Pesquisadora da Embrapa aponta manejos necessários para cuidar do solo após fogo devastar pastagens
A estiagem prolongada e as queimadas deste ano trouxeram grande preocupação aos pecuaristas brasileiros, já que impactam diretamente no empobrecimento do solo e na oferta de pasto para o gado. Após o início das chuvas, a rebrota do pasto criou uma “ilusão de ótica”, como aponta a pesquisadora da Embrapa Cerrados, Giovana Maciel, dando a falsa impressão de que o solo foi regenerado e as plantas possuem a vitalidade necessária para continuarem a crescer. Para combater esse cenário, o produtor precisa se valer de soluções como gesso agrícola, fertilizantes orgânicos e bioestimulantes que promovem a recuperação do solo de maneira eficiente e sustentável.
Segundo estudo realizado pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal), a estiagem de 2024 pode ser a mais severa já registrada no Brasil. Além disso, dados do Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), já colocam 2024 como um dos anos com maior quantidade de focos de queimada na última década. Somente em setembro foram contabilizados mais de 80 mil focos, cerca de 30% acima da média histórica, registrada desde 1998 pelo Inpe. Mesmo que a quantidade de focos não extrapole as médias históricas até o final do ano, 2024 terá o maior número de focos desde 2010, quando o Brasil teve 319.383 registros.
Doutora em Solos e Nutrição de Plantas, Giovana explica que, de maneira geral, os solos são enriquecidos com matéria orgânica formada por folhas secas, raízes mortas, galhos e microrganismos que ali vivem. “A matéria orgânica é muito importante para o solo porque melhora as suas condições como um todo. Porém, quando vem o fogo, essa matéria orgânica é oxidada e se perde, causando o empobrecimento do solo. Para se ter uma ideia, para aumentar em 1% a matéria orgânica do solo é preciso ter um sistema de produção bem manejado, e ainda assim pode demorar cerca de 10 anos. Ou seja, você pode ter feito um trabalho excelente neste período e uma simples queimada destrói tudo em um dia”, alerta.
Giovana pontua que a queimada cria uma “ilusão de ótica” de que o pasto está limpo, sem plantas invasoras, plantas indesejáveis e com o capim rebrotando verdinho, porém o solo está comprometido, com redução de sua matéria orgânica e a parte viva microbiológica do solo destruída. No curto prazo, essa pastagem já começará a sentir falta dos nutrientes, mesmo que haja um capim brotando. “Isso porque as cinzas possuem um mínimo de nutriente como o potássio, e na ‘arrancada inicial’, o capim se beneficia levemente dos seus minerais, mas isso não se sustenta na próxima rebrota. Assim, após o primeiro pastejo, com o solo esgotado o capim não terá mais de onde absorver nada, porque tirou o pouco de nutriente que havia nessas cinzas, e agora fica mais difícil se manter produtivo.”
Com isso, a pesquisadora observa que, depois do primeiro pastejo e entre 45 e 60 dias após a primeira chuva, o capim fica muito lento na rebrota e nesse ponto é quando as plantas invasoras que são adaptadas a solos com baixa fertilidade aparecem. Desta maneira, a pastagem já enfraquecida não tem folha para fazer fotossíntese, as plantas invasoras saem e dominam a área, degradando esse pasto e piorando sua situação cada vez mais. “Por isso, o manejo da fertilidade do solo deve ser permanente, tanto para se ter um bom resultado nutricional quanto para enfrentar e sobreviver bem em situações adversas como queimada ou estiagem”, afirma.
Análise de solo e tratamento adequado
Para resolver o problema desse solo e reavivar sua qualidade, Giovana detalha que o produtor precisa, antes de tudo, fazer uma análise do solo, em que é avaliada a fertilidade e indicada a necessidade de nutrientes. A partir dessa análise, são feitas as recomendações para garantir uma pastagem mais saudável e produtiva.
No caso das queimadas e no empobrecimento do solo, a indicação principal é para a utilização do gesso agrícola, uma das soluções oferecidas pela Agronelli Soluções, empresa mineira que atua na comercialização de gesso agrícola, agrosílicio e fertilizantes. “O gesso agrícola melhora as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo, fornecendo cálcio e enxofre essenciais, além de reduzir o efeito tóxico do alumínio. Isso favorece o desenvolvimento das raízes em profundidade e contribui para a construção de um perfil de solo ideal para alcançar alta produtividade”, explica o gerente de Pesquisa e Desenvolvimento da Agronelli, Rodrigo Campos.
Para a pesquisadora da Embrapa, o gesso é extremamente importante numa condição de fogo ou seca severa, porque a planta que está com a raiz mais profunda não sente tanto essas adversidades climáticas. “O gesso melhora a condição do sistema radicular e a qualidade do solo. Isso aumenta a sua resiliência, deixando-o preparado para as situações adversas”, explica.
“Além do gesso, a Agronelli possui toda uma gama de produtos desenvolvidos para ajudar nesse processo de recuperação de maneira eficiente e sustentável. Utilizamos uma combinação de fertilizantes orgânicos e bioestimulantes que promovem a atividade microbiana e melhoram a estrutura do solo. Além disso, nossos condicionadores de solo ajudam a reequilibrar os níveis de nutrientes e a corrigir a acidez, criando um ambiente propício para o crescimento saudável das pastagens. Com o uso contínuo desses produtos, os produtores podem esperar uma recuperação mais rápida e uma maior produtividade em suas áreas de pastagem”, completa Campos.