Embaixador chinês em Washington afirmou que os dois países são “parceiros naturais” e só têm a ganhar no comércio agrícola.
A China sinalizou a intenção de retomar compras de soja dos Estados Unidos, desde que sejam resolvidos os entraves na relação comercial. Ao discursar em um evento, o embaixador chinês em Washington, Xie Feng, defendeu a cooperação bilateral no comércio agrícola e citou a oleaginosa como exemplo positivo dessa parceria.
“A soja, em particular, é um símbolo das cadeias industriais e de suprimentos profundamente interconectadas de nossos dois países. Na soja, podemos ver o compromisso compartilhado da China e dos EUA com a agricultura”, disse o embaixador. O discurso foi divulgado em inglês em seu perfil oficial no X (antigo Twitter).
Feng fez um pronunciamento ao participar de encontro no Conselho dos Exportadores de Soja dos Estados Unidos (USSEC, na sigla em inglês), na semana passada. Afirmou que, sendo grandes produtores e consumidores de produtos agrícolas, chineses e americanos são “parceiros naturais”.
“Durante ano, a China permaneceu como o principal destino de produtos agrícolas americanos, e metade da soja americana foi vendida para a China”, destacou. “Na soja, podemos ver o fato de que a China e os Estados Unido têm a ganhar com a cooperação e a perder com o confronto”, acrescentou, em crítica à escalada de protecionismo e à guerra comercial do governo de Donald Trump.
“Precisamos manter as “pragas” longe da cooperação agrícola bilateral, dizer um “não” veemente a qualquer tentativa de politizar as questões comerciais e econômicas em nome da segurança nacional, e derrubar tarifas e outros tipos de barreiras ao comércio agrícola”, acrescentou Feng.
A declaração do embaixador chinês em Washington foi divulgada em um momento de incerteza para as exportações americanas de soja ao país asiático. Na semana passada, a American Soybean Association (ASA), que representa os produtores locais, enviou uma carta à Casa Branca relatando uma perda de espaço para o produto brasileiro e pedindo prioridade ao grão nas negociações bilaterais.
O grupo pede a remoção das tarifas chinesas sobre a soja americana e compromissos de compras futuras. A ASA afirma que a China, historicamente, importa mais de 60% do suprimento mundial de soja, com os EUA sendo a principal fonte. No entanto, as tarifas retaliatórias fizeram a soja americana ficar 20% mais cara que a sul-americana.
As vendas para a China o Brasil a registrar o melhor mês de julho da história nas exportações de soja. Os embarques somaram 12,25 milhões de toneladas embarcadas, conforme levantamento da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). De janeiro a julho de 2025, o Brasil exportou 77,2 milhões de toneladas, sendo 57,9 milhões para os chineses (Globo Rural)