Alta da oferta interna de carne abre espaço para avanço da exportação brasileira.
O Brasil atingiu um ritmo de produção e de exportação de carnes fora do padrão normal neste ano. Dados ainda provisórios do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) desta terça-feira (12/11) indicam um recorde de produção de 7,6 milhões de toneladas equivalentes carcaça no terceiro trimestre do ano.
Esse ciclo favorável permitiu que o país colocasse 7,9 milhões de toneladas de carne bovina, de frango e suína no mercado externo nos dez primeiros meses do ano. O volume inclui a proteína “in natura” e processada.
Após aumento na quantidade exportada e leve recuperação dos preços internacionais, o Brasil já conseguiu receitas recordes de US$ 21 bilhões neste ano, segundo as principais associações do setor.
Um dos destaques é a carne bovina. Pela primeira vez, o abate do terceiro trimestre do ano supera 10 milhões de cabeças de animais, rendendo 2,7 milhões de toneladas de peso equivalente carcaça.
O aumento na produção e a demanda externa ainda forte permitiram que o país já atingisse, nos dez primeiros meses do ano, todo o resultado obtido em 2023. O volume chega a 2,4 milhões de toneladas de carne bovina, 30% a mais do que em 2023, segundo a Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes).
A busca por uma diversidade de mercados para as proteínas brasileiras está trazendo novos países na liderança das compras do produto nacional. As Filipinas assumiram o primeiro posto nas importações de carne suína e ocuparam o terceiro na bovina e o quinto na de frango.
A China continua como o maior mercado brasileiro. Apenas no mês passado, os chineses compraram 254 mil toneladas das três proteínas brasileiras.
Nas contas da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), as vendas de carne de frango somam 4,38 milhões de toneladas até outubro, com receitas de US$ 8,2 bilhões. As exportações de carne suína chegaram a 1,12 milhão de toneladas, no valor de US$ 2,48 bilhões.
Um dos bons mercados para o Brasil neste ano são os Estados Unidos. Os americanos importaram 175 mil toneladas de carne bovina do Brasil até outubro, com aumento de 69% sobre o volume do ano anterior.
A tendência é que a demanda pela proteína brasileira continue firme no mercado americano, uma vez que os Estados Unidos estão com o menor rebanho em décadas, e a seca atual dificulta ainda mais a recomposição dele.
Donald Trump, que assume em janeiro, promete tarifa de importação sobre tudo e para todos. O novo governo, no entanto, tem um dilema. A oferta interna de carne bovina está reduzida e causa alta dos preços. Novas tarifas sobre o produto importado vão aumentar ainda mais os preços, afetando a inflação, que o governo promete combater (Folha)