Receita dos embarques cresceu 62,7% na comparação anual.
As exportações de café alcançaram o recorde de 4,66 milhões de sacas de 60 quilos em novembro, gerando uma receita de US$ 1,34 bilhão, mesmo com acentuados problemas logísticos e de infraestrutura nos portos. Os resultados expressam aumento de volume embarcado de 5,4% em comparação com o mesmo mês de 2023 e de 62,7% em relação à receita, que foi de US$ 825,7 milhões em novembro do ano passado. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (9/12) pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
A receita obtida com os embarques é fruto das altas de preços das sacas de café no mercado internacional, fato que se sobressaiu diante de problemas logísticos. Como comparação, o preço médio da saca de 60 quilos em novembro deste ano foi de mais de US$ 288,12, enquanto no ano anterior era de US$ 186,72. Na série histórica, no 11º mês de 2020, o valor da saca foi de US$ 125,38, segundo o Cecafé.
De acordo com o relatório estatístico mensal da entidade, ainda restando dezembro para apurar o total exportado em 2024, as exportações já chegaram ao recorde anual de 46,4 milhões de sacas, superando em 3,78% o maior volume registrado até então, nos 12 meses de 2020 (44,7 milhões de sacas).
Já na comparação com os resultados de novembro de 2023, a alta dos embarques é de 32,2%, ou 35,1 milhões de sacas.
O desempenho financeiro é ainda mais significativo, destaca o Cecafé. Nos primeiros 11 meses deste ano, o Brasil recebeu US$ 11,30 bilhões com as remessas de café ao exterior, crescimento de 22,3% sobre o maior registro antecedente, de US$ 9,244 bilhões entre janeiro e dezembro de 2022. O volume da receita é 56% maior do que o mesmo intervalo de 2023.
Do montante total durante os primeiros onze meses do ano, 73,2% foi de café arábica, o equivalente a 33,97 milhões de sacas.
Já a espécie canéfora (conilon e robusta) respondeu 18,7% ou 8,7 milhões de sacas embarcadas, representando o maior avanço percentual nos embarques deste ano, ao registrar crescimento de 107,4 pontos na comparação com 2023.
O Brasil exportou, ainda, 3,69 milhões de sacas de café solúvel, 8% do total vendido ao exterior. As remessas do café torrado e moído, porém, representaram apenas 0,1%, equivalente a 43.627 sacas de janeiro a novembro deste ano.
Problemas logísticos
Os atrasos nos portos afligiram exportadores associados da entidade, como informou o presidente do Cecafé, Márcio Ferreira.
“Ao analisarmos a performance das exportações brasileiras de café, na teoria, teríamos motivos somente para comemorar, mas a realidade é um pouco mais cruel. Esse desempenho recorde ocorre devido ao profissionalismo e à criatividade dos exportadores associados ao Cecafé, que buscaram alternativas, como o embarque via break bulk, e vêm arcando com milionários gastos adicionais.”
Em 2024, os muitos atrasos e alterações constantes de escala de navios para exportação, como as frequentes rolagens de cargas, levaram o país a acumular 1,71 milhão de sacas ou 5.203 contêineres do produto não embarcadas de janeiro a outubro deste ano.
“O não embarque desse volume, considerando preço médio da saca e do dólar no período, aponta que o Brasil deixou de receber US$ 489,72 milhões”, informou o relatório do Cecafé.
O cenário é mais agravante quando se analisam os custos adicionais dos exportadores. “Por causa dos entraves logísticos nos portos brasileiros, nossos associados acumularam um ‘prejuízo portuário’ de R$ 7 milhões em outubro, que envolvem gastos extras com armazenagens adicionais, detentions, pré-stacking e antecipação de gates”, afirma Ferreira. No acumulado de 2024, esses valores chegam a R$ 30,4 milhões e indicam que, “mais do que obsoleta, a infraestrutura logística nacional precisa de atenção para que nosso país possa exercer sua excelência no agro”, comenta o presidente da entidade.
Exportações da safra 2024/25
Segundo o relatório do Cecafé, nos cinco primeiros meses do ano safra 2024/25, as exportações do café brasileiro saltaram para 22,02 milhões de sacas e renderam US$ 5,95 bilhões, aumento de 16,5% e 61,4%, respectivamente, se comparado aos meses de julho a novembro de 2023.
Os Estados Unidos, mais um mês consecutivo, foram os que mais compraram café do Brasil no acumulado de 2024, importando 7,42 milhões de sacas de janeiro a novembro, ou 16% de todas as exportações. O valor representa alta de 35% na comparação com os 11 primeiros meses do ano passado.
A Alemanha, com 15,6% de representatividade, adquiriu 7,23 milhões de sacas, ocupando o segundo lugar no ranking de maiores importadores. Atrás dela, vêm Bélgica, responsável por importar 4,07 milhões de sacas.
com a aquisição de 1,11 milhão de sacas do produto, aumento de 177,3% em relação ao intervalo de janeiro a novembro de 2023.
O Vietnã, segundo maior produtor global, aparece na sequência, ampliando suas importações do grão do Brasil, comprando 638,73 mil sacas. As remessas compradas denotam um salto de 389,4% sobre o volume adquirido nos 11 primeiros meses do ano passado.
“Destaca-se, ainda, o desempenho para a Índia, que ampliou em expressivos 1.412,3% suas compras dos cafés in natura do Brasil, para 248,6 mil sacas”, citou o relatório.
De maneira geral, ao analisar o comércio entre blocos, a União Europeia é o que responde por 47,7% dos embarques, liderando a lista de compradores com 22,13 milhões de sacas, alta de 48,4% em relação a igual período de 2023 (Globo Rural)