Debate tem sido travado na Agritechnica 2025, na Alemanha, onde executiva apresentou dados sobre o tema.
Debate tem sido travado na Agritechnica 2025, na Alemanha, onde executiva apresentou dados sobre o tema.
Entre tratores elétricos e máquinas autônomas, um dos debates mais curiosos da Agritechnica 2025 é sobre o futuro dos robôs colhedores de frutas, legumes e verduras.
Apesar do avanço vertiginoso da automação agrícola, a colheita ainda é um dos últimos redutos onde o ser humano permanece insubstituível.
Segundo Christine Marie, diretora global de negócios agrícolas da Festo, “uma fruta não é um parafuso”.
É justamente essa imprevisibilidade da natureza que mantém a colheita automatizada de algumas culturas como um desafio tecnológico global.
“A tecnologia está evoluindo, os dados estão disponíveis e a necessidade de mão de obra é cada vez maior. É só questão de tempo, talvez mais cinco anos, até vermos robôs realmente colhendo frutas melhor que seres humanos”, conclui Christine Marie.
Na avaliação da executiva, os robôs precisarão de mais cinco anos para realmente aprender a colher frutas de forma autônoma e comercialmente viável.
“Existem muitas startups tentando resolver o problema, e já vemos avanços concretos. Acredito que dentro de cinco anos teremos sistemas operando comercialmente em campo aberto”, afirma Christine.
Hoje, explica ela, robôs autônomos de plantio, capinação, pulverização já funcionam em larga escala, mas a complexidade de colher um tomate maduro sem danificar ou confundir a planta continua sendo um obstáculo de engenharia.
O foco da Festo está em desenvolver componentes essenciais para esse tipo de máquina, como sistemas de movimento, garras pneumáticas “delicadas” e unidades de vácuo.
“Estamos bastante avançados em projetos de colheita de maçãs e de cogumelos tipo champignon”, conta.
Por que é tão difícil?
A dificuldade de automatizar a colheita vai muito além de segurar uma fruta.
A máquina precisa reconhecer um fruto parcialmente escondido por folhas, escolher o ângulo certo para o corte, evitar ferir a planta e ainda lidar com questões sanitárias.
“O olho humano entende imediatamente que atrás da folha há meia maçã; a máquina vê apenas uma forma incompleta”, resume Christine.
Além da engenharia mecânica, o avanço depende de grandes volumes de dados, algoritmos de visão computacional e aprendizado de máquina.
É a combinação dessas áreas que promete permitir que as máquinas “aprendam” a colher com o mesmo cuidado e eficiência de um trabalhador humano.
“Os agricultores precisam de soluções que funcionem. Eles não têm tempo para consertar robôs no meio da colheita”, diz a executiva.
Christine reconhece que o ritmo de investimento em robótica agrícola diminuiu nos últimos anos.
“Houve uma grande onda de investimentos em agricultura vertical, mas essa bolha estourou. Agora o capital está indo para inteligência artificial, e a agricultura voltou a carecer de grandes aportes”, comenta.
Apesar disso, empresas e startups continuam apostando na automação da colheita como o próximo salto tecnológico do setor.
Firme, mas delicado
A Festo não fabrica robôs completos, mas fornece os módulos e tecnologias que os fabricantes de máquinas incorporam em suas soluções.
“Nosso papel é possibilitar que esses construtores levem a automação para o campo com precisão e segurança”, completa.
O principal destaque apresentado pela Festo na Agritechnica foi o “soft gripper”, ou garra macia, uma estrutura pneumática feita para imitar o toque humano.
“Ela funciona com vácuo. Se você colocar a mão, ela não machuca, mas segura com firmeza. O sistema ajusta a pressão de ar conforme o formato e a delicadeza do fruto”, explica Christine.
A tecnologia está disponível em diferentes tamanhos e pode ser customizada de acordo com o tipo de cultura (Globo Rural)






