Com retorno em 2022 nas granjas comerciais, a doença já atingiu aves e bovinos.
Os Estados Unidos lutam contra a gripe aviária, mas cada vez mais ela aparece em novas formas. Após o vírus atacar aves, atingir bovinos, agora chega aos suínos.
Devido à rota de aves migratórias, portadoras do vírus, a gripe aviária retornou ao território americano em fevereiro de 2022.
Desde então, a doença se espalhou por 48 estados do país e já soma 1.192 focos. Deste número, 518 ocorreram em granjas comerciais. Só no mês passado foram 16 novos, nove deles em área comercial.
A persistência e o avanço da doença nos Estados Unidos já obrigaram o produtor a abater 105 milhões de aves.
Em março deste ano, foi detectado o H5N1 em vacas leiteiras. O vírus já se espalhou por 15 estados do território americano, atingindo 404 animais.
Agora aparece, pela primeira vez, em porcos. O primeiro caso ocorreu no estado de Oregon, segundo o Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). Após atingir aves, bovinos e suínos, a preocupação é que a Influenza Aviária chegue cada vez mais perto dos humanos. O vírus híbrido poderia obter características que infectem os humanos com mais facilidade.
Pelo menos 35 pessoas já foram infectadas nos Estados Unidos. A maioria é composta por trabalhadores em fazendas, devido ao contato direto com animais contaminados.
Embora o Usda reafirme a difícil circulação do vírus entre humanos, a chegada da doença nos porcos coloca o sistema produtivo ainda mais em alerta. O controle da doença é difícil, devido ao compartilhamento de aves silvestres com as de criação, e exige muitos investimentos.
O governo americano participa com recursos para implementação da biossegurança, compensação financeira para os contínuos testes nas propriedades e perdas com leite.
Além de aumento de custos internos, os produtores americanos encontram barreiras em alguns países importadores, afetando as receitas externas do setor.
Os Estados Unidos exportaram US$ 5,9 bilhões no setor de carne de frango no ano fiscal de 2022 (outubro de um ano a setembro do seguinte). O valor caiu para US$ 5,4 bilhões neste ano. A China, que importava US$ 1,11 bilhão, reduziu as compras para US$ 476 milhões no período.
O Brasil, maior exportador mundial de carne de frango, continua livre da Influenza Aviária em granjas comerciais, mas o perigo ronda o país desde maio do ano passado, data em que foi detectado o primeiro caso em ave silvestre.
O Ministério da Agricultura já fez 3.501 investigações para detectar a Influenza e a Newcastle. Deste número, foram confirmados 166 focos de gripe aviária e um de Newcastle.
Segundo o ministério, cada foco é uma unidade epidemiológica, onde pelo menos um caso da doença foi confirmado.
Nas análises do governo não consta a doença em granjas comercias do Brasil. Três casos ocorreram em aves de subsistência e 163 em aves silvestres.
Uma eventual chegada da gripe aviária em granjas comerciais brasileiras seria um desastre para a avicultura, uma das principais atividades agropecuárias do país. O governo brasileiro, ao contrário do americano, não teria recursos para reduzir os estragos financeiros do setor (Folha)