Produtores precisam de mais grãos para encher a saca de 60 quilos.
O clima afetou o rendimento das lavouras de café na safra 2025, em fase final de colheita, segundo a Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé). As altas temperaturas e o déficit hídrico registrados no período de fevereiro a maio afetaram a fase de granação dos cafezais, gerando grãos de tamanho normal, mas leves. Com isso, os produtores precisam de mais grãos para encher a saca de 60 quilos.
“Na avaliação da colheita a gente viu que tinha frutos normais [com dois grãos] e frutos com um grão só desenvolvido por grão [chamado grão moca ou moquinha]. O índice de café moca este ano está 10% acima do normal este ano”, afirmou Guilherme Vinícius Teixeira, engenheiro-agrônomo e coordenador de geoprocessamento da Cooxupé, durante evento realizado pela cooperativa.
Apesar do rendimento abaixo do esperado, o resultado final ainda está melhor que no ano passado, quando houve quebra de safra. Teixeira diz que com a produção atual o rendimento é de 553 litros por saca de café, contra 503 litros por saca no ano passado.
Questionado sobre o impacto de duas geadas que atingiram algumas regiões de Minas Gerais em julho, Teixeira disse que as geadas não causaram problemas para a safra atualmente em colheita, mas pode afetar o desenvolvimento da safra 2026.
“Choveu em junho e julho, e com isso os botões florais se desenvolveram mais cedo. O que acontece agora é que tem café da safra 2025 sendo colhido e vindo com ele as flores da safra 2026”, observou.
Marco Antônio dos Santos, agrometeorologista e sócio-fundador da Rural Clima, disse que neste ano os cafezais não sofreram tanto estresse hídrico como no ano passado. Por conta disso, é possível que as lavouras apresentem várias floradas ao longo da safra. “Isso atrapalha a qualidade, porque na fase da colheita o produtor vai ter grãos em diferentes fases de maturação e de diferentes tamanhos”, afirmou Santos.
O agrometeorologista estima que o fenômeno La Niña volta a atuar entre 2025 e 2026, devendo provocar aumento de chuvas no verão do Sudeste, outono e inverno mais secos e quentes no ano que vem.
A Cooxupé informou que a colheita já alcançou 80,4% da sua área até o dia 8 de agosto, ante 87,3% no mesmo período de 2024. Os índices de colheita chegam a 83,9% no sul de Minas, 75,2% no Cerrado Mineiro, 85% na região das Matas de Minas e 72,4% em São Paulo.
Tarifaço americano
Carlos Augusto Rodrigues de Melo, presidente da Cooxupé, disse que a cooperativa enfrenta alguns desafios na safra 2025. Um deles é a produção aquém do esperado inicialmente. Outro desafio é a imposição pelos Estados Unidos de tarifa de 50% sobre o café brasileiro.
Melo disse que a Cooxupé tem avançado nas conversas com os clientes dos Estados Unidos. “Podemos dizer que isso vai avançar. Quando há divergência tem que se conversar”, afirmou, sem dar mais detalhes.
Ele considerou que os Estados Unidos não ficarão sem o café brasileiro, considerando o consumo anual do país, na casa de 25 milhões de sacas (Globo Rural)