Balança comercial do setor terá déficit de US$ 42,5 bilhões no ano fiscal de 2025.
A herança da política externa desastrada do beligerante Donald Trump na Presidência dos Estados Unidos continua afetando seriamente os produtores agropecuários do país. É o que mostram dados que acabam de ser divulgados pelo Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos).
As exportações do agronegócio mantêm tendência de queda e deverão recuar para US$ 169,5 bilhões no ano fiscal de 2025 (outubro de 2024 a setembro de 2025). A China, que vem pisando no freio nas compras americanas desde 2018, quando Trump impôs tarifas aos produtos chineses, é uma das responsáveis por essa queda. A preferência do país asiático tem sido pelo Brasil.
Os chineses deverão gastar US$ 24 bilhões no próximo ano fiscal em compras de produtos do setor agropecuário americano, uma perda de US$ 10 bilhões em dois anos. Principal importadora de produtos do agronegócio dos Estados Unidos em 2023, a China recua para o terceiro posto nos anos fiscais de 2024 e de 2025.
O Usda previu também o valor das importações de 2025. Elas deverão atingir o recorde de US$ 212 bilhões. Se confirmadas as exportações e as importações, a balança comercial americana do setor terá déficit de US$ 42,5 bilhões. Neste ano, conforme a revisão dos números feita nesta terça-feira (27) pelo Usda, o déficit será de US$ 30,5 bilhões.
Na avaliação do órgão do governo americano, um dos motivos dessa perda de fôlego das exportações dos EUA são Brasil e outros concorrentes, como a Ucrânia, que ganharam espaço nas compras chinesas.
Os dados da balança comercial do Brasil apontam esse avanço no fornecimento de produtos nacionais para a China, principalmente soja, milho e carnes.
A soja é uma das principais responsáveis pela queda da redução das exportações americanas, já que a oferta dos Estados Unidos enfrenta a forte concorrência do Brasil. As exportações americanas da oleaginosa têm recuperação em 2025, após forte recuo neste ano. Estão previstos 50,4 milhões de toneladas, um volume, porém, ainda inferior ao de 2023.
No caso do milho, a concorrência é com Brasil, Argentina e Ucrânia. Após um 2024 ruim para as exportações do cereal, os americanos voltam ao patamar de 58 milhões de toneladas, reassumindo a liderança mundial. Se a China mantivesse o ritmo anterior de compras nos Estados Unidos, o volume seria bem maior.
No caso do algodão, o recorde das exportações do Brasil restringem a participação americana no mercado internacional, afirma o Usda. Após receitas de US$ 6,1 bilhões de 2023, os americanos terão US$ 5,4 bilhões neste ano fiscal e US$ 4,5 bilhões no próximo. As exportações somam 2,6 milhões de toneladas.
Nas carnes, os americanos vão colocar um volume maior no mercado externo no setor de suínos, mas recuam em frangos e bovinos. A China tem dado preferência para compras dessas proteínas no Brasil.
Os americanos ganham mercado, no entanto, nas vendas externas de frutas e de vegetais frescos e nas exportações desses produtos processados. Um setor de pouca representatividade no Brasil, deve somar US$ 41,5 bilhões para os americanos em 2025, conforme dados ainda provisórios do órgão.
Além da concorrência de outros competidores no mercado internacional, o Usda atribui a queda nas exportações à produção menor de alguns produtos e ao recuo nos preços internacionais.
Máquinas agrícolas
Os argentinos estão com recuperação de produção de grãos neste ano, após a forte seca do período anterior. Apesar disso, a renda continua fraca. Essa queda de faturamento agrícola resulta em investimento menor em maquinário agrícola.
No primeiro semestre deste ano, os argentinos compraram 2.887 tratores, 29% a menos do que em igual período do ano passado. A compra de colheitadeiras foi reduzida para 325 unidades, 19% a menos no ano, segundo dados do Indec, o instituto oficial de estatísticas do país (Folha)