Asiáticos antecipam importações porque Brasil tem pouco produto para exportar.
A China acelera as compras de soja no mercado dos Estados Unidos, como mostram os registros de antecipação de exportação para o país asiático.
Os americanos venderam 6,8 milhões de toneladas para os chineses, segundo o Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). Pelo ritmo das últimas semanas, as exortações desta safra comercial de 2024/25, que teve início em 1° de setembro, deverão superar as de 2023/24. Há um ano, as vendas antecipadas dos Estados Unidos para a China estavam em 7,5 milhões.
Segundo avaliações da AgRural, os preços da soja americana estão interessantes para os compradores chineses. Além disso, o Brasil tem pouca soja para embarcar até janeiro.
O volume comercializado entre China e Estados Unidos nesta safra, no entanto, ainda é o menor para a época do ano desde 2019, quando a guerra comercial entre os dois países estava em curso.
Dados desta terça-feira (1/10) da Anec (Associação Nacional dos Exportadores de Cereais) indicam que o Brasil exportou 89,5 milhões de toneladas de soja até o final de setembro, um volume 3% superior ao do mesmo período de 2023.
No ano passado, um período de recorde de produção, as vendas externas brasileiras somaram 101 milhões. Neste ano, a safra foi frustrada e não atingiu os patamares esperados. Mesmo assim, o ritmo de vendas está aquecido.
Os americanos vão ter mais produtos para exportar na safra 2024/25, após a quebra de produção na anterior. Os dados do Usda desta semana apontam que a colheita está adiantada, atingindo 26% da área plantada, e 64% da safra estão em condições boas e excelentes.
O tempo seco vigente nestas semanas dará mais ritmo à colheita, que, após terminada, deverá render o recorde de 125 milhões de toneladas.
Uma boa notícia para o produtor é que os estoques físicos trimestrais ficaram em 9,3 milhões de toneladas no início de setembro, abaixo do que era previsto.
O consumo americano em 2023/24 recuou para 112 milhões de toneladas, o menor em quatro anos, devido à quebra de safra no período anterior.
Saindo do foco
O secretário de Agricultura dos Estados Unidos, Tom Vilsack, em visita à Europa, avisou que a agricultura dos Estados Unidos não devasta florestas, portanto deve ficar da lei antidesmatamento, que entra em vigor no início de 2025. Mais pressão sobre o Brasil.
Soja na cana
O analista Vlamir Brandalizze afirma que parte das áreas de cana queimadas nos recentes incêndios poderá ir para a soja. Se isso ocorrer, a área total com a oleaginosa poderá ficar próxima de 48 milhões de hectares (Folha)