Produção sobe para 62 bilhões de unidades, podendo atingir 65 bilhões em 2026.
Após um período de fortes ataques, apontado como prejudicial à saúde, o ovo foi ressuscitado por novas pesquisas e caiu na graça dos brasileiros, que vão consumir 306 unidades por ano em 2026. Neste ano, são 288.
Os dados foram divulgados pela ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), nesta quarta-feira (20), e a entidade diz que, com esse avanço, o Brasil entra na lista dos dez países com o maior consumo dessa proteína. Atualmente na sétima posição, deverá atingir a sexta no próximo. A associação utilizou dados da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) para chegar a esse ranking mundial.
Além do crescimento do consumo interno, o Brasil encontrou também o caminho externo, segundo Ricardo Santin, presidente da ABPA. Pela primeira vez, as exportações brasileiras deverão chegar a 2% da produção nacional, um percentual perseguido há vários anos.
Não há garantias de que o sucesso conseguido neste ano continue no próximo. Os maiores importadores, os Estados Unidos, levaram 19 mil toneladas de ovos do Brasil nos sete primeiros meses do ano, 63% das 30 mil que o país exportou no período.
As vendas para os americanos cresceram 1.419%, em relação às de janeiro a julho de 2024, e ocorreram devido a uma escassez de oferta na produção americana, afetada pela mortandade de galinhas poedeiras. Os Estados Unidos convivem com gripe aviária desde fevereiro de 2022.
Além de uma provável recomposição do plantel de galinhas nos Estados Unidos, Donald Trump impôs uma tarifa de 50% nos produtos brasileiros, o que inviabiliza as exportações. Muitos contratos estão sendo postergados.
Santin acredita que a volta do Chile ao mercado brasileiro, que deverá ocorrer nos próximos dias, e compras maiores de Japão, Emirados Árabes e Angola devem movimentar mais o mercado externo brasileiro. O Chile, que suspendeu as importações devido à gripe aviária, é o segundo maior importador do Brasil.
Quanto aos Estados Unidos, Santin diz que “a gente não sabe em que patamar as exportações vão ficar e se elas se sustentam ou não com o efeito da tarifa”. Para ele, o Brasil vai se firmar cada vez mais como um grande player global de ovos.
Já internamente, a busca é por um consumo maior no café da manhã.
Conforme os dados divulgados nesta quarta-feira, a produção de ovos deverá crescer 7,5% no ano, para 62 bilhões de unidades, podendo chegar a 65 bilhões em 2026. A exportação, ao atingir 40 mil toneladas, supera em 117% a de 2024.
O setor de frango exportou 1,7% a menos de janeiro a julho, em relação ao mesmo período de 2024, devido à gripe aviária. O presidente da entidade acredita que, com o retorno da China, da União Europeia e do Chile, o país volte a exportar mais de 400 mil toneladas por mês.
O setor de avicultura tem pouca influência das tarifas de Trump de forma direta, mas está sujeita a efeitos colaterais. O dinheiro que deixa de entrar em outros setores, como o do café, afeta a economia e traz consequências também para a avicultura e suinocultura.
Quanto à volta da China, alguns fatores devem ser considerados. Os chineses obtiveram produção recorde de carnes neste primeiro semestre, e os estoques são razoáveis. Essa pode ser a razão para uma demora na retomada das importações no Brasil. Além disso, a gripe aviária desacelerou nos Estados Unidos, e Donald Trump pressiona a China para acordos que incluam produtos agropecuários. Os americanos são os principais concorrentes do Brasil no setor de proteínas.
Santin diz que não dá para saber qual o efeito tarifário que a economia chinesa sofrerá, e se haverá diminuição de consumo. O certo é que a China produziu mais e tem bons estoques de carne de frango, e isso pode interferir na decisão da retomada das compras do Brasil. Mas eles precisam importar determinados cortes para não causar desequilíbrio na produção e na oferta interna. Portanto, não há uma previsão de quando voltam. A decisão é deles, e o Brasil deve aguardar, afirma.
A produção de carne de frango deverá ficar em 15,4 milhões de toneladas neste ano, número próximo do das expectativas iniciais, segundo a ABPA. As exportações sobem para 5,2 milhões de toneladas, e o consumo per capita será de 47,8, com aumento de 5,1%.
A entidade fez também um panorama para o setor de suinocultura. A produção sobe 2,2%, para 5,4 milhões de toneladas, e as exportações crescem 7,2%, atingindo 1,45 milhão. O consumo per capita anual se mantém estável, em 18,7 quilos por brasileiro (Folha)