Família se integrou ao movimento de cafés especiais e adotou selo de Denominação de Origem (DO) para o produto.
A redução de 40% nos custos após adotar a agricultura regenerativa vem empolgando a produtora de café Paula Gripp. “A gente já usava menos químicos, mas com a adoção dos produtos biológicos, dá para ver a diferença na planta. Me chamaram até de doida, mas vivo catando cocô de cavalo para fazer os biológicos que aplicamos no pé de café”, diz a cafeicultora, que começou a adotar a técnica neste ano.
Junto com o marido, Tobias Gripp, Paula cultiva 5,6 hectares em Alto Jequitibá (MG), a uma altitude de cerca de 1.200 m e com colheita 100% manual. O sítio do casal está na região que integra a Denominação de Origem (DO) do Café de Caparaó, criada em 2021, juntando produtores na fronteira dos Estados de Minas Gerais e Espírito Santo, aos pés do Pico da Bandeira.
Os Gripp produzem de 120 a 150 sacos de café por ano, sendo 40% do tipo especial e esperam aumentar a produtividade com a agricultura regenerativa, que foi adotada também por outros quatro produtores da sua região, com assistência técnica de um experiente agrônomo. Antes de mudar para a agricultura regenerativa, o custo de produção era de R$ 20 mil por hectare.
“As mudanças climáticas obrigam a gente a ter uma nova percepção. A terra está gritando por mudança. Precisa estar com o coração aberto para acreditar e investir numa nova forma de produzir café”, diz Paula, que mora há 25 anos na fazenda que pertence à família do marido desde 1890 e tem como marca um jequitibá centenário no meio do cafezal. A propriedade recebe turistas e conta a história da origem do café, desde o descobrimento na Etiópia.
A primeira mudança do casal foi se integrar ao movimento de cafés especiais e adotar o selo da DO, que tem atualmente 150 produtores. Com uma torrefadora dentro da propriedade, Paula exporta parte da produção em grãos para Estados Unidos e Dinamarca e recentemente esteve com um grupo de mulheres visitando Copenhague, em missão da BSCA (Brazilian Specialty Coffee Association) e Apex Brasil.
Paula falou com a Globo Rural em Gramado (RS), onde participou, de 28 a 31 de maio, do Connection Terroirs do Brasil, um evento que reuniu produtores e especialistas do setor das Indicações Geográficas (IGs). O café com o selo da DO do Caparaó, exclusivo para produtores de 11 municípios vizinhos do Parque Nacional do Caparaó, tem colheita, pós-colheita e beneficiamento seguindo protocolos de avaliação física e sensorial. Tem como características fragrância e aroma complexos, sabor suave, doce, floral e finalização prolongada (Globo Rural)