Ministro disse que os preços das carnes bovina, suína e de aves, dentre outros alimentos, já caíram cerca de 10% nas últimas semanas.
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, criticou neste sábado (8/3) o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), que sugeriu à população — em vídeo publicado em fevereiro nas redes sociais — comer banana com casca devido à alta nos preços dos alimentos.
Fávaro disse que o governador “zomba” dos cidadãos mineiros com a sugestão ao invés de reduzir impostos estaduais sobre a cesta básica em Minas Gerais.
“Ele zomba da cara do povo mineiro dizendo que uma maneira de combater a alta dos alimentos é comer banana com casca. Mas faz pior. Ele acaba de publicar o decreto 49.000/2025, que altera para maior a alíquota do ICMS para os alimentos que entram em Minas Gerais”, disse Fávaro nas redes sociais hoje.
O ministro disse que o governo federal fez um esforço para zerar os impostos dos alimentos e pediu a sensibilidade dos governadores para baixarem as tarifas como forma de ajudar a combater a inflação. Zema é um dos principais opositores políticos da gestão de Lula.
“Governador, o senhor é um homem abastado, rico, talvez não sinta o preço dos alimentos pesando na renda da sua família, mas o povo mineiro está sentindo. Em momento que governo tira impostos dos alimentos, conversa com empresários e está conclamando os governadores para baixar o ICMS, para juntos fazermos o povo brasileiro comer melhor e superar esse momento difícil da alta internacional dos preços dos alimentos, você aumenta para arrecadar mais? Tenha sensibilidade com o povo mineiro”, completou Fávaro, no vídeo.
O ministro ainda disse que os preços das carnes bovina, suína e de aves, dentre outros alimentos, já caíram cerca de 10% nas últimas semanas.
O decreto estadual citado por Fávaro foi publicado no fim de fevereiro por Zema. Produtos como carnes bovina, suína e de aves deixam de ter a redução na base de cálculo do ICMS em Minas Gerais.
Os vídeos em que Zema aparece comendo banana com casca e criticando as ações do governo federal no combate à inflação dos alimentos foram publicados antes do carnaval. Um deles já foi apagado. Antes de Fávaro, o ministro dos Transportes, Renan Filho, havia criticado o governador pelas postagens.
“Não fica tão bom quanto uma banana pura, não, mas dá para encarar nesses tempos em que os preços dispararam. Fica a sugestão que pode funcionar”, disse o governador mineiro em uma das publicações.
Procurado por meio da sua assessoria, Zema ainda não respondeu.
Pedido de Alckmin
Na quinta-feira (6/3), ao anunciar o pacote de medidas para conter a alta dos preços dos alimentos, o vice-presidente Geraldo Alckmin fez um pedido aos governadores de alguns Estados que ainda tributam a comercialização de alimentos, sem citar as unidades da federação.
Ontem, o governador do Piauí, Rafael Fonteles (PT), anunciou a redução a zero da alíquota incidente sobre arroz, feijão, leite e demais produtos da cesta básica a partir de abril.
O governador do Maranhão, Carlos Brandão (PSB), informou em nota o Estado já vinha reduzindo gradualmente a tributação sobre alimentos. “A medida do governo federal tomada neste momento já se alinha com o que o governo do Estado vem fazendo, que é trabalhar para garantir e baratear o custo da alimentação”, disse em nota na sexta-feira (7/3). As alíquotas caíram de 12% em 2022 para 8% este ano.
Piauí e Maranhão integram a lista de seis Estados que estão autorizados a zerar o ICMS sobre a cesta básica, conforme entendimento fechado em 2017 no âmbito do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz). Além desses, aderiram ao convênio: Amazonas, Ceará, Rio de Janeiro e São Paulo.
Essas Estados têm liberdade para estabelecer a taxação, com redução ou majoração, dos itens da cesta básica. Nem todos, porém, zeraram as alíquotas.
Reportagem do jornal O Globo diz que alguns Estados, como Mato Grosso e Minas Gerais, descartam redução do ICMS. “Ainda que todos os Estados concordassem (com a isenção de ICMS), os governadores que estão em crise fiscal, como é o caso de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Goiás teriam de compensar a renúncia fiscal com a majoração de alíquota de outros produtos, deslocando o custo na economia”, diz o vice-governador de Minas, Mateus Simões, na matéria.
Segundo ele, o governo federal tenta transferir responsabilidades ao propor a medida aos Estados. “O que precisamos é de política nacional consistente de equilíbrios das contas, para recuperar a confiança dos investidores. O governo federal está procurando um culpado para os seus próprios erros e incapacidade de lidar com uma crise”, completou Simões na reportagem de O Globo.
No texto, os governadores do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, de Goiás, Ronaldo Caiado, e de Mato Grosso, Mauro Mendes, também se opõem aos cortes nos impostos estaduais (Globo Rural)