Cooxupé e Minasul vão usar tecnologia que promete definir qualidade do grão, perfil do sabor e detectar defeitos não visuais.
As cooperativas mineiras de cafeicultores Cooxupé e Minasul formalizaram nesta terça-feira (24/9) um acordo com a startup ProfilePrint, de Singapura, para ter acesso a um equipamento que usa IA (inteligência artificial) para classificar grãos de café. O movimento promete dar mais transparência aos negócios.
Dependendo da qualidade, o preço do café verde pode variar cerca de R$ 200 por cada saca de 60 kg. Mesmo os grãos com qualidade intermediária (duros, com “xícara” mais fraca) podem ser R$ 100 por saca mais caros do que aqueles de qualidade inferior, os chamados riados. Essas variações reforçam a importância de uma classificação assertiva.
O uso da máquina classificadora da ProfilePrint, que tem o tamanho de um liquidificador e utiliza a tecnologia de IDaaS (identidade digital de alimentos como serviço), deve auxiliar nesse processo. No entanto, o dispositivo não vai substituir os tradicionais provadores de café —profissionais treinados para certificar a qualidade do produto.
“Não vai substituir o provador. O que a gente quer com a máquina é consistência no processo de classificação”, disse Nicholas Yamada, country manager da ProfilePrint, ao divulgar o acordo com as cooperativas de café arábica em evento em São Paulo.
A tecnologia IDaaS da ProfilePrint —já utilizada pelas empresas Louis Dreyfus Company, Olam Agrícola e Sucafina para a classificação de café no Brasil—, permite a definição da qualidade do grão e o perfil do sabor. Ao sintetizar dados moleculares complexos das amostras analisadas, o equipamento determina, por exemplo, se a bebida é mais suave.
Segundo a companhia, o equipamento é capaz de detectar defeitos não visuais no produto, uma dificuldade enfrentada pela indústria alimentícia. Tais defeitos, que incluem fermentação leve ou mofo em estágio inicial, podem prejudicar a qualidade e o sabor do café.
“Vai agilizar processos. O provador pode focar em produtos de maior valor agregado, a máquina tira um pouco da carga. Em uma cooperativa são milhares de amostras por dia. A máquina pode fazer uma triagem”, acrescentou Yamada.
A máquina da startup de Singapura está há dois anos no mercado, em mais de 60 países. Há mais de 80 unidades distribuídas em várias partes do mundo, cinco delas em operação no Brasil.
Ele disse que esse total não inclui os equipamentos que serão utilizados pelas cooperativas mineiras. O projeto também tem participação do Instituto CNA.
Para Yamada, com a entrada das cooperativas no processo, os produtores poderão ter mais informações em mãos para negociar com os compradores.
A ProfilePrint informou ainda que está lançando um outro equipamento que promete permitir uma expansão das análises para outros produtos alimentícios processados.
O CEO e fundador da ProfilePrint, Alan Lai, disse que a tecnologia aumenta a eficiência e agiliza os processos da indústria de alimentos, tornando-os mais sustentáveis.
Ele evitou comentar sobre os investimentos realizados no empreendimento, assim como os lucros esperados. Mas disse que o campo é vasto, considerando os mais variados produtos alimentícios que podem ser analisados. Atualmente, o café é o principal mercado da empresa (Folha)