Regulação exige que esses papéis de dívida sejam emitidos somente por empresas dos setores
Após imposição do governo e do Banco Central para que CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários) e CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio) sejam vinculados, obrigatoriamente, a empresas de ambos os setores, o mercado registrou uma queda de 64% nas emissões desses títulos, que são isentos de Imposto de Renda.
Levantamento da TTR Data mostra que, no primeiro trimestre do ano passado, foram emitidos R$ 28 bilhões em papéis desse tipo, ante R$ 10 bilhões no mesmo período deste ano.
Para enquadrar o mercado, em fevereiro de 2024, o CMN (Conselho Monetário Nacional) aprovou uma resolução determinando que as emissões só se referissem a empresas do ramo imobiliário (no caso dos CRIs) ou do agronegócio (CRAs).
Ainda segundo a TTR Data, no primeiro trimestre daquele ano, a maioria dos CRIs e dos CRAs emitidos não tinham lastro em companhias dos respectivos setores.
Já neste ano, apenas 4,17% dos CRIs emitidos não obedeceram a legislação e têm lastro em companhia do setor de carnes. O levantamento não revela qual empresa fez a emissão fora da regra.
No caso dos CRAs, todos os títulos colocados no mercado no período tinham relação, direta ou indiretamente, com o agronegócio.
Entre os maiores emissores de CRIs nos três primeiros meses deste ano, a JHSF liderou, com quase R$ 1 bilhão captado via certificados de recebíveis imobiliários. Foi a maior emissão já feita pela empresa, que usou o recurso para gerir suas dívidas.
A companhia foi seguida pelo grupo Iguatemi (R$ 700 milhões), brMalls (R$ 630 milhões), Cury (R$ 400 milhões) e o Hospital Albert Einstein (R$ 400 milhões).
Já em relação aos CRAs, a JBS puxa a lista, com R$ 800 milhões captados junto ao mercado e destinados para a subsidiária Seara Brasil. Em seguida, aparecem FS Bioenergia, FS Florestal, FS Indústria de Etanol e a Boa Safra Sementes, todas com R$ 500 milhões (Folha)