Produção de milho deve atender à demanda interna no próximo ano, diz ABPA.
Os custos dos grãos usados na ração animal, que favoreceram as margens da indústria de frango e suínos em 2024, devem permanecer estáveis no ano que vem, estimou nesta quinta-feira (12/12) o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin.
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“Vemos um mercado estável em termos de custo”, disse o executivo durante coletiva de imprensa.
Segundo ele, as consultorias são unânimes ao estimar a produção nacional de milho acima de 130 milhões de toneladas para a nova safra, volume suficiente para atender a demanda interna para fabricação de etanol e os frigoríficos, que usam o grão na ração.
“Não há disputa (por milho) entre etanol e as proteínas animais. Se eu tiver que disputar milho com alguém é com o exportador”, afirmou Santin, citando que é mais relevante para o país exportar a carne do que o grão, devido à agregação de valor ao produto.
Outro fator importante para as margens é o desempenho dos preços. Na visão de Santin, ao menos no setor de frango, a expectativa para a tonelada exportada é de “preço sustentado e até podendo crescer em 2025”.
Isso porque players importantes, como os Estados Unidos, estão reduzindo a participação no fornecimento global em função do aumento no consumo local da proteína.
Há também um impacto do avanço da gripe aviária, que reduziu as exportações de países como a Alemanha, levando a União Europeia a também perder espaço no comércio internacional.
Demanda externa
Na ponta da demanda, a China diminuiu as importações tanto de frango quanto de suínos em 2024, mas o presidente da ABPA acredita que este movimento tende a se estabilizar no ano que vem, ao invés de intensificar a queda.
“A China sempre vai ficar entre o primeiro, segundo ou terceiro mercado comprador do Brasil. Não vai continuar caindo na importação de frango, no mínimo estabiliza”, disse o executivo.
“Há um ponto adicional que é a China já ter anunciado que poderá retaliar a carne suína da Europa com tarifas, o que também pode se estender à carne de aves. E ainda tem a possível guerra comercial com os EUA, com a posse de (Donald) Trump em janeiro”, completou sobre os fatores que podem fazer com que os chineses recorram à proteína brasileira para se abastecer.
O acordo Mercosul-União Europeia também deve se traduzir em aumento na demanda por carnes do Brasil, a preços mais acessíveis ao comprador europeu, “com qualidade e cumprindo todos os requisitos sanitários”, pontuou o dirigente.
Para Santin, mesmo com grupos de produtores rurais europeus contrários ao acordo, a negociação foi boa para todos os países envolvidos e, por isso, deve seguir em frente.
No entanto, caso o protecionismo do bloco europeu avance, o dirigente também diz que o setor está pronto para tomar medidas, se necessário.
Na área de suínos, Filipinas, que assumiu uma posição importante entre os compradores após firmar um acordo de pré-listing com o Brasil (quando a habilitação de plantas para exportar não depende de visitas técnicas do país importador, e sim das autoridades sanitárias brasileiras), continuará como um mercado promissor.
“Esse é um processo que não vejo parar em 2025. As informações que recebemos dos nossos adidos confirmam essa tendência”.
Mercado doméstico
A ABPA espera que o consumo per capita de carne suína fique estável no ano que vem, em 19 quilos, enquanto o de frango pode aumentar até 2,2%, a 46,6 quilos per capita.
A virada no ciclo pecuário de gado, para menor oferta, e o aumento nos preços da carne bovina levam a população a um movimento natural de substituição por proteínas mais baratas, como o frango e ovos. Essa virada de ciclo é esperada para o ano que vem.
Além disso, Santin destacou que é um apoiador da reforma tributária que está sendo discutida no Congresso Nacional, na qual foi mantida a desoneração das carnes na cesta básica. “É uma grande vitória para o país”, celebrou.
Em relação à oferta, houve uma limitação no crescimento da produção deste ano devido aos casos de gripe aviária no país, que mesmo que em aves silvestres elevaram os cuidados com biosseguridade do setor, e o caso da doença de Newcastle no Rio Grande do Sul, que levou à redução nas exportações em agosto.
O aumento no preço do milho no final do ano também gerou um recuo no peso médio dos animais, devido ao custo (Globo Rural)