Agronegócio busca eficiência para enfrentar efeitos da crise climática

Prejuízos causados pelo aquecimento global já são realidade na agricultura e pecuária, com secas e chuvas extremas

Uma metáfora usada pela diretora de Sustentabilidade da JBS, Liège Correia e Silva, durante o Fórum Economia Verde, realizado pelo Estadão, resume bem a importância que a sustentabilidade ganhou dentro do agronegócio. “No fim da jornada, é essencial que todos os vagões do trem consigam subir juntos a montanha. Não adianta em nada um ficar pelo caminho, pois isso significa que o comboio não chegou ao seu destino.”

Ou seja, no agronegócio, a sustentabilidade passou a ser um pilar essencial para as empresas, porque sem ela, a tão propagandeada eficiência produtiva não será atingida. “Não existe sustentabilidade sem eficiência. Isso significa reduzir desperdícios, otimizar processos e, sobretudo, produzir mais sem desmatar novas áreas”, garante Liège.

Na gigante do agronegócio, que conta com 256 mil colaboradores, sendo 150 mil no Brasil, o desafio é garantir que toda a cadeia produtiva, desde pequenos agricultores familiares com propriedades de um hectare até grandes fazendas, evolua de forma conjunta. Ou seja, o trem tem de chegar inteiro do outro lado.

Previsibilidade

Ao lado da eficiência produtiva, a resiliência ao novo cenário climático imposto pelas mudanças climáticas globais causadas pelo homem é outro ponto-chave, segundo Orlando Nastri, líder de ESG da Citrosuco.

“Enfrentamos desafios climáticos extremos, como secas e aumento de temperatura, que afetam custos, produtividade e previsibilidade, tornando as práticas regenerativas essenciais para manter competitividade e resiliência nas cadeias produtivas.”

Nesse contexto, explica Nastri, a estratégia de agricultura regenerativa do grupo inclui expansão para novas regiões, como Mato Grosso do Sul, com foco no manejo sustentável da biomassa do solo, irrigação eficiente e uso de bioinsumos e fertilizantes otimizados. “Essas práticas aumentam a produtividade, protegem o solo e promovem o sequestro de carbono”, diz.

No médio prazo — e as mudanças no campo por causa de eventos extremos talvez acelere ainda mais todo o processo —, bater de frente com o clima vai gerar prejuízo, mostram as análises científicas de grupos da Embrapa, por exemplo.

“Um dos caminhos é transformar desafios climáticos em oportunidades de crescimento e inovação. A combinação de produtividade, eficiência e sustentabilidade fortalece a cadeia produtiva, melhora a competitividade global e demonstra que é possível gerar receita e proteger o meio ambiente simultaneamente”, avalia Nastri, da Citrosuco.

Se as mudanças do clima no campo já merecem atenção imediata do agronegócio, os problemas se potencializam quando, na equação, entram também os conflitos bélicos pelo mundo, como a invasão da Ucrânia pela Rússia.

Fertilizantes

Foi a partir desse conflito que os produtores brasileiros, por exemplo, perceberam a dependência internacional que o Brasil tem na produção de fertilizantes.

O Plano Nacional de Fertilizantes, lançado pelo governo em 2022, surgiu como uma tentativa de resposta estratégica à crise de fertilizantes e à alta dependência do Brasil de importações. Hoje cerca de 85% do consumo do País é proveniente de fornecedores internacionais, como Rússia, Canadá e Estados Unidos.

O objetivo central do plano federal é reduzir a dependência para até 50%, fortalecendo a autonomia nacional e aumentando a eficiência do setor agrícola. “Para alcançar isso, é fundamental conectar sustentabilidade com produtividade, considerando que fertilizantes representam 40% a 50% do custo de produção.

A eficiência no uso desses insumos não apenas reduz custos, como também melhora o rendimento das lavouras, promovendo uma agricultura mais sustentável sem expandir a fronteira agrícola ou avançar sobre novas áreas de floresta”, explica Luis Arruda, diretor de Marketing da Mosaic.

Segundo ele, pontos igualmente importantes para que a dependência internacional do Brasil diminua nos próximos anos envolvem gargalos logísticos e de inovação.

Inovação

A Mosaic, explica Arruda, tem promovido ambientes de experimentação e colaboração, como academias de inovação que envolvem startups e profissionais do setor, permitindo que novas tecnologias e produtos cheguem ao mercado.

“Desde 2024, a empresa vem lançando soluções voltadas à nutrição de plantas, focadas em produtividade e sustentabilidade, sem entrar na produção de biodefensivos.” Na visão da produtora de fertilizantes, essa abordagem demonstra que é possível unir eficiência e cuidado ambiental.

“Ao capacitar produtores parra maximizar resultados em suas propriedades, eles também preservam os recursos naturais, avançando na construção de uma agricultura brasileira mais competitiva, resiliente e mais sustentável”, destaca o executivo da Mosaic, empresa que surgiu da união da IMC Global e da Cargill Fertilizantes.

A partir de 2011 a companhia se tornou independente e de capital aberto (Estadão)

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