Por Roberto Rodrigues
Agropecuária pode mitigar riscos climáticos ao mesmo tempo que terá papel de protagonista na segurança alimentar, na transição energética justa e na redução da desigualdade social.
Na segunda-feira, 10 de novembro, finalmente começa em Belém do Pará a COP-30, tão esperada. Vale a pena reafirmar que não é uma COP do Brasil, mas é no Brasil, e, portanto, o mundo todo vai estar de olho em nós. Também não é um evento do agro, e sim mais uma COP do Clima, que buscará mecanismos que os países devem adotar para impedir o aquecimento global.
Mas devemos aproveitar a oportunidade para mostrar a toda gente a grande contribuição que nossa agropecuária pode oferecer ao planeta para mitigar os riscos climáticos ao mesmo tempo que terá papel de protagonista na segurança alimentar e na transição energética justa e ainda na redução da desigualdade social, todos fatores que ameaçam a estabilidade política e social das nações.
Para cumprir este propósito, instituições de classe agropecuária e da academia ligadas direta ou indiretamente às atividades do campo se somaram a think tanks preocupados com o desenvolvimento harmonioso da humanidade e criaram um Fórum Brasileiro da Agricultura Tropical Sustentável e produziram um alentado documento que contém dois grandes capítulos.
No primeiro está contada a verdadeira história dos últimos 50 anos da produção rural do País, explicando como foi possível deixar de ser um importador de 30% dos alimentos consumidos para se transformar em exportador para mais de 190 países. Fica claro que o eixo causal central desta evolução foi a tecnologia tropical desenvolvida por nossas organizações de pesquisa e desenvolvimento e aplicadas pelos empreendedores produtores rurais do Brasil. Com riqueza de dados, mostra-se que o resultado deste processo é a sustentabilidade e a competitividade do setor produtivo.
O segundo capítulo contém um conjunto de propostas enviadas pelos participantes do Fórum para que as nações do mundo tropical – América Latina, África subsaariana e parte da Ásia – aproveitem este modelo criado no Brasil e, considerando as características edafoclimáticas e institucionais específicas de cada região, também desenvolvam seus setores rurais, gerando empregos, riqueza e renda e contribuindo para cuidar do clima, da segurança alimentar e da matriz energética renovável.
O documento foi entregue na segunda-feira passada ao embaixador André Corrêa do Lago, que assume a presidência da COP agora e, em seu mandato de um ano, pretende implementar as decisões desta e das anteriores.
As propostas nele contidas podem ser um interessante instrumento para a realização destas pretensões.
Que elas aconteçam, porque trarão paz na Terra! (Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura e professor emérito da Fundação Getúlio Vargas; Estadão)






