais, bacterianas e parasitárias possibilita que os animais expressem o seu melhor potencial produtivo, gerando mais lucros ao produtor.

Doenças como a Raiva e as Clostridioses são particularmente preocupantes, sendo a raiva uma doença com desfecho fatal e as clostridioses também tendem a ter esse desfecho. Por isso exigem protocolos preventivos adequados com a inclusão de vacinações previamente aos momentos de maiores desafios.

“Essas enfermidades estão associadas ao ambiente em que os bovinos se encontram. A raiva bovina é transmitida principalmente pelos morcegos hematófagos (“vampiros”), que são comuns em diversas regiões brasileiras. Já as clostridioses estão em todo o território nacional, sendo toxi-infecções ou intoxicações relacionadas a bactérias do gênero Clostridium spp. Essas bactérias estão presentes no ambiente, onde formam estruturas bastante resistentes, os esporos, que persistem por vários anos no ambiente. Assim os animais podem ingerir estes esporos que permanecem no organismo aguardando condições favoráveis para a sua multiplicação e produção de toxinas (venenos) que serão responsáveis pela sintomatologia das doenças específicas pelas quais são responsáveis, com o carbúnculo sintomático e as enterotoxemias por exemplo. No caso do botulismo, uma clostridiose, a produção das toxinas ocorre nos alimentos e/ou água contaminados por esporos do Clostridium botulinum Tipos C e D aqui no Brasil, ou mesmo em carcaças de animais mortos. Há ainda a gangrena gasosa, cujos esporos chegam aos pelos e a pele dos animais que uma vez introduzidos no organismo (agulhas, ferimentos, etc.), encontrando condições de anaerobiose, se multiplicarão e causarão a doença ”, detalha Marcos Malacco, médico-veterinário gerente de serviços veterinários para bovinos da Ceva Saúde Animal.

Outra enfermidade importante é a Brucelose. A doença é causada pela bactéria Brucella abortus, e causa grandes prejuízos quer pelos danos diretos ou mesmo sendo uma barreira para a exportação de animais e derivados de origem animal. A enfermidade pode causar abortos, nascimento de bezerros fracos, retenção de placenta e infertilidade nas vacas e nos touros. A vacinação contra a Brucelose nas fêmeas bovinas entre os 3 e os 8 meses de idade é uma medida importante de controle da doença em rebanhos bovinos, sendo obrigatória em algumas regiões do Brasil.

“Os protocolos de vacinação exigem atenção e cuidados para serem efetivos. Por isso a participação do médico veterinário na elaboração dos calendários sanitários é fundamental. É importante destacar que para diversas vacinas veterinárias destinadas aos bovinos, animais que estejam sendo vacinados pela primeira vez (primovacinação), independentemente da idade, devem receber a 1ª dose seguida de uma dose de reforço em um intervalo não muito longo da 1ª dose. Geralmente este reforço vacinal deverá ocorrer cerca de 4 semanas após a primeira aplicação. Posteriormente os animais deverão receber reforços (revacinações) a intervalos indicados pelos fabricantes e pelo médico veterinário. Também deve-se destacar que a proteção proporcionada pelas vacinas não é imediata, demandando certo período (2 a 4 semanas) para ser mais efetiva. A sanidade é um dos pilares para a produtividade e, consequentemente, para a sustentabilidade da pecuária bovina”, Malacco alerta.

Além das doenças anteriormente mencionadas a preocupação com as parasitoses também deve ser levada em conta. Merece destaque o controle estratégico das principais verminoses gastrointestinais, que impactam negativamente o desempenho do rebanho e que podem passar despercebidas.

“No Brasil, a principal manifestação das verminoses nos bovinos é denominada subclínica, quando os sinais clássicos do problema não são muito evidentes. Entretanto mesmo nessa situação há prejuízos devido ao comprometimento na ingestão (apetite), absorção, metabolismo e conversão ou aproveitamento dos alimentos. A presença de vermes redondos gastrointestinais, mesmo em pequenas cargas, pode determinar perdas de sangue, de nutrientes com as proteínas para a reparação de lesões e produção de muco, além de determinar alterações hormonais com reflexos negativos no apetite, que passam despercebidos”, elucida o profissional.

A sensibilidade às verminoses varia de acordo com as categorias de bovinos. De maneira geral no gado de corte, os impactos negativos mais pronunciados se iniciam nos animais entre os 3 a 4 meses de idade indo até os 24 a 30 meses. Esta fase coincide com aquela em que o desenvolvimento corporal é priorizado em detrimento às outras funções e, por isso, o impacto negativo das verminoses nesta fase é mais pronunciado, sendo bastante afetado o ganho médio de peso vivo, o desenvolvimento muscular, esquelético e de importantes órgãos e sistemas.

Já nos animais adultos, em função de sucessivas infecções prévias que servem para estimular seu sistema imune, o impacto das verminoses costuma ser menor. No entanto, em determinados momentos que favoreçam a queda de imunidade geral, como alterações de lotes, mudanças de dieta e viagens, por exemplo, os efeitos negativos são mais pronunciados. “O maior problema é que a grande maioria dos casos de verminose nos bovinos é de manifestação subclínica, o que quer dizer que não é claramente demonstrado. Tudo isso afeta o desempenho e causa prejuízos que podem ser mitigados com um bom programa de controle, elaborado com a participação de um médico veterinário”, destaca o profissional. Ainda com relação aos bovinos, fêmeas no periparto apresentam queda natural da imunidade geral, inclusive aos efeitos negativos das verminoses, o que pode agravar o Balanço Energético destes animais com reflexos negativos na produção de colostro e leite, e retorno da atividade cíclica ovariana no pós-parto.

Há ainda as infestações por parasitos externos que também impactarão negativamente a produtividade, o bem-estar e a saúde dos animais, exigindo calendários específicos. Neste caso temos as infestações por carrapatos, importantes vetores dos agentes da Tristeza Parasitária Bovina (TP), por bernes, moscas e as bicheiras.     

Endectocidas a base de ivermectina são importantes aliados para o amplo controle dos principais parasitos dos bovinos. Eles atuam contra as principais verminoses além de controlar infestações por importantes parasitas externos, como bernes e carrapatos. Também podem indiretamente auxiliar nas infestações por moscas dos chifres, uma vez que controlam o desenvolvimento de larvas dessa mosca que podem utilizar as fezes dos animais tratados durante o ciclo de vida. 

Related Posts

  • All Post
  • Agricultura
  • Clima
  • Cooperativismo
  • Economia
  • Energia
  • Evento
  • Fruta
  • Hortaliças
  • Meio Ambiente
  • Mercado
  • Notícias
  • Opinião
  • Pecuária
  • Piscicultura
  • Sem categoria
  • Tecnologia

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Quer receber notícias do nosso Diário do Agro?
INSCREVA-SE

You have been successfully Subscribed! Ops! Something went wrong, please try again.

© 2024 Tempo de Safra – Diário do Agro

Hospedado e Desenvolvido por R4 Data Center