Arroz, feijão, café e laranja estão entre os que mais caíram de preço.
Em um momento em que as tarifas comerciais de 50% de Donald Trump sobre as exportações brasileiras estão prestes a entrar em vigor, os preços dos alimentos registram deflação em São Paulo. A decisão do presidente dos EUA pode levar alguns produtos que não entraram na lista de isenção e que já estão com retração interna, como café e carne bovina, a recuos ainda maiores em um primeiro momento.
Dos 10 principais itens que puxaram a taxa de inflação para baixo em julho, 8 são do setor de alimentação. Alguns produtos, como café e laranja, com forte tendência de alta nos meses anteriores, mudaram de rumo.
O grupo de alimentação, que chegou a subir 1,44% em março, teve queda de 0,48% em julho em São Paulo, segundo a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas). Nos últimos dois meses, a deflação acumulada dos alimentos é de 1,12%. A inflação geral de julho foi de 0,28%.
Café, arroz, feijão, tomate, batata e laranja estão entre as principais quedas do período. Em média, o consumidor está pagando 3% a menos pelo café em pó nos supermercados. Essa queda era prevista e deverá se acentuar nas próximas semanas. Além de algumas incertezas quanto às exportações para os Estados Unidos, os preços estão com retração no campo.
A saca de café arábica, que chegou a R$ 2.769 em fevereiro, está sendo negociada a R$ 1.772, segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada). O tipo robusta, após ser negociado a R$ 2.092 por saca em janeiro deste ano, recuou para um valor inferior a R$ 1.000 em julho.
A queda nos preços do café ocorre porque a colheita brasileira está prestes a terminar, e a oferta de produto aumenta no mercado. Se o clima ajudar, e a lavoura tiver uma boa florada nos próximos meses, os preços podem cair ainda mais. Mesmo com a retração atual nos preços do varejo, o produto ainda pesa muito no bolso do consumidor. Nos últimos 12 meses, a alta acumulada da bebida é de 76,5%.
O arroz, outro importante componente nessa queda média de preços dos alimentos, e que ficou 2,7% mais barato para o consumidor, pode tomar nova direção neste segundo semestre. A saca do produto no Rio Grande do Sul voltou a subir, acumulando alta de 4,5% em julho. Já o feijão, que cai 2,6% no varejo, tem boa oferta, com os preços no campo recuando 8% em Itapeva (SP).
Outro fator de alívio na taxa de inflação é a laranja-pera. A caixa da fruta, que chegou a R$ 104 no início do ano, está em R$ 57 em agosto, segundo o Cepea. A Fipe mostrou queda de 6,1% nos preços no varejo no mês passado.
No setor de hortaliças, a oferta melhorou, e os preços médios dos produtos classificados pela Fipe como “in natura” tiveram queda de 1,8%. As exceções ficam para chuchu e pepino, que subiram 20% e 47%, respectivamente.
As carnes estão em queda. Reflexo dos preços no campo, a bovina tem recuo de 0,22%; a suína, de 1,4%, e a de frango, de 2,50%. Há, porém, alguns pontos de pressão vindos pela frente. Além do arroz, cujos preços retomam alta no campo, o óleo de soja, após quedas seguidas desde o início do ano, voltou a subir. Ficou 0,22% mais caro em julho para o paulistano. O óleo segue a soja, que teve aumento de 2,4% no mês passado no Paraná. O consumidor paga mais também pelo leite, que ficou 0,40% mais caro, segundo a Fipe (Folha)







