Cautela é a recomendação de analistas do Itaú BBA para produtor

Safra 2025/26 ocorre em um momento de custo alto, preço menor e juro elevado.

Os analistas do Itaú BBA apresentaram, nesta quinta-feira (3/7), as perspectivas para a safra de grãos, pecuária, setor sucroenergético e biocombustíveis de 2025/26. Na avaliação deles, gostariam de mostrar um cenário mais otimista, mas não há como fugir, mais uma vez, da necessidade de cautela.

Turbulência externa, inflação, custos maiores de fertilizantes e preços menores das commodities vão determinar o ritmo do setor. Os custos vão recair mais sobre a safra de milho, uma vez que boa parte dos produtores ainda não fez a compra dos insumos.

Além dos custos dos insumos, este é um período de taxa elevada de juros em um momento de crescimento menor da economia mundial, o que cria um ambiente mais cauteloso para o setor, segundo os analistas.

Na soja, o principal produto de cultivo do país, a área continua crescendo, mas não no ritmo de anos anteriores. O Brasil volta a ter produção recorde, de 174 milhões de toneladas, ao contrário dos demais produtores mundiais, que perdem espaço. Mesmo assim, a produção mundial será recorde, e a política de biocombustíveis, principalmente a dos Estados Unidos, deverá dar rumos ao setor.

Para Francisco Carlos Queiroz, analista de soja do banco, a área crescerá 1,5% no Brasil, somando 48,3 milhões de hectares, com potencial de produção de 174 milhões de toneladas. Na avaliação do banco, 112 milhões desse volume serão exportados.

O esmagamento mundial da oleaginosa sobe para 367 milhões de toneladas, acima dos 353 milhões de 2024/25, e a demanda externa chinesa volta a superar 110 milhões de toneladas. Os custos de produção sobem 8%, puxados principalmente pela alta de 20% dos fertilizantes.

A produção mundial de milho será recorde, mas o balanço da oferta e demanda gera uma redução dos estoques finais do cereal pelo segundo ano consecutivo. Estados Unidos deverão ter safra de 402 milhões de toneladas, e a China, de 295 milhões. O Brasil poderá atingir 130 milhões, mas a segunda safra ficará mais cara, uma vez que o produtor comercializou apenas um terço do fertilizante que necessita. Com isso, as margens serão menores, afirma Queiroz.

Custos elevados e baixa rentabilidade vão provocar uma redução na área de plantio do trigo no período 2025/26. Os produtores vão enfrentar um cenário de margens apertadas na safra 2024/25, principalmente pela pressão baixista que os preços externos provocam sobre os internos, segundo Marina Marangon Moreira, analista do banco.

O arroz, após a boa safra brasileira, vem com queda de preços. As notícias externas não favorecem os produtores nacionais, uma vez que a projeção para 2025/26 é de uma oferta mundial recorde de 542 milhões de toneladas, e estoques, também recordes, de 185 milhões. Os baixos preços devem dificultar investimentos no setor, segundo Marina.

A produção mundial de algodão cai para 25 milhões de toneladas, devido à redução em três dos principais produtores mundiais. Já o Brasil deverá elevar a produção para 4 milhões, com avanço de 7%. O aumento de custos de produção, no entanto, reduzirá o ritmo de área ocupada pela fibra.

A pecuária de corte atravessa um período de virada de ciclo, segundo Cesar de Castro Alves, analista do Itaú BBA. O abate de fêmeas ainda é elevado neste início de ano, mas deverá diminuir com a reposição se valorizando e a retenção de fêmeas aumentando. Nos próximos 12 meses, haverá uma redução de gado para abate.

A demanda externa, principalmente com as dificuldades dos americanos na pecuária, continua boa.

No setor de frango, a tendência é de recordes na produção e na exportação, mas serão necessários cuidados com a biossegurança, afirma Alves.

Os custos de produção na suinocultura, setor que já vem com margens historicamente altas, devem permanecer favoráveis. Produção e exportação se manterão recordes no período 2025/26.

No café, o ciclo 2025/26 ainda será de um balanço global reduzido. A produção é recorde, mas o consumo cresce e os estoques são apertados. O mercado já olha para o possível potencial da safra brasileira de 2026/27 no patamar de 70 milhões de sacas, um crescimento de 8% sobre 2025/26.

A safra de laranja de 2025/26 deverá subir para 314,6 milhões de caixas de 40 kg, segundo o Fundecitrus, 36% a mais do que em 2024/25. O número médio de frutas por árvore e os maiores investimentos dos produtores nos tratos culturais resultaram nesse avanço, segundo Wharlhey Nunes, analista do banco no setor de citricultura. Safra melhor no Brasil, mas ruim nos Estados Unidos, associada a um consumo menor, pode manter os preços nos patamares atuais.

A produção mundial de açúcar será de 192,8 milhões de toneladas em 2025/26 (outubro de 2025 a setembro de 2026), mais 4,6%. Já o consumo sobe para 190,1 milhões, com alta de 1,3%, puxado pela recuperação da demanda na Índia, segundo Lucas Brunetti, analista do Itaú BBA.

A oferta brasileira de etanol de milho vai a 10 bilhões de litros na safra 2025/26. Pelo menos 9,5 bilhões virão da região centro-sul, que terá crescimento de 16%. A produção de etanol de cana cai 14% na região, recuando para 23,1 bilhões de litros, nos cálculos do banco (Folha)


Alta dos insumos e queda nas commodities exigem cautela para safra 25/26

Banco prevê aumento na colheita de soja e de milho na próxima temporada; cenário também é favorável para o café.

A safra 2025/26 se inicia com um cenário global adverso, marcado por juros elevados, desaceleração econômica e tensões geopolíticas – com destaque para os conflitos no Mar Negro e no Golfo Pérsico. Esse cenário pressiona os custos de insumos agrícolas, encarecendo a produção brasileira, no momento em que os preços das principais commodities agrícolas apontam tendência de queda.

Para o Itaú BBA, todos esses fatores exigirão dos produtores brasileiros maior atenção à gestão do câmbio e dos seus custos.

Pedro Fernandes, diretor de agronegócios do Itaú BBA, alertou para a cultura do milho. Segundo ele, os produtores compraram menos de um terço dos fertilizantes para a safra 2025/26 e não há sinal de queda nos preços desses insumos nos próximos meses. Já as compras de fertilizantes para soja chegam a 80% do consumo previsto para a nova safra. “Vai haver aumento nos custos de produção da soja, mas para o milho safrinha talvez seja ainda mais complicado”, afirmou.

O Itaú BBA estima que a alta dos fertilizantes tende a se intensificar com a instabilidade no Oriente Médio, deteriorando as relações de troca para diversas culturas.

Para soja e milho a expectativa é de produção maior no Brasil e no mundo, pressionando os preços futuros dessas commodities, devendo reduzir as margens de lucro dos produtores.

Mesmo para culturas perenes, como laranja e café, os preços recuaram nas últimas semanas, levando a uma estimativa de margens menores, ainda que positivas.

A valorização recente do real tem incentivado as importações no momento em que o setor de arroz precisaria exportar. O produtor de trigo também enfrenta dificuldades para competir com o cereal argentino, o que contribui para a perspectiva de redução da área plantada.

Do lado das proteínas, o cenário é mais favorável. A queda nos preços do farelo da soja e do milho e seus derivados ajuda a reduzir os custos com ração animal. A bovinocultura deve atravessar um bom momento, com queda no custo da ração, aumento nos confinamentos e demanda internacional firme.

Para os segmentos de aves e suínos, a expectativa também é de captura de ganhos com os custos mais favoráveis. Fernandes disse que a questão da gripe aviária traz preocupação no curto prazo, mas com a ausência de novos casos em granjas comerciais, a tendência é que o Brasil normalize as exportações, podendo até “renovar os recordes de exportação de frango”.

Soja

A Consultoria Agro do Itaú BBA projeta um novo recorde para a produção brasileira de soja na safra 2025/26, chegando a 174 milhões de toneladas, 2,3% acima da produção de 170,1 milhões de toneladas estimadas para o ciclo 2024/25.

Francisco Queiroz, analista da Consultoria Agro do Itaú BBA, disse que a dinâmica do mercado global de soja deve ser orientado pela política dos Estados Unidos de biocombustíveis e pelos possíveis impactos da guerra comercial entre EUA e China.

“O esmagamento global deve ficar próximo de 370 milhões de toneladas, para atender a demanda crescente de óleo de soja para biocombustíveis. Veremos três grandes direcionadores para o mercado, o balanço de oferta e demanda americano, o incentivo para produção de biocombustíveis e a guerra comercial com a China. Sem isso, a tendência de preços é baixista”, avaliou Queiroz.

O analista observou que a China comprou mais soja do Brasil e da Argentina no primeiro semestre do ano e, com isso, pode comprar menos soja americana. De janeiro a junho, a China respondeu por 76% das exportações brasileiras de soja, ante 73% no mesmo intervalo do ano passado.

Queiroz disse que o Brasil tem em torno de 50 milhões de toneladas para serem comercializadas e a China precisa comprar 35 milhões de toneladas para se abastecer até o fim do ano. “A oferta do Brasil não é suficiente para atender a demanda chinesa, porque tem a demanda das indústrias locais e de outros países. Em algum momento, os chineses vão ter que recorrer à soja americana”, ponderou o analista.

Por outro lado, disse Queiroz, se os Estados Unidos aprovarem o projeto de aumento da produção de biocombustíveis, o país terá menos soja para exportar, o que deve favorecer os embarques brasileiros para a China no segundo semestre.

Em relação à safra brasileira, o analista disse que os custos de produção devem voltar a subir, depois de uma leve queda na safra 2024/25. Os custos com fertilizantes devem subir em torno de 20%, e os custos operacionais como um todo devem aumentar 8,5%. A consultoria estima uma redução nas margens de lucro de 41% na safra 2024/25 para 34% no ciclo 2025/26.

“Para a evolução dos preços internacionais não temos grandes aspirações. Mesmo se houver problema com clima nos Estados Unidos, a safra projetada para o Brasil deve manter os preços da soja em patamares mais baixos, muito próximos do que se tem hoje no mercado”, afirmou Queiroz.

Para a produção brasileira, a expectativa é de clima dentro da normalidade, favorecendo a safra.

Milho

Os produtores brasileiros devem ampliar a produção de milho na safra 2025/26, mas o aumento de área crescerá menos que no ciclo passado, em 1,5%, para 22,6 milhões de hectares, devido à relação de troca com insumos, que piorou. A Consultoria Agro do Itaú BBA prevê custos de produção 8% mais altos na nova safra, com consequente deterioração na rentabilidade do produtor.

Para o Brasil, o Itaú BBA projeta produção de 130,4 milhões de toneladas de milho na safra 2025/26, com incremento de 0,3% em comparação com a safra 2024/25, estimada em 130 milhões de toneladas.

Francisco Queiroz, analista da Consultoria Agro do Itaú BBA, observou que, nos últimos 12 meses, a ureia CFR subiu 8%, o potássio subiu 17% e o adubo fosfatado MAP subiu 12%, mas tem tendência de subir mais devido às tensões geopolíticas internacionais.

“Os produtores compraram 30% dos fertilizantes para a segunda safra 2025/26. A alta do preço dos fertilizantes com a queda nos preços do milho vão deteriorar a margem de lucro e podem afetar a área plantada”, disse o analista. A consultoria estima uma margem de 21% para o milho na safra 2025/26, ante 27% no ciclo 2024/25.

O analista destacou do lado positivo a perspectiva de aumento da demanda de milho para produção de etanol. O Itaú BBA estima que até 2026 serão adicionados 4,1 bilhões de litros de capacidade de produção de etanol no país, com a instalação de novas usinas e ampliação de usinas que já operam.

Na safra 2024/25, estima a consultoria, o consumo de milho para etanol será de 21,3 milhões de toneladas, subindo para 23,7 milhões de toneladas na temporada 2025/26.

Café

O cenário é favorável para a cafeicultura brasileira na safra 2026/27. Com perspectiva de clima normalizado, sem efeito La Niña, e lavouras bem tratadas graças aos ganhos das temporadas anteriores, a temporada 2026/27 pode registrar produção de 70 milhões de sacas de café, o que representa um crescimento de 7,7% sobre o ciclo 2025/26, estimado em 65 milhões de sacas. A avaliação é do Itaú BBA.

“Choveu de maneira normal neste ano. Choveu um pouco nas últimas semanas, o que atrapalha um pouco a colheita da safra 2025/26, mas prepara bem as lavouras para a florada da safra seguinte. Se isso acontecer vamos ter um balanço mais folgado de café no mundo, com o estoque final caminhando para 20% do consumo anual”, afirmou Cesar de Castro Alves, gerente de Consultoria Agro do Itaú BBA.

O analista considera que os preços tendem a apresentar alguma retração na safra 2026/27 em relação aos preços atuais, mas, ainda assim, o setor terá margens de lucro boas, acrescentou.

Na safra 2025/26, em fase de colheita no Brasil, os produtores foram favorecidos por um cenário de custos mais baixos de produção e preços altos. As margens na safra estão estimadas em 67%, contra 74% no ciclo anterior para o café arábica. Para o café conilon, a previsão é de margens de 49% na safra 2025/26, ante 75% no ciclo anterior.

Os preços arrefeceram nos últimos dois meses, com safra maior na Indonésia e expectativa de safra brasileira sem mais perdas com clima.

“A safra colhida até agora não é exuberante. É menor no caso do arábica, mas o robusta apresenta uma safra muito boa. Por enquanto não há preocupação com perdas por conta do clima, embora exista risco até setembro”, afirmou o analista (Globo Rural)

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