Gargalos logísticos fazem as tradings perderem R$ 57,7 milhões nos últimos oito meses.
A entressafra de café está reduzindo impactos, mas exportadores do grão tiveram prejuízos calculados em R$ 6,1 milhões por não conseguirem embarcar o grão no mês de janeiro. O levantamento foi divulgado nesta segunda-feira (24/2) pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
“O (café) que estava parado nos portos até dezembro vem saindo aos poucos, pois o Brasil está em período de entressafra e com menor oferta disponível. Contudo, nossos associados informaram que o cenário logístico, apesar de apresentar melhoras em janeiro por conta da oferta reduzida, permanece desafiador”, explicou em nota o diretor técnico do Cecafé, Eduardo Heron.
A entidade monitorou com 23 empresas associadas, que representam 65% dos embarques totais, os índices de atrasos e alterações regulares nas escalas dos navios para exportação, além de rolagens de cargas constantes. Os fatores fizeram com que o país deixasse de embarcar 672,1 mil sacas de 60 quilos – 2.037 contêineres – do produto nos portos, no mês passado.
Com os gargalos logísticos do primeiro mês de 2025, o acúmulo de prejuízos de tradings de café é de R$ 57,7 milhões nos últimos oito meses – o cálculo começou em junho de 2024. Esse valor conta com gastos extras relacionados a armazenagens adicionais, detentions, pré-stacking e antecipação de gates.
Considerando o preço médio Free on Board (FOB) de exportação de US$ 336,33 por saca (café verde) e um dólar médio de R$ 6,0212 em janeiro, o não embarque desse café implicou ao Brasil um saldo não recebido de cerca de R$ 1,36 bilhão, levando ao menor repasse de receita para os produtores.
Conforme o Boletim Detention Zero (DTZ), elaborado pela startup ElloX Digital em parceria com o Cecafé, 67% dos navios, ou 203 de um total de 302 embarcações, tiveram atrasos ou alteração de escalas nos principais portos do Brasil em janeiro de 2025.
O tempo mais longo de espera no mês passado foi de 40 dias, ocorrido no Porto de Santos (SP), que respondeu por 75,3% dos embarques de café no primeiro mês deste ano. O local teve um índice de 77% de atraso ou alteração de escalas de navios, o que envolveu 122 do total de 158 porta-contêineres.
Segundo Heron, do volume total acumulado de 1,8 milhão de sacas que estava represado nos portos até dezembro de 2024, cerca de 1,2 milhão foi embarcado no mês passado, o que justifica o bom volume de 3,9 milhões de sacas que o Brasil exportou em janeiro (Globo Rural)
Oferta de café represado em portos do Brasil por gargalos cai a 672 mil sacas, diz Cecafé
A oferta de café brasileiro que deixou de ser exportado em função de gargalos logísticos recuou para 672 mil sacas de 60 kg em janeiro, com corte de quase dois terços na comparação com o volume previsto em dezembro, de acordo com dados do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil) junto a 23 empresas associadas.
Segundo nota do Cecafé nesta segunda-feira (24), a redução da disponibilidade de café na entressafra colaborou para que os volumes não embarcados por problemas logísticos recuasse, garantindo exportações ainda expressivas em janeiro. A exportação total de café do Brasil somou 3,98 milhões de sacas em janeiro, redução de 1,6% em relação ao mesmo período do ano passado.
Segundo o diretor técnico do Cecafé, Eduardo Heron, do volume total acumulado de 1,8 milhão de sacas que estava represado nos portos até dezembro de 2024, cerca de 1,2 milhão foi embarcado no mês passado.
Considerando o preço médio Free on Board (FOB) de exportação de US$ 336,33 por saca (café verde) e um dólar médio de R$ 6,0212 em janeiro, o não embarque desse café implicou que o Brasil deixou de receber, no mês passado, cerca de US$ 226,05 milhões (R$ 1,4 bi), nas transações comerciais do país. Ainda segundo a entidade, a continuidade desses gargalos logísticos faz com que os exportadores sigam acumulando prejuízos portuários, da ordem de R$ 6,1 milhões em janeiro e de R$ 57,7 milhões no acumulado dos últimos oito meses (Reuters)