A utilização de leveduras biotecnológicas para o aumento de produtividade do etanol pode incrementar as receitas das usinas de cana-de-açúcar no Brasil em até U$$ 250 milhões (R$ 1,2 bilhões). A estimativa feita pela Lallemand Biofuels & Distilled Spiritis (LBDS), maior empresa do mundo do setor de biotecnologia para o etanol, leva em consideração o potencial do mercado brasileiro.
A empresa aponta que 82% do etanol de cana-de-açucar produzido no Brasil ainda é proveniente de leveduras convencionais, 10% deriva-se de leveduras biotecnológicas e apenas 8% resultam de leveduras geneticamente modificadas de alta performance. No ano passado a indústria sucroalcooleira produziu cerca de 18 bilhões de litros de etanol.
Dados da LBDS mostram que a biotecnologia de última geração no etanol pode resultar em aumento de até 6% na produtividade do combustível nas biorefinarias de etanol de milho e cana-de-açúcar. O uso de engenharia genética no setor reduz a quantidade de áreas para plantação, diminuindo a pegada de carbono do setor.
Os números foram apresentados este mês durante o CITI ISO DATAGRO NY Sugar & Ethanol Conference. Realizado em Nova Iorque, também conhecido como Sugar Week, o encontro reuniu as maiores empresas do setor sucroalcooleiro do Brasil, da América Latina, da Índia e dos Estados Unidos.
O ponto principal das discussões deste ano foi o papel do etanol dentro das políticas de transição energética, reduzindo o consumo de combustíveis fósseis. A gerente de negócios da LBDS no Brasil, Fernanda Firmino, falou das oportunidades de novos mercados e produtos – SAF (combustível sustentável de aviação), 2GE (etanol de segunda geração) e combustíveis sintéticos.
“Até 2030, há potencial de que 20 a 30% de toda a demanda de SAF do mundo virá do etanol. Serão de 9 a 12 bilhões de litros vindo do setor do etanol. Isso significa uma redução significativa nas emissões do setor de avião, reduzindo sua dependência de combustíveis fósseis”, disse.
A executiva lembra que a produção de etanol de segunda geração não é possível sem biotecnologia, pois leveduras convencionais não fermentam material celulósico, o principal substrato para produção de etanol de segunda geração.
Segundo ela, também há oportunidades para diversificação das usinas de etanol, atuando como biorefinarias. “Por exemplo, a crescente migração de petroquímicos para químicos de base biológica, como o Bioetileno, que é produzido a partir do etanol, disse.
Um dos exemplos trazidos pela empresa durante o evento em Nova Iorque foi quanto ao aumento das receitas das usinas de etanol que usam biotecnologia. Considerando uma moagem de 2 mil toneladas de milho por dia, a empresa estima um potencial de aumento de até R$ 39 milhões por ano na lucratividade das biorrefinarias de etanol que usam biotecnologia, ante as usinas que não utilizam os insumos.