Café: O “Cisne Loiro” voltou a atacar!

Por Marcelo Fraga Moreira

Mais uma semana bem volátil, com o vencimento dez-25 trabalhando com uma amplitude de 5.160 pontos (68 US$/saca = aproximadamente 360 R$/saca). Após encerrar a semana anterior @ 366,60 centavos de dólar por libra-peso o dez-25 encerrou a @ 378,05 centavos de dólar por libra-peso. Aparentemente uma alta de apenas +1.145 pontos.

Porém o vencimento dez-25 em apenas 2 dias (após o presidente Trump sinalizar intenção em conversar com o presidente Lula) oscilou 3.800 pontos (máxima / mínima na terça-feira @ 368,85 – 349,45 centavos de dólar por libra-peso e mínima/máxima na quarta-feira @ 350,95 – 368,75 centavos de dólar por libra-peso).

E dentro de um mesmo dia o mercado chegou a trabalhar com uma amplitude de 2.500-3.000 pontos (hora caindo menos 800 pontos, ora subindo +300 pontos pra em seguida cair novamente -1.000 pontos e zerar em seguida).

O dez-25 encerrou nas máximas da semana @ 378,05 (fechamento anterior / máxima / mínima / nova máxima / nova mínima / nova máxima / nova mínima / nova máxima / fechamento atual respectivamente @ 366,50 / 370,15 / 349,45 / 368,75 / 350,95 / 378,40 / 361,25 / 384,00 / 378,05 centavos de dólar por libra-peso).

O R$ encerrou estável @ 5,34 R$/US$ e trabalhou no intervalo 5,28-5,37 R$/US$.

A semana começou com problemas climáticos no Vietnam com o mercado preocupado com as fortes chuvas e riscos do furacão Ragasa gerar estragos na safra que está prestes a ser colhida. Por enquanto o mercado segue estimando a próxima safra do Vietnam entre 28,50-30 milhões de sacas. E, com o quadro “oferta mundial x demanda mundial” muito justa qualquer redução na oferta, por menor que seja, está deixando o mercado muito nervoso.

O spread entre café arábica e café conilon continua ao redor dos 1.000 R$/saca para o mercado spot e já estreitou bem para 550/600 R$/saca a partir dos vencimentos julho-26 e nov-26. Ou seja, o mercado segue apostando em uma recuperação na produção do café arábica e um equilíbrio na “oferta x demanda” já a partir do ano que vem.

O mercado interno seguiu firme oscilando entre 2.100-2.350 R$/saca para o café arábica tipo 6 e entre 1.200-1.350 R$/saca para o café conilon. O produtor segue reticente vendendo apenas o necessário para pagar as contas e continua na expectativa para vender apenas acima dos 2.500 R$/saca – tendo como objetivo final os 3.000-3.500 R$/saca. Será que NY vai mesmo buscar os 500-550 centavos de dólar por libra-peso?

Conversando nessa semana com uma das principais cooperativas, o visão dela é a seguinte: a quebra no café arábica ficou mesmo entre 10-15% (com alguns produtores reportando quebras acima dos 30%); o estoque de passagem inicial dessa safra 25/26 foi uma das menores dos últimos anos; o produtor voltou a vender (e provavelmente voltará ao mercado) acima dos 2.500 R$/saca; com uma safra 25/26 menor a expectativa é para preços firmes até o final do ano; no curto prazo o destino está comprando o mínimo possível e procurando realizar compras para embarques a partir do dez-25 precificando o produto contra o vencimento Março-26!

Com um diferencial praticamente nos 2.000 pontos (26,45 US$/saca = 140 R$/saca), com um mercado invertido e com grandes chances das tarifas serem revistas – e até mesmo zeradas nos próximos dias – faz todo o sentido para o comprador do destino comprar o mínimo necessário.

Da mesma forma a indústria local está comprando também o mínimo necessário, aguardando por preços melhores e por uma eventual “pressão de venda” por parte do produtor.

A notícia “baixista” veio da Europa! Aparentemente a tão esperada “regra antidesmatamento” será prorrogada por mais 1-2 anos! Essa barreira comercial disfarçada de “proteção ao meio-ambiente” reduziu a necessidade do importador europeu entrar no mercado para realizar compras agressivas para embarcar o máximo possível de produto até dia 15/20 de novembro (para o produto chegar no porto de destino europeu até no máximo dia 30 de dezembro)!

Por outro lado, o mercado americano segue consumindo seus estoques internos e aguardando a revisão/isenção das tarifas para entrar no mercado e repor os estoques o mais rápido possível. Os estoques certificados encerraram a semana com apenas 576.753 sacas. Desse total 503.567 sacas estão em portos europeus e apenas 73.186 sacas em portos americanos. Ou seja, os estoques certificados estão “zerando” indicando que o consumidor local está procurando abastecimento onde ele estiver e onde for mais barato.

Segundo a Cecafé*, agora no mês de set-25, o Brasil deverá exportar novamente ao redor dos 4 milhões de saca. E provavelmente o Brasil apresentará nova redução das exportações para o mercado americano e manterá embarques para outros países produtores do café arábica. O “spread de origem” deverá continuar durante os próximos 1-2 meses – até a “novela das tarifas” ser resolvida.

O clima segue no radar do mercado. Choveu nas principais regiões produtoras, porém não na “abundância” aguardada pelo mercado. As chuvas previstas para a próxima semana sumiram dos radares meteorológicos e a próxima safra 26/27 segue sendo a grande aposta para NY explodir para os 500-600 c/lb ou para cair novamente para o patamar dos 300-250 centavos de dólar por libra-peso.

O mercado poderá voltar a subir? Sim… Poderá continuar caindo? Sim. Até onde? Ninguém sabe…

Como visto nessa semana, um “cisne loiro” pode “fazer preço”, derrubando o mercado 300-500 R$/saca com apenas “um aceno” ao mercado.

Para a próxima safra 26/27 está sendo possível garantir um piso-teto entre 1.900 – 2.250 R$/saca para o produtor vender/entregar seu produto durante o mês agosto-26. Nada mal para um custo de produção estimado entre 800-1.200 R$/saca!

Para quem já realizou vendas futuras com as travas para a safra 26/27 e 27/28 aproveite para comprar um seguro para se proteger caso ocorrer alguma quebra na sua safra e/ou para continuar “participando em eventual alta” do mercado e não “deixar dinheiro na mesa”.

PS: Você produtor (arábica e/ou robusta), caso queira saber mais sobre nossa consultoria para as operações de hedge, entre em contato conosco através dos e-mails: priscilla@archerconsulting.com.br ou moreira66@yahoo.com  (Marcelo Fraga Moreira é um profissional há mais de 33 anos atuando no mercado de commodities agrícolas, escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting)

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