Por Talita Cury
Entenda como o campo vem sendo impulsionado por inovações tecnológicas que buscam dar respostas à demanda crescente por alimentos.
As projeções da Organização das Nações Unidas (ONU) indicam que a população mundial deverá atingir 8,5 bilhões de pessoas em 2030. Como conseguiremos alimentar essa quantidade crescente de indivíduos sem comprometer nosso meio ambiente? A solução não está em escolher entre natureza e agricultura, mas sim em integrar a natureza em benefício da agricultura. Nesse contexto, os bioinsumos brasileiros se destacam como uma das principais alternativas para a construção da Agricultura do Futuro.
Nos últimos anos, a agricultura brasileira passou por uma transformação notável, impulsionada por inovações tecnológicas que buscam aumentar a produtividade de maneira sustentável. Para enfrentar o desafio global de produção de alimentos, é essencial investir em tecnologias voltadas para a nutrição e proteção das plantas. Isso permitirá maximizar o potencial genético das cultivares, elevando a produtividade sem expandir a área cultivada. Nesse sentido, uma nutrição bem gerida é fundamental para o desempenho das lavouras.
Os bioinsumos, que incluem microrganismos vivos como bactérias e fungos, além de seus metabólitos e extratos de plantas, oferecem uma abordagem inovadora e complementar ao manejo agrícola. Esses produtos desempenham diversas funções, como a solubilização de nutrientes e o controle eficaz de pragas, doenças e fitonematoides. Ademais, os bioinsumos promovem uma melhoria significativa na microbiota do solo, impactando positivamente sua saúde.
O Brasil, com sua vasta extensão territorial e rica biodiversidade, abriga mais de 20% das espécies do planeta, criando um ambiente propício para a prospecção e multiplicação de ingredientes ativos biológicos.
O pioneirismo brasileiro na pesquisa e adoção de bioinsumos é evidenciado por um crescimento anual de 21% no setor nos últimos três anos, quatro vezes superior à média global. Esse crescimento robusto reafirma o papel de liderança do Brasil na inovação e expansão desse mercado, destacando sua capacidade de promover a sustentabilidade agrícola.
Embora o clima tropical e a diversidade de culturas favoreçam a presença de organismos benéficos, também ampliam o espectro de pragas e fitopatógenos, resultando em uma maior dependência de defensivos químicos.
O uso excessivo e inadequado de produtos químicos tem contribuído para o aumento da resistência de pragas e doenças, demandando mais aplicações ao longo do ciclo das culturas. Nesse cenário, as soluções biológicas têm revolucionado o mercado, oferecendo alternativas eficientes e regenerativas que reduzem a dependência de defensivos químicos.
O destaque do Brasil no desenvolvimento de bioinsumos é impulsionado por uma combinação estratégica de iniciativas públicas e privadas que fomentam a inovação no setor. As empresas estão investindo recursos significativos na criação de novos produtos biológicos, evidenciando um compromisso sólido com a eficácia e inovação dessas soluções.
Além disso, as empresas que adotam os princípios ESG (Environmental, Social, and Governance) se destacam, pois essa agenda reforça a responsabilidade ambiental e social, alinhando-se perfeitamente à produção de bioinsumos. Os resultados incluem a redução dos impactos ambientais, juntamente com uma governança ética que estabelece padrões elevados para o setor.
Além de liderar a pesquisa e desenvolvimento de bioinsumos, o Brasil se torna um exemplo significativo para o mundo sobre como a inovação pode transformar positivamente o setor agrícola. Os bioinsumos serão, sem dúvida, ferramentas essenciais para o sucesso dos agricultores globalmente, simbolizando a conciliação das necessidades atuais com responsabilidade e compromisso com as gerações futuras (Talita Cury é sucessora e faz parte do conselho de administração do Grupo Santa Clara. Também está à frente das relações institucionais da empresa, da estruturação da pasta ESG, do planejamento estratégico, da sucessão familiar dos negócios, além de atuar nos comitês de riscos e de crédito&cobrança. Há 20 anos no setor, ela é advogada com especialização em Direito do Agronegócio e MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas; Forbes)