Desafios para o mercado de Fusões e Aquisições (M&A) no Brasil em 2026

Segue comentário de José Luiz Mendes, consultor de finanças corporativas da StoneX:

O mercado de fusões e aquisições (M&A) no Brasil deve entrar em 2026 em um cenário de recuperação moderada. A expectativa é de retomada gradual de apetite por transações, mas com obstáculos persistentes que exigem cautela.

Abaixo quatro desafios para o mercado de fusões e aquisições em 2026:

1) Incerteza política e eleitoral

As eleições presidenciais de 2026 trarão volatilidade. Mudanças no governo podem alterar políticas fiscais, tributárias e de investimento estrangeiro, estimulando ou desestimulando deals (dependendo de quem estiver liderando as pesquisas). O Governo atual pode aumentar políticas populistas, o que pode aumentar as despesas e pressionar o já grave problema fiscal.

2) Juros altos e volatilidade cambial

Mesmo com trajetória de queda, a Selic deve permanecer em patamares elevados, entre 10% e 12% em 2026 (segundo o FOCUS), dependendo do cenário inflacionário local e global. Esse custo de capital elevado aumenta o custo de oportunidade para compradores – que muitas vezes preferem deixar o dinheiro parado, pressiona valuations para baixo e reduz o ímpeto de vendedores, que preferem adiar a venda do seu negócio esperando ofertas melhores.

A volatilidade cambial é outro fator crítico: o real continua suscetível a choques externos (como oscilações de commodities ou novas altas de juros nos EUA), o que pode desestimular investimentos, especialmente de estrangeiros.

3) Tensões geopolíticas e riscos comerciais

Conflitos prolongados (como Ucrânia e Oriente Médio) e tensões comerciais, incluindo o “tarifaço” dos EUA sobre o Brasil, ampliam a percepção de risco-país. A guerra comercial entre EUA e China também afeta cadeias de suprimento e reduz previsibilidade para setores exportadores, como agronegócio, mineração e papel e celulose. Diante desse quadro, investidores tendem a adiar ou redimensionar operações até que haja maior clareza no ambiente global.

4) Empresas endividadas e recuperações judiciais

O Brasil atravessou uma onda recorde de recuperações judiciais em 2024–2025, reflexo direto dos juros altos e da queda de receita em setores intensivos em capital, como agronegócio, varejo, construção e serviços. Esse cenário reduz o universo de empresas atrativas e financeiramente sólidas para aquisição. Fundos de private equity e investidores estratégicos tendem a priorizar targets com balanços robustos.

Conclusão

O ano de 2026 tende a marcar uma retomada gradual do mercado de fusões e aquisições no Brasil, impulsionada por expectativas de estabilização econômica e maior previsibilidade política no médio prazo. No entanto, esse movimento deve vir acompanhado de otimismo moderado, já que persistem incertezas, que podem afetar o ritmo das transações.

Ainda assim, o período pode representar uma janela estratégica de oportunidades. Investidores atentos poderão se beneficiar de valuations mais atrativos e de um ambiente menos competitivo para fazer bons negócios.

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