- Arroz cai 20% no ano no varejo, mas café mantém alta e sobe 40% para consumidor
- O clima, menos severo do que no ano passado, permitiu oferta maior dos produtos ‘in natura’
A inflação dos alimentos voltou a recuar em setembro, registrando queda média de 0,52%. É a quarta retração mensal seguida, segundo dados da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) desta quinta-feira (2/10).
Os preços dos alimentos não devem atingir neste ano a valorização registrada em 2024, quando a alta foi de 8%. Até setembro, o aumento médio do setor é de 2%, abaixo da inflação geral do período, que chega a 3,25%.
A redução dos preços para o consumidor é reflexo tanto de fatores internos como externos. Internamente, o clima foi mais amigável neste ano do que no anterior, permitindo uma safra recorde. Externamente, embora a demanda internacional continue firme para os produtos brasileiros, os preços externos ajudaram a segurar os internos.
Alguns itens são básicos para essa desaceleração da taxa de inflação. O arroz, produto de peso na composição do índice, é um deles. A boa safra brasileira e a pressão menor dos preços no mercado internacional, inibindo um volume maior de exportações, provocaram queda de 20% no preço pago pelos consumidores, conforme a pesquisa da Fipe, referente à cidade de São Paulo.
Os preços no varejo seguem os praticados no campo. Apenas em setembro, a saca de arroz teve retração de 11% no Rio Grande do Sul, segundo pesquisa do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).
O óleo de soja, outro componente presente na cozinha do brasileiro, acumula queda de 7% até setembro. A redução é reflexo da safra recorde de 171 milhões de toneladas neste ano, segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) e da queda dos preços praticados no mercado internacional.
As exportações brasileiras continuam em patamar recorde, mas o valor médio da tonelada exportada está em US$ 423, estável em relação a setembro do ano passado. O esmagamento interno da oleaginosa poderá chegar a 59 milhões de toneladas, elevando a oferta de óleo para 12 milhões no ano.
Entre os óleos comestíveis, o de oliva, passado o período de queda de safra na Europa, acumula queda de 21% no varejo.
As carnes também puxam a inflação para baixo. Segundo a Fipe, a suína está 5,6% mais barata neste ano, e a bovina, 1,6%. Já o frango, refletindo aceleração das exportações, mesmo com a gripe aviária, ficou 1,4% mais caro no ano para o consumidor.
Os números das exportações deste segmento caminham para um recorde. Os dados da carne “in natura”, referentes a setembro, mas ainda incompletos, já indicam 295 mil toneladas para a carne bovina, 441 mil para a de frango e 127 mil para a suína.
O aumento de produção de leite, devido a condições melhores nas pastagens e a investimentos dos produtores, provoca queda nos preços. No campo, a redução é de 12%, em relação ao ano passado, e no varejo, de 3,4%.
O preço do café voltou a cair em setembro para os produtores. A queda do arábica foi de 8%, e a do robusta, de 13%. No varejo, houve uma estabilidade, mas a alta acumulada é de 40% no ano.
O clima, menos severo do que no ano passado, permitiu oferta maior dos produtos “in natura”. A retração média dos preços foi de 2,4% no ano. Alguns itens, como batata e cebola, tiveram quedas de 34% e 25%, respectivamente.
Soja
Após a safra recorde de 171,6 milhões de toneladas neste ano, a Hedgepoint prevê produção de 178 milhões em 2025/26.
A consultoria estima as exportações brasileiras em 112 milhões de toneladas no próximo ano. Essa previsão vai depender, no entanto, das negociações entre Estados Unidos e China. Neste ano, as vendas externas brasileiras da oleaginosa vão somar o recorde de 109 milhões (Folha)