Por William Waack
A situação ficou um pouco pior: os Estados Unidos saíram mais enfraquecidos e a China, mais fortalecida, pois demonstrou na prática que Trump foi o primeiro a recuar. Donald Trump adotou uma postura dura em relação à China, impondo tarifas tão elevadas que praticamente equivaleram a um embargo comercial.
Além disso, restringiu o acesso do país asiático a tecnologias ocidentais, partindo para uma verdadeira guerra econômica com o conhecido ar de autoconfiança que o caracteriza. No entanto, a China reagiu. Retaliou os Estados Unidos ao suspender a venda de terras raras e interromper a compra de soja de produtores americanos — justamente parte do eleitorado de Trump.
Após meses de hostilidades mútuas, Donald Trump e Xi Jinping anunciaram uma trégua de um ano, pela qual tudo voltaria ao que estava antes. À primeira vista, poderia parecer que toda essa disputa resultou apenas em um retorno ao ponto de partida. Contudo, na realidade, a situação ficou um pouco pior: os Estados Unidos saíram mais enfraquecidos e a China, mais fortalecida, pois demonstrou na prática que Trump foi o primeiro a recuar.
Atualmente, Estados Unidos e China continuam dialogando, mas cada um mantém uma “pistola de grosso calibre” sobre a mesa, prometendo apenas não apontá-la para o outro nos próximos 12 meses. O que ambos deixaram claro é o desejo de reduzir gradualmente a dependência mútua. Esse processo de desacoplamento econômico, porém, é considerado arriscado, complexo e potencialmente disruptivo para a economia mundial.
Os pontos centrais que alimentam o confronto entre as duas potências — por ora restrito ao campo comercial e econômico — permanecem inalterados. Para o Brasil, o cenário também se mantém delicado e perigoso, já que, nessa guerra entre gigantes, nossas principais exportações têm como destino a China, enquanto grande parte dos insumos que sustentam o agronegócio brasileiro vem dos Estados Unidos. Assim, o país tenta, com dificuldade, evitar ter de escolher um lado (CNN Brasil)




