La Niña deve provocar nova estiagem na região Sul, alertam entidades

Os produtores rurais do Sul do Brasil, especialmente os gaúchos, deverão enfrentar uma nova safra com estiagem neste verão, com temperaturas mais altas e precipitações abaixo da média histórica. No Rio Grande do Sul, as lavouras de milho são as que correm maior risco hídrico, enquanto as plantações de soja ainda podem amenizar possíveis perdas.

Essas foram algumas das conclusões de uma reunião técnica sobre perspectivas e impactos do fenômeno La Niña realizada pela Superintendência do Ministério da Agricultura e Pecuária no Rio Grande do Sul (Mapa/RS), juntamente com a Embrapa e o Instituto Nacional de Meteorologia do Brasil (Inmet), cujos dados foram apresentados nesta quinta-feira (6/11) em Porto Alegre.

Confirmado oficialmente pela NOAA (Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA), o La Niña geralmente causa estiagens no verão no Sul do Brasil, afetando especialmente a produção de grãos. Entre 2021 e 2023, o Rio Grande do Sul foi o Estado que mais sofreu com o fenômeno climático, com três estiagens seguidas durante as safras.

Segundo Glauber Ferreira, meteorologia do Inmet, a previsão é de um La Niña curto e de fraca intensidade. Mesmo assim, seus efeitos deverão ser sentidos nas lavouras.

Dados do Inmet apontam que, entre novembro e janeiro, as precipitações devem ficar, em média, até 50 milímetros (mm) abaixo da média no centro-norte do Rio Grande do Sul, oeste de Paraná e a maior parte de Santa Catarina. O mês mais preocupante é dezembro, quando as precipitações podem ser até 75 mm abaixo do normal para o período.

Além disso, os meses da transição entre a primavera e verão deverão ser ainda mais quentes, com as temperaturas médias até 1ºC mais elevadas do que o esperado. “Com essa combinação de menor quantidade de chuvas e mais calor, a maior parte do Rio Grande do Sul deverá ter déficit hídrico em janeiro, especialmente o sul e o oeste do Estado”, informa Ferreira.

Para Giovani Theisen, pesquisador da Embrapa Clima Temperado, a maior preocupação é com as lavouras de milho. No Rio Grande do Sul, mais de 80% da área esperada com a cultura já foi plantada, e a maior parte das plantações deve passar pela fase crítica de espigamento, quando a produtividade deve ser definida, justamente no final de novembro e em dezembro, época em que a redução de precipitações deve ser maior.

No caso da soja, os picos de sensibilidade, durante a floração, devem ocorrer apenas depois da metade de janeiro e em fevereiro, quando é esperado um retorno à normalidade hídrica.

Momento exige cautela

Para o superintendente do Mapa/RS, José Cleber de Souza, o momento exige cautela para o produtor. “Ainda não há previsão de frustração, mas também não se visualiza a perspectiva de supersafra”, destaca.

De acordo com Souza, até o dia 20 de dezembro é recomendável que o produtor gaúcho faça o plantio da soja para ter melhores resultados de colheita. “Mas, quando possível, ele deve fazer escalonamentos, plantando áreas diferentes a cada 10 dias, para diluir os riscos de perdas”, afirma.

Estratégias de prevenção

Segundo Gilberto Cunha, agrometeorologista da Embrapa Trigo, a melhor forma de prevenir os impactos da falta de chuvas é fazer a rotação de culturas e a gestão efetiva do manejo dos cultivos, entre outras medidas que podem contribuir para a construção de uma melhor capacidade de enfrentamento a longo prazo. Contudo, o especialista destaca que algumas decisões podem ser tomadas na pré-safra para diluir os riscos.

Cunha recomenda duas estratégias: o uso de cultivares de ciclos diferentes e a ampliação do calendário de semeadura, observando o que é preconizado pelo Zoneamento Agrícola de Risco Climático, em escala municipal, conforme o tipo de solo, evitando concentrar todo o plantio no mesmo período.

O chefe-geral da Embrapa Trigo, Jorge Lemainski, chama a atenção para a compactação e o adensamento do solo, que prejudicam a absorção de água. “O nosso problema econômico é precedido de um problema agronômico. E para nos adaptarmos, existem soluções que se chamam boas práticas de manejo e são de conhecimento público”, lembrou Lemainski.

Giovani Theisen, da Embrapa Clima Temperado, sugere que os produtores evitem fazer o preparo convencional do solo, recomendando que se faça uma gradagem leve integrada à subsolagem – técnica que consiste em romper camadas compactadas para melhorar a infiltração de água, permitindo que as raízes se aprofundem.

“Produtores que praticam diversificação de cultivos, que têm solos com teor elevado de matéria orgânica, costumam ter melhores resultados em anos de estiagem”, afirmou Cunha (Globo rural)

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