Indústria que será implantada em Cruz Alta (RS) é uma parceria da Cotrisal, Cotrijal e Cotripal.
Com um investimento de R$ 1,25 bilhão, será construída no município de Cruz Alta (RS) uma usina de biodiesel de soja com capacidade para processar 3 mil toneladas por dia e até 1 milhão por de toneladas por ano. O investimento, antecipado pela Globo Rural, teve seu lançamento nesta quarta-feira (28/5).
A nova indústria, chamada de Soli3, é um empreendimento realizado em parceria pelas cooperativas gaúchas Cotrijal, de Não-Me-Toque; Cotrisal, de Sarandi; e Cotripal, de Panambi. Uma área de aproximadamente 140 hectares, entre Cruz Alta e a comunidade de Benjamin Nott, foi adquirida pelas cooperativas, e a previsão é de que as obras de terraplanagem tenham início no segundo semestre.
As operações devem começar em 2028, com expectativa de faturamento de R$ 2,2 bilhões por ano. A planta industrial vai produzir óleo degomado, biodiesel, glicerina, farelo de soja e casca peletizada. Os produtos, utilizados nas indústrias de alimentos, rações e biocombustíveis, devem atender mercado interno e de exportação. No caso do farelo de soja e da casca peletizada, a produção deve abastecer, inclusive, a demanda das próprias sócias do empreendimento.
Juntas, as três cooperativas têm uma área de atuação com mais de 100 municípios e cerca de 35 mil associados, além de 2,8 milhões de toneladas (mais de 46 milhões de sacas) em capacidade de armazenamento de grãos. Por meio de um processo de intercooperação, Cotrijal, Cotrisal e Cotripal criação uma central, que será responsável pela gestão da usina.
“A intercooperação é tanto uma realidade quanto uma necessidade. Com a união de três cooperativas, podemos aumentar significativamente nosso volume de produção, adquirir insumos em maior escala e negociar melhores preços. Isso nos permitirá comercializar nossos produtos com maior valor agregado, contribuindo para o desenvolvimento regional. Esse passo inicial pode impulsionar a criação de um parque industrial, abrindo caminho para novas oportunidades de industrialização na cadeia produtiva”, explica o presidente da Cotrijal, Nei César Manica.
No primeiro ano de atividades, o presidente da Cotrisal, Walter Vontobel vai presidir a nova central cooperativa. No segundo ano, será o presidente da Cotripal, Germano Döwich; e, no terceiro, por Manica, da Cotrijal.
“Estamos vivendo um momento histórico, em que a união com outras grandes cooperativas do Rio Grande do Sul nos permite agregar valor ao que é do nosso associado. A criação de uma central é um passo firme e decisivo, que fortalece os nossos negócios, impulsiona a sustentabilidade e leva desenvolvimento para toda a nossa região”, reforça Germano Döwich, presidente da Cotripal.
Para Walter Vontobel, presidente da Cotrisal, “a parceria entre as cooperativas é o alicerce para o sucesso deste empreendimento, pois fortalece o setor e impulsiona o desenvolvimento sustentável. A união entre Cotrisal, Cotrijal e Cotripal na criação da nova indústria exemplifica como a intercooperação pode gerar novos mercados e agregar valor à produção”.
A prefeita de Cruz Alta, Paula Rubin Facco Librelotto, disse, durante o anúncio oficial, que a Soli3 “muda definitivamente a história e o futuro de Cruz Alta.” Ela enfatizou ainda o potencial logístico, a força na produção de grãos e o capital humano como determinantes para escolha da cidade como sede da usina, além de destacar a importância da nova indústria para o desenvolvimento regional.
O secretário de Desenvolvimento Econômico, Ambiental, Empreendedorismo e Inovação de Cruz Alta, Rogério Coradini Oliveira, destaca que a usina deve movimentar um volume até três vezes superior à produção do próprio município. “Deve envolver a cadeia produtiva de soja de toda a região”, diz.
“Somos uma cidade ‘geocêntrica’ regional, com um dos mais importantes entroncamentos rodoferroviários do Estado. Contamos com diferenciais para a logística, como ligação direta com o Porto de Rio Grande, via linha férrea, e um aeroporto com pista de 1.200 metros e estrutura para uso noturno”, acrescenta
Impactos econômicos
Para o secretário, o empreendimento deve gerar um impacto econômico no município de aproximadamente 60 mil habitantes, bem como na região e no Estado. Ele ressalta a movimentação do setor de prestadores de serviços e acrescenta que os resíduos de soja esmagada na usina poderão ser aproveitados em outras áreas e estimular a abertura de novos negócios.
“Temos perspectivas de que podem ser gerados outros investimentos nas imediações, inclusive de pequenas e médias indústrias. No processo de produção, são gerados o farelo de soja, utilizado na produção de ração animal, e a glicerina, usada pelas indústrias de cosméticos e farmacêutica”, exemplifica.
A usina de biodiesel deve gerar aproximadamente 650 empregos diretos e indiretos, além de abrir em torno de mil vagas durante a construção. De acordo com o secretário, a estimativa é de geração de cerca de R$ 210 milhões por ano de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) (Globo Rural)