Setor é impulsionado em 2023 por ganho de produtividade em meio a abandono de pequenos pecuaristas, diz IBGE.
Após dois anos em queda, a produção de leite no Brasil cresceu 2,4% em 2023, indicam dados divulgados nesta quinta-feira (19/9) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Ao chegar ao patamar de 35,4 bilhões de litros, a atividade bateu recorde na série histórica da PPM (Pesquisa da Pecuária Municipal), iniciada em 1974.
O resultado, diz o IBGE, reflete os ganhos de produtividade dos pecuaristas que conseguiram se manter no setor. Nos últimos anos, a atividade passou por abandono, principalmente de produtores menores, devido à queda nas margens de lucro.
Não à toa, o recorde de produção foi alcançado com número reduzido de animais. Em 2023, o IBGE contabilizou 15,7 milhões de vacas ordenhadas, o menor patamar desde 1979 (14,9 milhões). O rebanho leiteiro do ano passado ficou 0,1% abaixo do registrado em 2022.
“Apesar do acréscimo na produção, ainda é possível observar abandono da atividade, principalmente por produtores menores, devido à margem apertada da atividade”, aponta a PPM.
“O arrendamento da terra para a produção de grãos, atividade em expansão em partes do país, tem sido uma opção para prover melhor retorno financeiro. Outro fator que causou impacto no setor leiteiro, ao longo de 2023, foi a alta importação de leite”, acrescenta a publicação.
O IBGE afirma que o crescimento da produção com um número menor de vacas está associado à tecnologia do setor, que investiu em genética e manejo do rebanho.
A produtividade média foi de 2.259 litros por vaca no ano passado, uma alta de 2,5%. O indicador era de 1.525 litros em 2014.
Na avaliação de Mariana Oliveira, analista da PPM, a atividade passa por uma “mudança de retrato”.
“Com a saída dos pequenos produtores, o que resta para o setor? Os médios e grandes produtores. Eles têm maior possibilidade de investimentos em tecnologias, em insumos, o que resulta no aumento da produção”, disse a técnica em apresentação a jornalistas (Folha)